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M(ã)emórias da Maria Mocha

Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.

M(ã)emórias da Maria Mocha

Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.

Sobre mim: a malcriadona!

 

Se há coisa que detesto é que me apareçam a bater à porta desconhecidos para me impingir alguma coisa. Seja um vendedor para propor uma transação comercial, sejam os jeovás para me apresentarem o paraíso, seja quem for. Até mesmo conhecidos, às vezes não me cai bem que apareçam sem avisar para alterar a minha rotina e invadir a minha privacidade. Gosto de visitas, sim, mas planeadas e combinadas. Fora isso, gosto de usufruir do sossego da minha casa, lá está!, em sossego. 

 

Um dia destes calhou aparecer um indivíduo da eletricidade, que eu nem sequer cheguei a ver, por sinal. Está a pessoa no seu lar, em t-shirt e cuecas a pavonear orgulhosamente a sua celulite, no curto tempo ao fim do dia em que consegue usufruir da sua casa, e aparece-lhe alguém a atrapalhar, o que é que a pessoa faz? Esta pessoa pergunta quem é sem abrir a porta, ouve a resposta, pede imensa desculpa e diz que respeita muito o trabalho do indivíduo mas naquele momento não pode abrir sequer a porta e atender porque está em trajes menores. Tudo verdade! E do outro lado? Uma reação de desconcerto e um pequeno esgar de riso quase inaudível. Foi evidente que nunca lhe tinham apresentado o argumento da (semi)nudez... Mas, sem mais insistência, lá se foi. 

 

Por isso, já sabem. Se não quiserem ser incomodados(as), não cheguem sequer a abrir a porta e digam que estão nus, para não dar hipótese de começarem a desenrolar-vos o fio de uma conversa que depois é mais difícil interromper. Esse é o segredo. Malcriada? Bicho do mato? Não quero saber! Hoje em dia já só abro a porta se, e quando, eu quero e a quem eu quero. Seja a porta de casa, seja a do coração. Literal e metaforicamente, portanto!  Malcriadoooona!!! 

 

 

(Imagem: http://www.cacodarosa.com/admin/fotos_noticias/15_01_2015_jgmiokek.jpg)

 

 

Quarta-feira de cinzas e de renascimento.

Sobre o dia de hoje:

 

É quarta-feira de cinzas (é assim que se chama, não é?) e, como tal, terminou a autorização para as grandes manifestações de alegria, porque começa a quaresma com toda aquela tradição religiosa que felizmente vai caindo em desuso. Eu ainda sou do tempo em que, na minha terra, na quaresma, não se podia, por exemplo, comer carne hoje e nas sextas-feiras seguintes, que antecedem a Páscoa, tradição que na minha casa se cumpriu escrupulosamente, até determinada altura. Depois começámos a perceber que quem pagava ao padre, à igreja, o podia fazer (comer carne, entenda-se). Ou seja, podia-se comprar o pecado. Pecava-se, mas reservava-se na mesma um lugar no céu com a dízima. Não sei se entretanto as regras mudaram ou se foi de nossa iniciativa, o que é certo é que, lá em casa, deixámos de ligar à imposição de jejuar mas nunca pagámos nada a ninguém. Cá está uma daquelas coisas que afasta fiéis... se o povo puxar um bocadinho pela cabeça. 

 

Àparte as questões religiosas, hoje é mesmo quarta-feira sem riso e alegria, para mim, pelo menos até mais logo. É dia de ir fazer a mamografia anual e ficar a saber se ganhei mais um ano. Não se choquem. É mesmo assim. Depois de se ter cancro, contamos os anos daquilo a que os médicos chamam de sobrevida. Eu já conto seis. Este é sempre, como se adivinha, um dia de grande nervosismo e ansiedade. Desejem-me sorte.

 

Hoje inicia-se também aquele mês que marca para mim o início do florescimento pessoal, em que me começo a encher de vitalidade. Março da Primavera, março também da minha primeira incursão na maternidade. Como as flores do campo que começam agora a despontar nas bermas e valados dos nossos caminhos, também eu hoje posso ser fénix renascida das cinzas desta quarta-feira. Se tudo estiver bem mais logo, a partir de agora tudo só pode melhorar.  Acredito! 

 

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 (Imagem: Pinterest)

 

 

 

Sobre mim: o animal feroz.

 

Um dia, já há uns bons anos, um colaborador lá no emprego, grande admirador da forma como eu liderava a organização e geria o estaminé, numa reunião de trabalho teceu-me o que ele considerava ser um grande elogio: comparou-me a uma figura proeminente da vida política portuguesa à época, de quem era grande admirador. Adivinham quem? Esse mesmo: o animal (cada vez menos) feroz do José Sócrates, hoje fera em vias de poder vir a ser enjaulada. Confusões à parte, não sei se deveria ter ficado contente ou triste com o elogio. Mas eu percebi o alcance das suas palavras e, admirem-se, até apreciei a comparação. 

 

Bem, o que é certo é que hoje me sinto cada vez menos feroz. Como ele, por motivos bem diferentes (descansem!), continuo a estrebuchar, a esbracejar para me manter à tona. Mas começa a ser muito difícil. Sinto-me uma presa acossada, rodeada de predadores, numa selva hostil. Dias e mais dias de situações difíceis sucedem-se e elas têm-me sugado todas as energias, implacáveis. Chego impreterivelmente a casa ao fim do dia, dia sim dia sim, com vontade de me deitar no quarto às escuras e desligar do mundo. Mas continuo. Tem que ser. Muitas pessoas dependem de mim. Só mais o jantar e mais um sermão aos miúdos e não me posso esquecer que tenho que lhes retirar o telemóvel e outras distrações porque estão a desperdiçar tempo útil de estudo. Não posso desistir dos meus filhos. Deles, não me demito. E no dia seguinte, levanto-me e enfrento mais um dia com normalidade aparente, repetindo a mim própria que tenho que ser forte. Nunca fui de desistir de nada, não vai ser agora. E vou a caminho do trabalho e penso no que me poderá estar reservado neste dia. Um dia de cada vez. Mas estou esgotada. Queria poder abraçar a minha mãe. 

 

Talvez só me faltem amigos tão fiéis como os do Sócrates, que me oferecessem umas férias num destino paradisíaco por tempo indeterminado. Mas talvez aí resida uma das grandes diferenças entre nós... Não tenho amigos dessa envergadura. 

 

Isto não é uma lamúria. Sou só eu a pensar em voz alta. Na volta, se calhar é só o inverno que já vai demasiado longo...

 

 

 

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Maria Mocha é o pseudónimo de uma mulher que, de vez em quando, gosta de deixar os pensamentos fluir pela escrita, uma escrita despretensiosa, mas plena dos sentimentos e emoções com que enfrenta a vida. Assim, as criações intelectuais da Maria Mocha publicadas (textos, fotos) têm direitos de autor que a mesma quer ver respeitados e protegidos. Eventuais créditos de textos ou fotos de outros autores serão mencionados. Aos leitores da Maria Mocha um apelo: leiam, reflitam sobre o que leram, comentem, mas não utilizem indevidamente conteúdos deste blog sem autorização prévia da autora. Obrigada.

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