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M(ã)emórias da Maria Mocha

Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.

M(ã)emórias da Maria Mocha

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Abaixo os espelhos da casa de banho!

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(Imagem retirada da internet)

 

Desde que tenho dois filhos adolescentes vaidosos em casa, um dos maiores exercícios físicos que fazemos é a corrida à casa de banho. Temos duas, o que em princípio seria mais que suficiente para uma família de quatro. Mas há momentos em que não é bem assim... Em hora de ponta, formam-se filas para apanhar a vez, qual área circundante de Centro de saúde em madrugada de dia de semana para conseguir consulta.

 

Ela é quem mais monopoliza o espaço. De manhã, para sair de casa é sempre uma luta suja para conseguir tirá-la de frente do espelho. É o cabelo que precisa de ser esticado (sqn, que ela tem o cabelo liso e sedoso como uma japonesa); são os exfoliantes e os cremes (começa cedo a preocupar-se com a hidratação da pele, o que até não é mau); são as lentes de contacto, porque se recusa a ir para a escola de óculos (o que eu acho uma estupidez, já que fica giríssima com óculos); é o tempo em demasia a escovar os dentes com a ilusão de que fiquem de um branco mais imaculado do que o branco das camisolas dos anúncios a detergente da roupa; agora até quer vestir-se na casa de banho (não sei se é por causa da luminosidade ou porque o espelho do quarto não lhe permite a perspetiva de imagem desejada) e veste peça e muda peça e volta a mudar. Grrrrr!!!

 

E por tudo isto, agora sou eu que saio de casa quase sem me olhar ao espelho. Qualquer dia chego ao emprego e tenho a surpresa de alguém me chamar a atenção para uma peça de roupa do avesso ou por ter remelas nos olhos. 

 

Por isso, eu alinharia num movimento com a palavra de ordem: "Abaixo os espelhos da casa de banho!" A sã convivência cá em casa estaria muito facilitada se os espelhos não fizessem parte dos essenciais das casas de banho. Uma coisa do género da imagem, seria o ideal. Ainda por cima esta solução alimentaria o ego e a autoestima para aqueles dias em que acordamos com um mau cabelo. Que tal? 

 

O remédio é brincar com isto, que alivia a expetativa de mais uma semana pela frente em que terei que lidar com o stress das manhãs antes de sair de casa e levar os miúdos à escola e eu própria seguir para o trabalho. Por incrível que pareça, este é um dos momentos mais críticos da minha rotina nos dias de semana. 

 

Boa semana!

 

 

 

Da falta de espelhos em casa

 

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(Imagem retirada do Pinterest. Uma frase "inteligente" para conferir alguma respeitabilidade a isto...  )

 

Hoje apresento-vos a P., uma colega de trabalho. A P. é uma quarentona que por sua iniciativa saiu de um casamento infeliz e procura agora recuperar a juventude feliz que lhe foi negada em vários anos de amor(es) não correspondido(s).

 

A P. diz sem embaraço que nunca amou o marido, que nunca teve sexo prazeroso com o marido, que casou por casar e que se arrependeu de o ter feito. Toda a vida uma mulher obesa, fez guerra aos quilos e conseguiu vencer. É agora magra como sempre quis. É alta, barulhenta, gosta de dar nas vistas, usa um brilhante num dos dentes da frente, apresenta-se ossuda e chupada do jejum imposto pela operação ao estômago que lhe retirou a capacidade de emborcar as toneladas de comida a que estava habituada. Com o jejum forçado, diminuiram-se-lhe as carnes e cresceram-lhe ossos e peles e, assim, a P. descobriu o viciante mundo das operações plásticas. Já retirou quilos de pele dos braços, das pernas, do rabo, das pálpebras, da barriga e deixou o silicone das mamas para o fim (parece que está para breve) porque o SNS não comparticipa e ela tem que amealhar umas coroas para o conseguir fazer. Mas elas, as mamas, também não escapam, já assegurou! Ganhou gosto por roupas justas e insinuantes. Veste frequentemente de preto, aparentando estar constantemente preparada para ir a uma festa e parecendo dizer "com um vestido preto nunca me comprometo". Ou "sou boa comó milho"... Não, não é... Já lá vamos...

 

Quem convive com a P. queixa-se das observações pejorativas que ela faz constantemente sobre os seus aspetos físicos e as suas indumentárias (das colegas). Eu até costumava dizer que isso era só uma defesa de alguém que não gosta de si próprio, com fraca autoestima, desculpabilizando-a. E é! Para mim, o complexo está nela própria, que vive obcecada com a remodelagem total de um corpo de que nunca gostou. Até que chegou o dia em que me calhou a mim...

 

A primeira investida dela, há uns anos, foi dizer que tinha  feito a operação às pálpebras porque estava com os olhos descaídos... (adivinhem!?...) como eu! Que desplante! Mas relevei, respondendo uma graçola qualquer. Eu até sei rir-me de mim própria! Ah, e os meus olhos, garanto, sem contar com a ponta de miopia que os caracteriza desde os meus 18 anos, estão muito bem e recomendam-se, por acaso.

 

Mais recentemente, irrompeu pelo meu gabinete (que até tinha um letreiro na porta a solicitar que não interrompessem porque estava a resolver um assunto importante) e fez-me este comentário: "Ai e tal, aquela selfie que tu colocaste no FB, tão perto. Ficaste com a cara em grande plano. Não pode ser, tens que afastar mais, para não se verem as rugas e não ficares mal". Assim, sem mais!

 

Say what?! Já é demais! Ela ainda lhe toma o gosto, começa a fazer comigo o que faz com as outras colegas e isto não para...

 

E, por isso, eu, com a minha costela minhota, costela por acaso sobrecarregada pelas ralações desse dia, desta vez não deixei de dar uma resposta à altura. Só me faltou perguntar-lhe se não tinha espelhos em casa. Não fui tão clara, mas ainda lhe disse que, apesar da má foto, ainda havia quem ficasse pior do que eu nas fotos do FB. Para bom entendedor... E disse que não se preocupasse, que eu não andava a tentar agradar a ninguém e que o M. gosta de mim tal como eu sou. Toma, que é para aprenderes! Tu, a quem o bisturi ainda não foi competente o suficiente para que alguém te dirija um segundo olhar.

 

Saiu do pé de mim com o rabo entre as pernas!

 

Não me pisem, pessoas, que eu sou brava! Não gosto de espezinhar ninguém, mas não me lixem!

 

É que vou observando cada vez mais que temos pena das circunstâncias de vida das outras pessoas, vamos desculpando as suas indelicadezas, e elas não têm pejo nenhum em deitar uma pessoa abaixo! Detesto isso, porque sou muito cautelosa e empática na forma como me relaciono com as pessoas que se vão cruzando comigo. Sempre me deixei guiar pela máxima de não fazer aos outros o que não gostaria que me fizessem a mim.

 

Eu até aceitaria aquela observação de outra pessoa, mais próxima. Eu, a bem dizer, também não gostei muito da foto mas estou-me positivamente a cagar para isso! Agora da P., que ofende as pessoas de forma gratuita, não! Sou uma pessoa que sabe rir-se de si própria, como disse, e até gosto. Também sei que não sou nenhuma brasa mas também nunca fui feia, e até sempre fui considerada interessante pelo sexo oposto, até porque o interesse está em variadíssimas coisas (presunçosa!!! ). Hoje em dia sei que já tenho marcadas no rosto e no corpo tanto a idade como o sofrimento pelo qual já passei, sei que tenho 6 quilos que gostaria de irradicar, sei isso tudo. Convivo bem com isso. Agora a P. criticar a minha aparência numa miserável selfie do FB? Como é que hei de dizer isto para ser bem clara, sem parecer arrogante?... "Portantos"... A P. é, digamos, um bocadito para o... FEIO... assim COMO UM BODE DESENGONÇADO, mas com uns dentes bonitos, vá! E, apesar disso, nunca me passaria pela cabeça confrontá-la, nem ao de leve, com essa realidade. Chama-se a isso respeito pelo próximo. 

 

Talvez ela agora mostre algum desse respeito. Talvez deixe de espezinhar os outros para se sentir melhor com ela própria. Pelo menos comigo vai pensar duas vezes antes de dizer o que não deve. Ouvirá sempre o que não quer... Não é assim que diz o ditado popular? 

 

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Maria Mocha é o pseudónimo de uma mulher que, de vez em quando, gosta de deixar os pensamentos fluir pela escrita, uma escrita despretensiosa, mas plena dos sentimentos e emoções com que enfrenta a vida. Assim, as criações intelectuais da Maria Mocha publicadas (textos, fotos) têm direitos de autor que a mesma quer ver respeitados e protegidos. Eventuais créditos de textos ou fotos de outros autores serão mencionados. Aos leitores da Maria Mocha um apelo: leiam, reflitam sobre o que leram, comentem, mas não utilizem indevidamente conteúdos deste blog sem autorização prévia da autora. Obrigada.

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