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M(ã)emórias da Maria Mocha

Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.

M(ã)emórias da Maria Mocha

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Das máscaras...

 

"Ao longo do teu caminho conhecerás, todos os dias, milhões de máscaras e pouquíssimos rostos."
                                                                                                                                      Luigi Pirandello

 

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Em casa, em tons de cinzento!

Hoje umas confissões e, ao mesmo tempo, um pedido. Pode ser? Sim? Sim?... Não? (Lá vem esta com as neuras dela e logo à segunda-feira! Só nos faltava isto agora...) Então está bem, eu conto-vos tudo. 

 

Depositei muitas expetativas nestes dias cá em cima. Agora que cá estou, ainda sinto mais profundamente essa vontade de que esta curta estada valha muito a pena. Estou mesmo assoberbada com essa ideia. É por isso que hoje não me apetece cumprir a rubrica habitual de segunda-feira. Peço desculpa, mas hoje só me apetece "gritar" que finalmente estou longe da rotina e de alguns, só alguns, dos problemas que me têm vindo a sugar todas as energias. Serão só dois dias, mas é melhor que nada. 

 

Se não conseguir vir aqui com regularidade, hoje e amanhã, é porque estou a tentar recuperar alguma sanidade mental e a alegria que me têm vindo progressivamente a abandonar nos últimos tempos. Tenho andado insuportável, vocês é que não sabem. Não tem sido fácil conviver comigo ultimamente. Nem eu já me aguento... Também é certo que a vida não me tem facilitado nada! Enfim...

 

Entao, já sabem. Hoje e amanhã estarei obsessivamente a respirar estes ares do norte, a absorver estes cheiros (os que a rinite me permitir, essa p#¥@ que, juntamente com a sua parceira asma, me persegue para todo o lado e até me retira o olfato). Estarei a tentar recarregar baterias para voltar a ser a pessoa combativa e resiliente que sempre fui, naturalmente, sem forçar, como começa a acontecer

 

O Minho recebeu-me molhado e em tons de cinzento  (grey, estão a ver?). Pronto, assim fica o apontamento, muito bem conseguido (cof cof cof), sobre o tema que era devido, ainda que a minha intenção fosse literal, como se pode ver na foto. Faz de conta que estamos perante uma mensagem subliminar. Só que não estamos, a sério que não estamos. É mesmo chuva, também ela a lembrar que estou no Minho. Pode ser que seja isso que falta para lavar as más ondas e vibrações da minha vida. 

 

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Curtir o Carnaval?

 

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Nunca gostei do Carnaval. Só me mascarei uma vez, de sevilhana, em criança, e foi porque a minha mãe insistiu. Não me sinto bem com máscaras. Sinto-me ridícula. E também não gosto de me divertir de acordo com a agenda imposta por comemorações e festividades. Sempre me fez alguma confusão que, de repente, no dia de Carnaval, o povo triste se transforme em folião pelas ruas das terras com tradição carnavalesca. E o que dizer da tradição tão portuguesa do samba e das mini-fantasias acaloradas com brilhos e penas em pleno inverno? Mil vezes as matrafonas, que são verdadeiramente nossas! Carnaval por Carnaval, antes o tipicamente português. 

 

Mas sinceramente, curtir o Carnaval? Só com muita boa vontade, mesmo! E até essa escasseia ultimamente... Mas pronto, vou assistir a um desfile de Carnaval mais logo. Lá terá que ser... 

 

E por aí, há muitos foliões? 

 

 

8 de março: DIA SEM MULHER!

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Portugal juntou-se à Paralisação Internacional de Mulheres! No dia 8 de março, eu também não me calo!

 

Um relatório da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego de 2016 apontava que em Portugal 70% das mulheres acham justo o trabalho doméstico que realizam quando "em média, elas dedicam 4,23 horas diárias, contra 2,38 horas dos homens a este tipo de trabalho não remunerado. Somando o trabalho pago e não pago, o estudo conclui que, em média, as mulheres trabalham, em cada dia útil, mais 1,13 horas do que os homens." in Expresso

 

(Fonte da notícia e imagem: https://www.facebook.com/8M-Portugal-1838685399723173/)

 

 

148 anos sobre a abolição da escravatura nos domínios portugueses

 

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Neste dia, em 1869, era decretada a extinção da escravatura em todos os domínios portugueses.

 

‘Todos os indivíduos dos dois sexos, sem exceção alguma, que no mencionado dia se acharem na condição de escravos passarão à de libertos e gozarão de todos os direitos e ficarão sujeitos a todos os deveres concedidos e impostos aos libertos pelo Decreto de 19 de dezembro de 1854.’

 

(Fonte: https://www.facebook.com/canaldehistoriapt/)

 

 

Habemus Papam!

 

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Gosto deste Papa. Um Papa que chama os bois pelos nomes, que não cede a hipocrisias. Um Papa que me parece estar a tentar credibilizar a própria Igreja, a renová-la e aproximá-la das reais preocupações dos povos, nomeadamente dos pobres e desfavorecidos. Uma espécie de regresso às origens, àquilo que a Igreja tem na sua génese defender e nem sempre tem defendido.

 

Ontem o Papa deixou mais uma vez a sua marca, ao criticar a hipocrisia de muitos que se dizem católicos mas que na sua vida e na sua relação com os outros e com o dinheiro não praticam os mandamentos do cristianismo.  Fala em exploradores, empresários que não dão salários dignos aos empregados, pessoas que têm negócios sujos e se aproveitam dos outros.

 

Eu cá lembrei-me também dos ratos de sacristia que a mim me "dão nos nervos", porque por norma são maus como as cobras. Conheço alguns. Pensam que são santos por frequentarem a Igreja, assistirem à missa e confessarem-se. Até assumem um certo ascendente moral em relação ao comum dos mortais, pecadores, como eu. E depois são tão, mas tão, mauzinhos para as outras pessoas. Tantas carapuças devem ter assentado como uma luva, ontem... 

 

Partilho então a notícia que encontrei aqui (e a foto também é daí, já agora):

 

"O papa Francisco criticou esta quinta-feira "a vida dupla" de algumas pessoas que se dizem "muito católicas", mas depois fazem "negócios sujos" e "aproveitam-se das pessoas".

"O que é um escândalo? É dizer uma coisa e fazer outra, é a vida dupla. 'Eu sou muito católico, vou sempre à missa, pertenço a esta ou à outra associação, mas a minha vida não é cristã, não pago com justiça aos meus empregados, aproveito-me das pessoas, faço negócios sujos'", criticou o papa, durante a missa da manhã na sua residência de Casa Santa Marta.

Francisco disse, citado pela Radio Vaticana, que "muitos católicos são assim" e que, por isso mesmo, causam "escândalo".

"Quantas vezes ouvimos, todos nós, no nosso bairro e noutras partes, 'para ser um católico como esse, era melhor ser ateu'? É esse o escândalo. Destrói-nos, deita-nos por terra", lamentou.

Francisco deu como exemplo o caso de um empresário católico que estava de férias numa praia do Médio Oriente enquanto os trabalhadores da sua companhia, quase falida, ameaçavam fazer uma "greve justa" porque não recebiam os salários.

O papa recordou que isto acontece "todos os dias" e que, para nos darmos conta disso, "basta ver o telejornal ou ler os jornais"."

 

 

Avance para o próximo post, que aqui não aprende nada.

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Não abram. Não vale a pena. A sério. Não se demorem por aqui, que não há nada de novo. 

 

Andei por aqui a dar voltas à cabeça. Continuo com o mesmo desânimo, mas queria, apesar de tudo, dar-vos coisa alegre. Queria dar-vos uma mão cheia de boa disposição e uma boa dose de humor. Queria fazer-vos rir na esperança de que também eu saísse deste estado letárgico em que me encontro e que tem vindo progressivamente, nos últimos dias, a tomar conta de mim. Mas não sei fingir...

 

Sinto-me invadida por uma sensação de desamparo, vazio, desorientação inextinguíveis.Talvez seja sobretudo cansaço, como muitos de vós aflorastes!

 

Cansaço de mim, que sou uma sombra do que fui.

Cansaço de lutar contra a maré em todas as frentes da minha vida.

Cansaço de aparentar ser a fortaleza que não sou.

Cansaço desta vida cinzenta, de responsabilidades e trabalhos pouco partilhados.

Cansaço de não encontrar tempo para dar cor aos dias cinzentões, sempre iguais.

Cansaço da rotina de um emprego cada vez mais desmotivante e desanimador.

Cansaço de tudo e de todos.

Cansaço de nada.

Cansaço! 

 

Quero urgentemente tirar uns dias de descanso. Preciso mesmo. No próximo fim-de-semana vou fazer ponte. Sempre são quatro dias sem o stress habitual. E vou ao Ninho Minho! Entretanto, oxalá hoje tenha uma vitória qualquer, um mimo inesperado, qualquer coisa que me anime. Qualquer coisa, mesmo pequenina, só para aguentar até ao fim-de-semana sem vos atormentar mais com as minhas cenas. 

 

(Imagem: https://www.facebook.com/gifporn1/?fref=ts)

 

 

Sobre mim: o animal feroz.

 

Um dia, já há uns bons anos, um colaborador lá no emprego, grande admirador da forma como eu liderava a organização e geria o estaminé, numa reunião de trabalho teceu-me o que ele considerava ser um grande elogio: comparou-me a uma figura proeminente da vida política portuguesa à época, de quem era grande admirador. Adivinham quem? Esse mesmo: o animal (cada vez menos) feroz do José Sócrates, hoje fera em vias de poder vir a ser enjaulada. Confusões à parte, não sei se deveria ter ficado contente ou triste com o elogio. Mas eu percebi o alcance das suas palavras e, admirem-se, até apreciei a comparação. 

 

Bem, o que é certo é que hoje me sinto cada vez menos feroz. Como ele, por motivos bem diferentes (descansem!), continuo a estrebuchar, a esbracejar para me manter à tona. Mas começa a ser muito difícil. Sinto-me uma presa acossada, rodeada de predadores, numa selva hostil. Dias e mais dias de situações difíceis sucedem-se e elas têm-me sugado todas as energias, implacáveis. Chego impreterivelmente a casa ao fim do dia, dia sim dia sim, com vontade de me deitar no quarto às escuras e desligar do mundo. Mas continuo. Tem que ser. Muitas pessoas dependem de mim. Só mais o jantar e mais um sermão aos miúdos e não me posso esquecer que tenho que lhes retirar o telemóvel e outras distrações porque estão a desperdiçar tempo útil de estudo. Não posso desistir dos meus filhos. Deles, não me demito. E no dia seguinte, levanto-me e enfrento mais um dia com normalidade aparente, repetindo a mim própria que tenho que ser forte. Nunca fui de desistir de nada, não vai ser agora. E vou a caminho do trabalho e penso no que me poderá estar reservado neste dia. Um dia de cada vez. Mas estou esgotada. Queria poder abraçar a minha mãe. 

 

Talvez só me faltem amigos tão fiéis como os do Sócrates, que me oferecessem umas férias num destino paradisíaco por tempo indeterminado. Mas talvez aí resida uma das grandes diferenças entre nós... Não tenho amigos dessa envergadura. 

 

Isto não é uma lamúria. Sou só eu a pensar em voz alta. Na volta, se calhar é só o inverno que já vai demasiado longo...

 

 

 

Isto não é um "review"!

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É assim que começa "Silence", como que a intimar a plateia a preparar-se e concentrar-se para os minutos seguintes de um filme com alguma densidade. (É verdade. Fiz batota e tirei esta fotografia no cinema. Só esta. Não digam a ninguém. )

 

É um filme de 2016, de Martin Scorsese com Andrew Garfield, Adam Driver, Liam Neeson, Tadanobu Asano, Issei Ogata, Shinya Tsukamoto, Yoshi Oida, Yosuke Kubozuka, Ryo Kase e Nana Komatsu, entre outros.

 

Fomos ver este filme há dois fins-de-semana e digo-vos que valeu muito a pena. Gosto de filmes históricos. Trata-se de um filme que aborda o cristianismo e a evangelização levada a cabo pelos jesuítas (neste caso, portugueses), onde também há espaço para o questionamento da legitimidade da imposição do cristianismo aos outros povos (no filme, ao povo japonês, no século XVII). 

  

"Silêncio" baseia-se no best-seller homónimo de 1966, escrito pelo japonês Shusaku Endo, tendo-lhe valido o prestigiado Prémio Tanizaki. Aborda um pouco da História do nosso país. É mais uma oportunidade para dar a conhecer aos povos mais tacanhos e obtusos (como os americanos) que Portugal não é a mesma coisa que Espanha. Só lamento não ter sido mais explorada a língua portuguesa. Já se sabe que, comercialmente, não é uma língua suficientemente vendável. Ainda se fosse espanhol, os gringos talvez apreciassem mais e a produção era tudo logo à doida. Mas assim, ficamo-nos por alguns apelidos portugueses e pouco mais. 

 

Comecei por dizer no título que este post não era um "review". Não é mesmo, que eu não sei fazer nada disso. Deixo, por isso, o trailer. (Como é que se chamava aquele cinéfilo, personagem do Herman, que dizia "Let's look at a trailer"?)

 

 

 

 

 

Ponto quê???

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Só se for este da imagem o "ponto G" de que se  fala de há uns anos a esta parte. Exatamente! Hoje venho aqui afirmar que não existe nenhum "ponto G" na anatomia feminina. É uma falácia! O único centro nervoso do prazer feminino é o clítoris. É daí que irradiam todas as ondas orgásticas. Não há cá separação entre orgasmo clitoriano e orgasmo vaginal, como alguns querem fazer crer.

 

Mas há muitos que nos querem impingir esta ideia! Até um site na net eu encontrei de uma terapeuta sexual que, a troco de dinheirinho (ora bem!), garantia por experiência pessoal estar em condições de ensinar tudo às mulheres incompetentes como eu que ainda não tinham encontrado este ponto-promessa-do-paraíso. 

 

Tenho várias teorias sobre esta "criação" de um ponto alternativo que promete um éden de sensações nunca experienciadas e que pôs meio mundo à procura do pote de ouro no fim do arco-íris. Uma delas é de que esta ideia se disseminou por causa da insatisfação crónica de que padece a Humanidade e consequente necessidade de ter sempre mais. Outra é fazer negócio, como acontece no site que encontrei. Pode também ter sido um homem a inventar esta narrativa do ponto G, para valorizar o coito vaginal e, digamos, assegurar a continuidade da espécie.  

 

Não! Tudo passa cá por fora, meus amigos, cá por fora...   

 

Nota: se isto não é serviço público, vou ali e já venho... 

 

(Fonte da imagem: https://www.facebook.com/CurlyLittleRedhead/)

 

 

Na loja de roupa ("Alservando"... #4)

Estão a ver estas unhas? Não, não são minhas. Felizmente não tenho assim tanta comichão no corpo que precise de umas unhas destas para me coçar. Sim, porque olhando para estas unhas só me lembro de que este novo estilo de unhas é inspirado naquela moda dos pintas com unha grande do dedo mindinho usado para coçar os sítios mais recônditos do corpo. Generalização aos outros dedos e apropriação pela mulher, é do que se trata.

 

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Confesso que não gosto nada destas unhas em stiletto. Gosto muito de ver umas unhas pintadas (embora eu não o faça), mas isto assim em bico? Não! Parecem armas de defesa pessoal. Questiono-me sempre como é que as mulheres com estas unhas conseguem fazer as tarefas mais básicas. Desculpem lá, mas até para limpar o cu deve ser uma carga de trabalhos! 

 

Recentemente tive a prova de que não estava enganada.

 

Quero contar-vos um episódio que se passou comigo no último fim-de-semana, numa loja de roupa, no Colombo. Já imaginam do que se trata. A rapariga da loja tinha umas unhas enormes, ainda bem mais compridas que estas, e com este feitio. Podem já imaginar-me de boca aberta a "alservar" aquilo enquanto me preparava para pagar a camisola gira que lá comprei. 

 

Quis pagar com o cartão, mas a rapariga deu por falta de papel na máquina. Começou ali a penosa e demorada tarefa de substituir o rolo de papel. Enrola e coloca. Solta-se. Enrola novamente. Solta-se. Até que:

 

"Importa-se de me enrolar isto? Eu não consigo enrolar bem por causa das unhas." 

 

Poderia ter-lhe perguntado se isso daria desconto na peça, mas como sou simpática:

 

"Sim, claro. Está a ver o preço a pagar por ter unhas dessas?" 

"Nem me diga! É uma chatice! E a manutenção é uma trabalheira. E..." 

 

Enrolei aquilo à primeira, claro. Tenho dedos funcionais, digamos. Mas passaram-me vários pensamentos pela cabeça, entre os quais:

 

O que leva alguém a manter umas unhas incapacitantes daquelas, com prejuízo do próprio trabalho, tendo inclusive o desplante de pedir a uma cliente para fazer o trabalho por si?

Como raio é que se limpa o cu com umas unhas daquelas, sem perfurar o intestino?

 

E pronto. Tenho esta tendência para vos deixar com imagens destas na cabeça. Nunca mais olharão para unhas destas sem imaginar o esforço da pessoa naquele ato de higiene pessoal.  

 

 

No hotel de luxo ("Alservando"... #3)

Não há nada a fazer! Em qualquer lado que esteja é inevitável observar tudo ao meu redor. Por isso é que nunca fui capaz de ser como aquelas pessoas que levam sempre um livro consigo para ler nos momentos em que estão à espera de algo ou alguém, ou nas viagens de transportes públicos. Admiro-as por isso. Nos transportes, então, é que eu não entendo mesmo como conseguem concentrar-se num livro, com tantas vidas e estórias a passar em frente aos nossos olhos. 

 

Há uns dias acompanhei o M a um evento social em Lisboa, a convite de uma alta individualidade. Sim, o M é muito bem relacionado... E lá fui eu cumprir um daqueles papéis que me cabem de vez em quando, em que não estou lá por mim, mas porque sou a mulher dele. Um complemento, um adorno, portanto. E um papel muito pouco feminista também, agora que penso nisso...

 

Bem, adiante. Antes do evento que aconteceria ao final do dia, o M tinha uma reunião de trabalho num hotel, o que significou que eu teria que esperar no lobby por ele umas duas horitas. E foi o que aconteceu. E digo-vos uma coisa: no lobby de um hotel de 5 estrelas também se pode "alservar" muita coisa. Oh, se pode! 

 

À entrada, a abrir a porta, dois ou três funcionários fardados, incumbidos de fazer os visitantes sentirem-se muito VIP. Entramos, o M segue para a sua reunião e eu sento-me num dos sofás que lá se encontram, tão fofos tão fofos que chegam a ser desconfortáveis porque a pessoa parece que fica com o rabo ao nível do chão, todo ele lá enfiado. Mal tive tempo de me sentar, olhei em frente e, a um metro de mim, já tinha a empregada do bar a perguntar se queria tomar alguma coisa. "Não, obrigada. Talvez mais daqui a bocado". Só que nunca pedi nada, não fosse ter que pagar o meu ordenado por um copo com água. 

 

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Havia algum movimento. Parece que os hotéis de luxo não foram afetados pela crise. No tempo que ali estive, circularam vários grupos de pessoas:

 

três portugueses à volta de uma mesa, em que só um é que falava impingindo um negócio de forma bastante persuasiva e competente, por sinal; 

o que parecia uma família de franceses, muito animados;

numa outra mesa, três homens portugueses, mais velhos, pareciam esperar por alguém, tal como eu.

 

A todos a empregada de bar se dirigia quase instantaneamente, solícita, a oferecer os seus préstimos, na língua de cada um. Certamente mais uma jovem com curso superior que não encontra emprego na área dela... 

 

Vindo talvez do restaurante, surgiu um grande grupo de jovens de língua inglesa. Dois deles sentaram-se perto de mim a conversar. Comentavam o conforto dos sofás, que relacionavam, de uma forma que não me foi clara, com a "spanish inquisition". Sim, leram bem. A vontade que tive de lhes dizer que estávamos em Portugal e não em Espanha! Para os "camones" é tudo a mesma coisa...

 

Mais tarde, estava eu regalada a observar o movimento lá fora, pelas janelas envidraçadas, quando surge um belo de um carrão daqueles "agachados", descapotável. Reparei então no motorista do hotel, no seu uniforme impecável, com sobretudo e quepe, que se assemelhava a um agente da gestapo. Um agente da gestapo que não hesitou em coçar os tintins em frente ao hotel de 5 estrelas, enquanto contornava o veículo para entrar e ir provavelmente estacioná-lo. Até parou a meio do percurso e afastou um bocado as pernas para executar os movimentos. Mal ele sabia que lá dentro, através das janelas de vidro, estava uma "alservadora" implacável. 

 

Cansada de esperar, levantei-me para esticar as pernas. Dei uma volta pelas montras das lojas do hotel e aproveitei para ir à casa de banho. Já se sabe que qualquer mulher, para fazer xixi, enche o tampo da sanita de papel higiénico por causa dos micróbios. E ali, mesmo num hotel de luxo, o procedimento foi o mesmo. Acredito que não entrem ali "mulheres da vida" com doenças venéreas, mas sei lá se não é frequentado por acompanhantes de luxo... Estão a ver o meu drama?! Bem, como sempre, tive uma trabalheira para equilibrar o papel, sem que caísse tudo ao chão. Habituada a casa de banho de pobre, como é que eu ia imaginar que existia gel para desinfetar a sanita, que eu só vi depois? Da mesma forma, como iria imaginar que a torneira da água com doseador não dava tempo para lavar as mãos? Um hotel de luxo cuja água das torneiras corre o tempo que vai do momento em que pressionamos para deitar água até ao momento que levas essa mesma mão para debaixo da água, mas sem conseguir lá chegar. Ou seja, a mão que pressiona não pode ser lavada, a não ser que façamos o procedimento em regime de rotatividade. Uma mão a pressionar enquanto a outra se lava sozinha e troca. 

 

E o que retiro da minha curta estada num hotel de luxo? Que afinal o mundo dos ricos não é assim tão diferente do dos pobres. Aqui coçam-se os tomates, há pessoas ignorantes da História mundial e poupa-se na água. Só o gel desinfetante de sanitas é que não se vê por aí em qualquer pensão. 

 

 

 

Rescaldo do dia de ontem.

Já passou já passou, mas quatro ordens de razões levam-me a voltar à carga com o dia dos namorados:

 

Primeira:

Como muito bem se lembrarão, sofro do mal de falta de timing... de oportunidade, vá. 

 

Segunda:

Confessar-vos que ontem ao final do dia quase questionei tudo o que pensava sobre o dia dos namorados. Enquanto fazia o jantar, dei uma volta pelo Facebook e quase entrei em estado depressivo grave de tanta declaração de amor e fotografias de casalinhos. Senti-me mesmo deslocada. Honestamente, por momentos detestei a ideia de não ter um homem romântico ao meu lado. No gráfico circular abaixo, eu passei rapidamente da larga maioria rosa velho que pensa "Fuck this shit" para a pequena minoria rosa choque que acha tudo aquilo à volta dos casais a mostrar o seu amor ao mundo muito fofinho.  

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Terceira:

Passou-me depressa o estado depressivo porque (vejam lá se não é isto que é o amor?!) o M deve ter adivinhado o quão desolada eu fiquei, que me apareceu com isto em braços. "Isto" não é pejorativo. É só porque eu não sei como se chama porque não percebo muito de plantas... nem tenho paciência para cuidar delas... às vezes até me esqueço de as regar... e deixo-as morrer muitas vezes também... 

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Desta vez o meu namorado deu-me mesmo flores, gente! Mas querem saber uma coisa? Não me senti especialmente amada por isso. Continuo a acreditar que no amor (como na amizade), os bons namorados-companheiros-maridos (como os bons amigos) revelam-se todos os dias e muito especialmente na adversidade, às vezes na sala de espera do hospital, sem dia agendado no calendário. Acredito e sei!

 

Quarta:

Uma celebração e uma dica! Hoje é 15 de fevereiro! Aqueles que, como eu, resistiram ao ímpeto consumista de ontem, não se esqueçam que talvez hoje encontrem algumas boas promoções, nomeadamente em chocolates. Mas não exagerem, que estamos-aqui-estamos-em-março, primavera, verão, praia, biquini.

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(Fonte das imagens - à exceção da foto da planta cujo nome eu não sei: https://www.facebook.com/innocenselost/)

 

 

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Maria Mocha é o pseudónimo de uma mulher que, de vez em quando, gosta de deixar os pensamentos fluir pela escrita, uma escrita despretensiosa, mas plena dos sentimentos e emoções com que enfrenta a vida. Assim, as criações intelectuais da Maria Mocha publicadas (textos, fotos) têm direitos de autor que a mesma quer ver respeitados e protegidos. Eventuais créditos de textos ou fotos de outros autores serão mencionados. Aos leitores da Maria Mocha um apelo: leiam, reflitam sobre o que leram, comentem, mas não utilizem indevidamente conteúdos deste blog sem autorização prévia da autora. Obrigada.

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