Mais um post para ficar escondido na gaveta?
(Cartoon Grizzly studio)
Sou uma blogger muito "suis generis" (singular, vá!). Apesar de obviamente não ser um exclusivo meu, sofro exageradamente de um mal que tolhe a criatividade a qualquer blogger ou aspirante a blogger ou espécie de blogger:
A maldita da autocensura!
A mesma besta que sempre me perseguiu na vida, acompanhou-me para aqui qual sombra. Tenho uma enorme insegurança e indecisão em relação ao que posso, devo, quero, escrever e partilhar por aqui. Apesar de o cartoon não ilustrar na perfeição a minha situação, uma vez que nem são as pessoas próximas que lêem o que escrevo porque não sabem do estaminé, continuo mesmo assim a ponderar, filtrar tudo o que vos trago. Porquê? Por consideração e estima a todos os que me seguem e porque acho que não merecem que eu despeje por aqui o meu lixo emocional e mental. E atenção que eu tenho sempre muito lixo para despejar. O lixo que trago (haverá certamente algum!) é trazido inadvertidamente.
Mas voltando à besta: este cuidado, este filtro constante, traz-me muitos dissabores. Só eu é que sei o que sofro com isto! Pobre de mim!
É ela que faz com que faça e refaça, escreva e reescreva, por vezes o mesmo post. De cada vez que leio alguma coisa que escrevi, encontro defeitos e razões mil para alterar coisas. O pior é que às vezes isto acontece depois da publicação e, por isso, não é de admirar lerem qualquer coisa desta vizinha e quando voltarem a ler pensarem que é outro post qualquer. Garanto que não é esquizofrenia nem bipolaridade, ok?
É ela que me faz manter vários posts na gaveta, para nunca publicar. O efeito pretendido é alcançado porque ao escrevê-lo desbobino o que me dá na real gana, e fico aliviada. Mas fica fechado para ninguém ver. E, sei lá!, às vezes poderia ter interesse para alguém... Há gostos para tudo...
É ela que me impede de gritar bem alto meia dúzia de palavrões (neste caso, leia-se escrever em caps lock). É verdade: não costumam ver por aqui nem alhos nem aquelas palavras começadas por F e P (lá estou eu!), mas se eu as escrevesse todas as vezes que me apetece, acho que era banida da comunidade. No mínimo pensariam que cresci e fui criada numa casa de hábitos duvidosos, o que não é verdade, que eu até cresci a ser obrigada a ir à missa ao domingo, porra!
É ela que me impede de alertar outrem para alguns erros ortográficos que me fazem eriçar os pelos das pernas. Sim, estou subliminarmente a assumir que neste momento não tenho a depilação feita, mas convenhamos, a época que iniciou é mais propícia ao desleixo e como não sou nada que se pareça com um macaco e este até deverá ser para a gaveta, who gives a fuck?
Cá está outra vez! Mesmo indo para a gaveta, sai o palavrão em inglês. E bem que senti formigas nos dedos para escrever "que se foda", mas não consegui...
Voltando aos erros ortográficos: sim, admito que tenho um problema com isso. Sou uma nazi da gramática! Para mim, não é assunto de somenos importância e algo quase quase me impele muitas vezes a corrigir erros com ferocidade quase animal, mas contenho-me. E esta é uma sensação tão má que só deverá ser comparável à de quando se está à beira do orgasmo mas ... ups .... Queriam erotismo, né? Sexta-feira e tal, há todo um ambiente propício, uma disposição natural, né? Pois, mas eu pratico a autocensura, lembram-se?
É ela que me acorrenta o discurso não me permitindo tecer algumas considerações sobre quem se arroga de conhecedor-mor destas lides dos blogs e que, com total ausência de autocrítica e humildade, classifica os outros disto e daquilo qual Bobone da etiqueta blogueira ou psicanalista barata, que mais não é do que inveja dissimulada; ou a quem, não sabendo patavina de determinado assunto, tenta menorizar quem é capaz de sobre ele escrever meia dúzia de ideias encadeadas. Tipo: "Todos estão a falar disto ou gostam daquilo, mas eu sou muito à frente e sou diferente e não falo ou não gosto ou é tudo ao contrário, porque eu sou muito mais esperto", quando a realidade é que não sabe que merda ha de dizer sobre o assunto, a não ser que plagiasse alguma coisa encontrada arbitrariamente num qualquer sítio da internet, porque cultura geral não é definitivamente o seu forte. Ufa! E disse merda! Que evolução!
E muito mais haveria para dizer, mas o mais certo é agora a seguir ler e nada me soar bem. Refaço? Não refaço? Publico? Não publico?
PS: Li, reli, refiz qualquer coisita e publico. Fuck it! (em Inglês, pois claro!) Este afinal não fica na gaveta. A ver se começo a conseguir fintar a besta...