Não dar a cara é cobardia?
Demasiadas vezes me questiono se não deveria assumir aqui a minha identidade. Mas rapidamente penso: Para quê? O que é que isso interessa? Desta forma continuo a ser eu, se calhar muito mais eu.
Na verdade, acho que sou mais genuína assim anónima. Na "vida real" fingimos demasiadas vezes e se me conhecessem a identidade, eu teria que fingir também aqui, usar a tal máscara de que nos falava Luigi Pirandello e cuja referência eu fiz aqui. Passaria a ser apenas uma sombra de mim. Certamente seria mais comedida e talvez escrevesse só sobre as tendências de moda da estação, ou partilharia receitas de culinária, ou outros assuntos desse tipo.
Como é que hei de pôr isto? Esta personagem funciona como um alter-ego de mim própria, liberta-me as amarras que arrasto durante os meus dias todos iguais de mulher que precisa manter uma imagem de seriedade.
Dou-vos um exemplo. No meio em que me insiro, e por força da minha atividade profissional e também da do M, sobretudo a do M, não seria nada conveniente que soubessem que falo de sexo à segunda-feira, ainda que de forma bastante soft. Tenho até um colega púdico que ficaria escandalizado! Percebem o dilema?
A palavra escrita tem muita força. As fotos de nós e das nossas vidas também. Na internet ainda mais. Podemos apagar mas, uma vez algo publicado, perdemos o controle sobre isso.
Chamem-me cobarde. Talvez seja o que sou, bem analisadas as coisas.