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M(ã)emórias da Maria Mocha

Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.

M(ã)emórias da Maria Mocha

Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.

As rotinas do casamento, o afastamento do casal e a morte do desejo feminino.

 

Porque é que muitas mulheres perdem o interesse sexual durante o casamento?


É recorrente dizer-se que o sexo para os homens é mais uma necessidade física do que para as mulheres. Não concordo. Para nós também é uma necessidade física. O que se passa é que sexo para a mulher não se pode resumir à penetração! Há toda uma envolvência que não pode ser ignorada, sob pena de acontecer aquilo que está patente na pergunta com que iniciei este post.


Uma mulher saudável nunca perde o apetite sexual ao longo da vida, nem sequer na terceira idade (espero eu!). É evidente que há fases de maior e menor apetite sexual, nomeadamente a seguir ao nascimento dos filhos, mas ele nunca desaparece. O problema do desinteresse sexual nas mulheres tem a ver com o facto de o sexo para uma mulher não ser algo mecânico como é para os homens.

 

Quando um homem chega a casa e se deita no sofá a ver televisão enquanto espera que o jantar esteja pronto, janta, deixa o prato em cima da mesa, sai da cozinha sem um mimo ou um toque, assiste mais um pouco de televisão ou vai ao café com os amigos enquanto a mulher fica a arrumar a cozinha e ainda a temperar a carne para o almoço do dia seguinte ou a estender roupa ou a adormecer os filhos, é difícil que quando vão para cama mais tarde, haja clima para sexo do lado feminino.

 

Por isso é que, depois de um dia sem nenhum contacto, mimo ou até um pequeno apontamento (não somos muito exigentes!), é natural que ali ao lado na cama esteja uma mulher fria, sexualmente apática, que estava com esperança que ele a deixasse dormir descansada e não começasse a passar a mão nela no único momento de manifestação de interesse e ligação a ela do dia.

 

É que para a mulher os preliminares começam muito antes de deitar, com a partilha das tarefas domésticas, com um beijo ao acordar ou com um aperto contra a banca da cozinha enquanto ela prepara o jantar, ou com uma apalpadela inesperada enquanto ela se veste para sair ou com um "estás especialmente bonita hoje" ou com aquele olhar enternecido com que ela o surpreendeu naquele momento em que não tinha percebido que ele entrou no quarto das crianças e tinha ficado parado a vê-la a ler uma estória ao filho antes de adormecer. 


Não é o desejo da mulher que diminui ou desaparece ao longo do casamento. É o homem que deixa de conquistar a mulher todos os dias, que mata o desejo ao não fazê-la sentir-se amada e desejada. Nenhuma mulher se sente sexy com um avental e o cabelo desgrenhado a não ser que o seu homem a faça sentir sexy. O casamento é uma conquista diária. E isto é obviamente também verdadeiro no sentido inverso, da mulher em relação ao homem. Os homens também precisam de ser conquistados diariamente. Claro que sim! Mas a versão masculina da coisa deixo para um homem contar.  Quem aceita o repto?

 

(Imagem retirada da net)

 

 

Mulher é bicho complicado!

 

Pois é! Desculpem as minhas congéneres, mas eu estou aqui para dizer as verdades, doa a quem doer. Nós, mulheres, somos mesmo difíceis de entender.

 

Às vezes, só estando no lugar de observadoras isentas é que percebemos as figurinhas que por vezes fazemos com os nossos homens. Lembram-se deste exemplo? Ela até podia ter todas as razões e mais alguma para aquela lamúria toda, mas convenhamos que o beicinho era escusado. 

 

Refiro-me sobretudo àquela tendência de nunca estarmos satisfeitas ou àquela imprevisibilidade desconcertante do "se-é-é-porque-é, se-não-é-é-porque-não-é" ou ainda a mania que temos de ficarmos amuadas porque ele não adivinhou que devia ter atuado daquela determinada forma que nós idealizámos para uma determinada situação, não correspondendo portanto às nossas expetativas.

Mas depois, é tão fácil amolecerem-nos o coração. Um abraço que nos apanhe desprevenidas pode ser o suficiente para resgatar toda a doçura feminina.

 

Um bocado bipolar, o sexo feminino... Dizem que pode ser hormonal... 

 

Por estas e por outras é que se diz com toda a propriedade: "Vá-se lá entender as mulheres!". 

 

(Imagem: http://heyhey-heyyy.tumblr.com) 

 

 

Mulheres e Homens e o autoconceito ao nível da forma física.

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Há diferenças entre homens e mulheres ao nível do autoconceito da forma física? Qual é a representação que uns e outros têm da sua própria imagem corporal?

 

Alguém que conheço, um “rapaz” da minha idade, uma vez, em conversa sobre o envelhecimento e o aumento de peso e outras manifestações corporais da passagem do tempo, disse-me que continuava a ver-se tal e qual como era aos vinte e tal anos, apesar de saber que na realidade, vinte anos volvidos, já não é nada assim. A representação que ele tem dele próprio, apesar de racionalmente ter consciência das marcas deixadas pela idade, é a de um jovem adulto atlético. Curioso e inusitado, não é? Ou nem tanto?

 

Será da forma que ilustra o cartoon humorístico que partilho que se processa a perceção da própria imagem para a maioria dos homens? Com as mulheres sei eu que não funciona assim, como também confirma o cartoon. Nós tendemos a ver-nos com mais defeitos do que aqueles que na realidade temos. A visão do nosso reflexo no espelho pode interferir negativamente em todo um dia, uma semana, uma vida. A beleza é manifestamente sobrevalorizada para (e pelo) sexo feminino. “Cristina, não vais levar a mal, mas beleza é fundamental”. Quem se lembra? Cantado por uma mulher, ironicamente! Enquanto os homens podem ter uma barriguinha que isso até é considerado sexy, nas mulheres é um drama. E por isso passamos a vida a lutar contra a nossa própria natureza e nesse aspeto, e à conta disso, somos complexadas e infelizes grande parte das nossas vidas. Mesmo as que dizem que não!...

 

Acredito que, de um modo geral, por pressão da própria sociedade, a obsessão com a imagem física está presente ao longo de toda a vida de qualquer mulher! Se as rugas, as gorduras localizadas e a celulite próprias da condição feminina aparecem, ou é um drama que temos que erradicar com cremes e dietas e outras mezinhas, ou deixamo-nos vencer por elas mas vivemos eternamente tristes na nossa pele! Temos vergonha de mostrar o corpo, usamos roupas largas e pouco reveladoras, recusamo-nos a usar a balança da casa de banho para não ver o ponteiro a subir, deixamos de tirar fotos, principalmente planos aproximados. Um drama!

 

Quanto aos homens, acredito que se se vêem como uma mulher se vê, é porque têm o cromossoma x hiperdesenvolvido, o que é o mesmo que dizer que são um bocadinho para o efeminado.  E pronto, com isto limitei a possibilidade de ser contrariada nesta teoria. Há por aí algum que se atreva a dizer que se vê com defeitos? Bem me parecia... (Um bocadinho de nonsense para rematar a conversa... Falta de imaginação... 

 

 

"Let's talk about sex, baby"

 

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(Fonte: https://www.facebook.com/Kiss-Kiss-Bang-Bang-369318129821266/)

 

 

Ora vamos lá para mais um rol de lugares-comuns. É que sobre sexo já tudo foi dito por quem sabe do que fala e até com recurso a bibliografia de referência. Valha-nos que por aqui não há pretensões de fazer abordagens académicas. Então, o que é que uma leiga no assunto poderá acrescentar? Provavelmente, nada, a não ser uma perspetiva pessoal. Mas também, sobre este assunto o melhor nem sequer é propriamente falar, certo? Sejamos breves, portanto.

 

Já tive oportunidade de aqui dizer que não concebo sexo sem amor. A intimidade física prazerosa, para mim, só se alcança com intimidade emocional, sentimental, com cumplicidade. E isso conquista-se com tempo de convivência e de vida em comum. Assim, não sendo o conhecimento profundo do outro instantâneo, também as arestas a nível sexual são limadas com tempo e dedicação. Pode levar dias, semanas, meses, anos.

 

Caia-me um raio em cima da cabeça (o que não acontece certamente com o solinho bom que tem estado, razão pela qual eu ponho as coisas nestes termos), se não tenho razão quando afirmo que se a grande percentagem das mulheres fosse usar como barómetro ou indicador a(s) sua(s) primeira(s) vez(es), enfrentariam o sexo ao longo da vida como uma provação, um sacrifício em nome da satisfação do seu homem. Não é automático que uma mulher tenha prazer no ato sexual e essa evidência está ainda mais presente nas primeiras experiências. Muitas pensarão até que a culpa é delas, que elas é que têm algum problema, que são frígidas ou qualquer coisa do género. E, não conseguindo enfrentar o problema falando sobre ele, até porque têm medo que o companheiro se afaste, muitas vezes surge o fingimento e a ilusão de que tudo vai bem. E é assim que temos algumas relações que nunca se resolvem a nível sexual. Depois vêm os filhos e o afastamento é cada vez maior e até começa a ser aceite por ambas as partes como algo natural. É também nesta altura que, em alguns casos, surgem terceiros a ensombrar a relação.

 

O aspeto que eu quero hoje vincar é que é imprescindível esta perceção de que sexo insatisfatório no feminino não é uma fatalidade incontornável, a não ser que questões patológicas estejam envolvidas. Acredito que isto faz toda a diferença na durabilidade de uma relação e no seu fortalecimento.

 

Ou seja: vale a pena falar sobre sexo com o nosso parceiro, no sentido de procurar soluções a dois. Como na canção: 

 

"Let's talk about sex, baby.

Let's talk about you and me..."

 

Com alguma abertura e criatividade, tudo se resolve. Até porque não é justo para o homem viver uma vida inteira enganado, feliz e contente, pensando que sabe tudo o que há para saber do "ofício". Sim, porque hoje a generalidade dos homens preocupa-se com o prazer feminino, benzósdeus! Mesmo assim, não quero assustar os dignos representantes do género masculino nem causar desconfianças conjugais, mas tenho a impressão de que a ilusão de que ela anda a subir aos céus e a ver estrelinhas (quando na realidade só finge muito bem) ainda acontece mais do que possam imaginar. Por via das dúvidas, caso não seja prática habitual, o melhor é promover uma conversinha logo à noite com as respetivas.  E quanto às respetivas, não têm de quê. Sempre às ordens, sisters

 

 

As malas das mulheres...

Meninas? Alguém? 

 

As malas das mulheres. Este sim, é um assunto de importância vital para a humanidade! 

 

As malas das mulheres albergam tudo e mais alguma coisa, mas quando é preciso alguma delas é o cabo dos trabalhos para encontrar. Por isso é que eu, de há uns tempos a esta parte, comecei a levar a sério a tarefa de organizar o conteúdo das minhas malas.

 

"E como é que fizeste isso, sua guru da feminilidade?", perguntam vocês.  

 

Fácil. Passei a separar todos os objetos por temas, digamos. E para isso comprei bolsinhas para tudo. Agora nada anda ao "Deus dará" dentro da minha mala. Existe uma bolsa de artigos de higiene/beleza, medicamentos, documentos, chaves, pens, bolsas para tudo. 

 

E pronto! Hoje vim aqui dar uma dica preciosíssima. Coisa nunca vista, certo?  

 

 

Bom dia! Bom fim-de-semana! 

 

Bono "Mulher do Ano".

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 (Foto googlada)

 

Bono Vox foi o primeiro homem a ser eleito Mulher do Ano pela revista norte americana Glamour. Pelos vistos, tem a ver com o papel dele na luta pelos direitos das mulheres. Percebo a ideia, mas o que eu acho mesmo é que anda por aí tudo à porfia a ver quem inova e surpreende mais nisto da atribuição de prémios.

 

Primeiro o Bob Dylan, agora o Bono Vox. Pergunto: o que virá a seguir que me possa surpreender? Só se for o prémio carreira para a Cicciolina... 

 

Da falta de espelhos em casa

 

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(Imagem retirada do Pinterest. Uma frase "inteligente" para conferir alguma respeitabilidade a isto...  )

 

Hoje apresento-vos a P., uma colega de trabalho. A P. é uma quarentona que por sua iniciativa saiu de um casamento infeliz e procura agora recuperar a juventude feliz que lhe foi negada em vários anos de amor(es) não correspondido(s).

 

A P. diz sem embaraço que nunca amou o marido, que nunca teve sexo prazeroso com o marido, que casou por casar e que se arrependeu de o ter feito. Toda a vida uma mulher obesa, fez guerra aos quilos e conseguiu vencer. É agora magra como sempre quis. É alta, barulhenta, gosta de dar nas vistas, usa um brilhante num dos dentes da frente, apresenta-se ossuda e chupada do jejum imposto pela operação ao estômago que lhe retirou a capacidade de emborcar as toneladas de comida a que estava habituada. Com o jejum forçado, diminuiram-se-lhe as carnes e cresceram-lhe ossos e peles e, assim, a P. descobriu o viciante mundo das operações plásticas. Já retirou quilos de pele dos braços, das pernas, do rabo, das pálpebras, da barriga e deixou o silicone das mamas para o fim (parece que está para breve) porque o SNS não comparticipa e ela tem que amealhar umas coroas para o conseguir fazer. Mas elas, as mamas, também não escapam, já assegurou! Ganhou gosto por roupas justas e insinuantes. Veste frequentemente de preto, aparentando estar constantemente preparada para ir a uma festa e parecendo dizer "com um vestido preto nunca me comprometo". Ou "sou boa comó milho"... Não, não é... Já lá vamos...

 

Quem convive com a P. queixa-se das observações pejorativas que ela faz constantemente sobre os seus aspetos físicos e as suas indumentárias (das colegas). Eu até costumava dizer que isso era só uma defesa de alguém que não gosta de si próprio, com fraca autoestima, desculpabilizando-a. E é! Para mim, o complexo está nela própria, que vive obcecada com a remodelagem total de um corpo de que nunca gostou. Até que chegou o dia em que me calhou a mim...

 

A primeira investida dela, há uns anos, foi dizer que tinha  feito a operação às pálpebras porque estava com os olhos descaídos... (adivinhem!?...) como eu! Que desplante! Mas relevei, respondendo uma graçola qualquer. Eu até sei rir-me de mim própria! Ah, e os meus olhos, garanto, sem contar com a ponta de miopia que os caracteriza desde os meus 18 anos, estão muito bem e recomendam-se, por acaso.

 

Mais recentemente, irrompeu pelo meu gabinete (que até tinha um letreiro na porta a solicitar que não interrompessem porque estava a resolver um assunto importante) e fez-me este comentário: "Ai e tal, aquela selfie que tu colocaste no FB, tão perto. Ficaste com a cara em grande plano. Não pode ser, tens que afastar mais, para não se verem as rugas e não ficares mal". Assim, sem mais!

 

Say what?! Já é demais! Ela ainda lhe toma o gosto, começa a fazer comigo o que faz com as outras colegas e isto não para...

 

E, por isso, eu, com a minha costela minhota, costela por acaso sobrecarregada pelas ralações desse dia, desta vez não deixei de dar uma resposta à altura. Só me faltou perguntar-lhe se não tinha espelhos em casa. Não fui tão clara, mas ainda lhe disse que, apesar da má foto, ainda havia quem ficasse pior do que eu nas fotos do FB. Para bom entendedor... E disse que não se preocupasse, que eu não andava a tentar agradar a ninguém e que o M. gosta de mim tal como eu sou. Toma, que é para aprenderes! Tu, a quem o bisturi ainda não foi competente o suficiente para que alguém te dirija um segundo olhar.

 

Saiu do pé de mim com o rabo entre as pernas!

 

Não me pisem, pessoas, que eu sou brava! Não gosto de espezinhar ninguém, mas não me lixem!

 

É que vou observando cada vez mais que temos pena das circunstâncias de vida das outras pessoas, vamos desculpando as suas indelicadezas, e elas não têm pejo nenhum em deitar uma pessoa abaixo! Detesto isso, porque sou muito cautelosa e empática na forma como me relaciono com as pessoas que se vão cruzando comigo. Sempre me deixei guiar pela máxima de não fazer aos outros o que não gostaria que me fizessem a mim.

 

Eu até aceitaria aquela observação de outra pessoa, mais próxima. Eu, a bem dizer, também não gostei muito da foto mas estou-me positivamente a cagar para isso! Agora da P., que ofende as pessoas de forma gratuita, não! Sou uma pessoa que sabe rir-se de si própria, como disse, e até gosto. Também sei que não sou nenhuma brasa mas também nunca fui feia, e até sempre fui considerada interessante pelo sexo oposto, até porque o interesse está em variadíssimas coisas (presunçosa!!! ). Hoje em dia sei que já tenho marcadas no rosto e no corpo tanto a idade como o sofrimento pelo qual já passei, sei que tenho 6 quilos que gostaria de irradicar, sei isso tudo. Convivo bem com isso. Agora a P. criticar a minha aparência numa miserável selfie do FB? Como é que hei de dizer isto para ser bem clara, sem parecer arrogante?... "Portantos"... A P. é, digamos, um bocadito para o... FEIO... assim COMO UM BODE DESENGONÇADO, mas com uns dentes bonitos, vá! E, apesar disso, nunca me passaria pela cabeça confrontá-la, nem ao de leve, com essa realidade. Chama-se a isso respeito pelo próximo. 

 

Talvez ela agora mostre algum desse respeito. Talvez deixe de espezinhar os outros para se sentir melhor com ela própria. Pelo menos comigo vai pensar duas vezes antes de dizer o que não deve. Ouvirá sempre o que não quer... Não é assim que diz o ditado popular? 

 

Dei de caras com um energúmeno!

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Ontem fomos jantar fora, a uma festa. É claro que nestas alturas encontramos resmas de pessoas, algumas delas conhecidos com quem habitualmente não convivemos, felizmente. Nestas ocasiões somos obrigados a encetar algum tipo de conversa de circunstância com quem calhar, como é normal.

 

O que não é normal, em pleno século XXI, é que os discursos e comportamentos de certas pessoas pudessem ser tão retrógrados, tendo estagnado na primeira metade do século passado. Sim, porque trata-se de um homem na casa dos 40 do pós verão de 69, de Woodstock, da paz e o amor apregoada, do 25 de abril de 74. Um homem que cresceu, como eu, na segunda metade do século XX, com liberdade, democracia, emancipação da mulher a vários níveis, seja nos papéis de género desempenhados no casamento, no emprego, na forma como nós mulheres vivemos e usufruimos a nossa sexualidade, eu sei lá! 

 

Ora, este imbecil, a propósito de não estar acompanhado da mulher na festa, de entre as pérolas proferidas, vomitou que "mais valia só do que mal acompanhado" e, não sei como, a conversa derivou para afirmações de que conhecia e frequentava todas as danceterias da região e arredores (às quais vai sem a mulher, pois claro!). E pior: vaidosão, parecia crescer ao contar as suas aventuras, parecia achar que estava a dizer algo de que se devia orgulhar. 

 

É um energúmeno ou não é um energúmeno? Pergunto: O que é que ele está a fazer casado com a mulher dele? E que raio de mulher completamente anulada é esta? Ontem, realmente parece que recuei no tempo. Silly me! Pensei que já não existiam espécimes destes, nem homens como ele nem mulheres como a mulher dele. 

Tiradas familiares #1 (B - Igualdade de géneros)

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Esta família é fértil em tiradas que têm tanto de inspiradas e passíveis de reflexão como de desconcertantes e humorísticas. Por isso, vou começar a trazer para aqui esse repertório, acima de tudo para mais tarde, cá em casa, recordar(mos). 

 

O que inspirou esta ideia foi aquela frase da minha filha, num dos meus momentos dedicados à jardinagem, em agosto, no minho:

Ela, indignadíssima, do alto da sua condição de mulher: "não tens vergonha de estar aqui a jardinar enquanto o pai está lá dentro deitado?"

 

E pronto, hoje fico-me por esta pérola já partilhada, uma das suas tiradas em defesa da emancipação feminina e da luta pela igualdade de géneros. Ora aí está! Criei uma feminista!

Hoje é dia de sapatos sem salto?

 

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Ui! Não cumpri!

É muito difícil para mim sair à rua sem um salto minimamente respeitável. No dia-a-dia também não pode ser um salto de 20 cm ou “stiletto shoes”, mas um bocadinho de salto é fundamental. Quando nos habituamos aos saltos, é difícil andar com sapatos rasos. Sentimo-nos como umas “patas chocas”! Além disso, sabendo escolher, os sapatos de salto alto até podem ser bastante confortáveis! 

O meu namorado não me deu flores…

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O meu “namorado” de há 25 anos, mais uma vez, não me deu flores. Ele não é dessas coisas! Nunca foi um homem romântico, nem é dado a manifestações públicas de carinho. Antigamente eu ressentia-me com isso e fazia questão de que esse ressentimento fosse bem notado. Como nunca fui uma pessoa amorfa, fazia birras, beicinho, “pés-de-vento”, ao ponto de ele se sentir na obrigação de aceder ao meu desejo adolescente de ter uma atenção especial no dia 14 de fevereiro. Ou seja, quando o fez – quando registou de alguma forma este dia, admito que foi mesmo por obrigação. Hoje, genuinamente, já não ligo a esta data. Mas tenho que reconhecer que ele não é, neste aspeto, realmente, o namorado perfeito…

 

E, no entanto, ele é o melhor namorado, marido, pai dos meus filhos, companheiro, amigo, amante, que eu poderia ter tido.

Porque sei que me continua a amar com todos os meus defeitos, assim como eu o amo a ele;

Porque eu não sou fácil e ele atura as minhas neuras e mudanças de humor, sem vacilar;

Porque me é e sempre foi fiel (uma mulher sabe!);

Porque ainda me faz sentir desejada e sexy, tantos anos e alguns quilos e rugas depois;

Porque não é nada egoísta no que diz respeito à nossa vida sexual e porque me ensinou a adorar ser mulher e a viver a minha sexualidade de forma plena;

Porque gosta da vida familiar, é caseiro e não troca um fim de tarde ou serão em família por uma ida ao café para beber cervejas e contar piadas de gajas (só vai ver a bola, mas é cada vez mais raro fazê-lo e quando vai, leva o filho ou vamos mesmo todos, já que todos gostamos de futebol);

Porque foi ele que, encenando uma aparente normalidade no ato, me cortou o cabelo quando este começou a cair com os efeitos da quimioterapia, enquanto eu chorava e ele (acredito que a chorar por dentro) tentava desvalorizar esse momento tão duro para mim, como certamente o é para qualquer mulher;

Porque me ajudou (por acaso, foi ele e os meus filhos!) a escolher a peruca que usei durante mais de 6 meses durante os tratamentos, e cuja visão e cheiro ainda hoje não suporto, mas que tenho cuidadosamente guardada, escondida no fundo do armário, para qualquer eventualidade;

Porque nunca deixou de me desejar, nunca permitiu que eu me sentisse feia, mesmo careca, inchada e com todas as outras marcas dos tratamentos;

Porque me acompanhou a todos os médicos e consultas e permaneceu junto de mim durante os dias infindáveis de tratamentos na dura batalha contra o cancro; ainda hoje me continua a acompanhar a todos as deslocações que se relacionem com o meu estado de saúde;

Porque há 5 anos, na perspectiva de poder ter que vir a fazer uma mastectomia (o que não veio a acontecer), me disse que isso não era importante para ele, que essa eventualidade não mudaria nada no que ele sentia por mim e que o importante era que eu ficasse curada, mesmo que o caminho fosse esse (não me esqueço de relatos e das leituras que fiz de testemunhos de tantas mulheres abandonadas por bestas nesta fase tão difícil, quando elas mais precisam de apoio e de se sentir amadas!);

Etc, etc, etc...

 

Pois é, o meu namorado não é perfeito! Não me dá flores no Dia dos Namorados!... Mas é o melhor namorado do mundo nos restantes dias do ano, desde há 25 anos, e eu não podia ter um namorado melhor! Bem, e sem qualquer humildade digo: acho que também faço por merecê-lo.

 

Nota final: A foto é ilustrativa do nosso Dia dos Namorados de hoje: em família, os quatro, em pijama, embrulhados em mantas, a ver um filme sobre a 2ª Guerra Mundial, “Jacob, o mentiroso”, com o Robin Williams (é habitual fazermos sessões cinéfilas educativas para os filhos). Não há flores que paguem isto!

Portugueses e portuguesas.

Este MEC é o máximo! Já leram este texto?

https://www.publico.pt/sociedade/noticia/calemse-1723007

 

Está bem visto! Também já tinha reparado neste tique de linguagem dos últimos tempos. Parece que hoje em dia corremos o risco de ser considerados os piores inimigos do género feminino se não dissermos portugueses e portuguesas.

Portugueses somos todos, homens e mulheres! A língua portuguesa (e não português, note-se!) convencionou que fosse assim, evoluiu dessa forma. Não me sinto menos digna na minha identidade de género por ser assim. Nós mulheres já não temos que provar nada ao nível da igualdade de género.

Get over it! Sisters rule!

 

Por acaso, esta "moda" traz-me à lembrança a reivindicação da Natália Correia (se não me engano, acho que foi ela), de que Portugal fosse terra Mátria e não Pátria. Só que aí pelo menos tínhamos um trocadilho interessante e inteligente. Já desconsiderar as marcas e convenções da língua portuguesa não me parece nada inteligente.

 

 

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Maria Mocha é o pseudónimo de uma mulher que, de vez em quando, gosta de deixar os pensamentos fluir pela escrita, uma escrita despretensiosa, mas plena dos sentimentos e emoções com que enfrenta a vida. Assim, as criações intelectuais da Maria Mocha publicadas (textos, fotos) têm direitos de autor que a mesma quer ver respeitados e protegidos. Eventuais créditos de textos ou fotos de outros autores serão mencionados. Aos leitores da Maria Mocha um apelo: leiam, reflitam sobre o que leram, comentem, mas não utilizem indevidamente conteúdos deste blog sem autorização prévia da autora. Obrigada.

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