Balanço da quadra natalícia: a saga das prendas.
Este ano fizemos contenção de despesas cá em casa. E fizémo-la por várias razões, entre as quais a perspetiva de investir na mudança de casa e a perceção cada vez mais consciente de que estamos a criar os miúdos na crença de que tudo é fácil de obter sem esforço. Esta segunda razão foi definitivamente a que pesou mais na nossa decisão.
Ambos queriam como prenda de Natal senão a última versão do iphone, andava lá perto. Era um modelo de um número qualquer XPTO que eu não fixei (acho graça a esta coisa de os modelos irem avançando nos números...). Não receberam nada disso, claro. Receberam presentes mais em conta, que acabaram por ser eles a escolher dentro do orçamento que definimos. E explicámos porquê. Explicámos-lhes que o preço de um telemóvel daqueles ultrapassa o que muitas famílias têm para gerir de orçamento familiar mensal. Explicámos o difícil que deverá ser viver com o salário mínimo e conseguir colocar comida na mesa todos os dias aos filhos e vesti-los com essa miséria de ordenado. Dissemos-lhes que era imoral gastar essa verba num telemóvel, apesar de o podermos fazer.
Foram vencidos, mas nem por isso muito convencidos. Esta é mesmo uma geração de insatisfeitos crónicos. Acho que a sociedade devia mesmo pôr os olhos neste problema. É que nós cá em casa resolvemos o problema desta maneira, mas já sei que o próximo passo será os meus filhos nos confrontarem com as prendas recebidas pelo amigo X, Y e Z, que receberam tudo aquilo que eles queriam e até têm más notas e chumbam na escola e eles têm boas notas e blá blá blá. É difícil gerir isto...