P, o baldas!
O P é um rapaz de 16 anos, com alguma irreverência própria da idade mas com bom coração. Só não liga à escola. Nem sequer leva os livros para casa. Ficam no cacifo durante todo o ano. Não vale a pena levá-los. Afinal, não iria estudar mesmo. Corre, por isso, o risco de chumbar, mais uma vez.
Vive com a mãe e uma irmã mais nova, com muitas dificuldades, numa habitação humilde, sem as mínimas condições, com algumas divisões em terra batida. A mãe é uma boa mãe, trabalhadora, e luta diariamente para criar aqueles dois filhos sozinha. Conta também com a ajuda de terceiros.
O P tem o pai preso. Disparou contra um homem na sequência de uma briga. Mas não teve culpa, diz o P. Vão visitá-lo ao fim-de-semana. A mãe, esposa extremosa, leva-lhe sempre dinheiro para os gastos na prisão, apesar das dificuldades em criar os filhos.
O P sabe que precisa ajudar a mãe no orçamento familiar. Trabalha muitos finais de dia, depois da escola. E quase todos os fins-de-semana, na agricultura. Pagam-lhe 5 euros à hora. 30 euros por dia. É uma boa ajuda, diz ele.
O P não estuda. Mas podia estudar, em cima da sua cama, diz ele. Dormir lá é que não pode, desde que o soalho do quarto abateu. Agora tem dormido no chão, no quarto da mãe, ao lado da cama onde ela dorme com a irmã mais pequenina.
O P é um bom menino, só não liga à escola.