Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.
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Esta tirada poderia ter acontecido com qualquer um dos meus filhos, e efetivamente, cada qual com as suas especificidades, mas têm sido sempre muito parecidos no que diz respeito ao banho. Mas desta vez passou-se com ele.
Filho (à tarde, antes de uma festa): "Vou tomar banho!"
Mãe: "Outra vez? Ainda tomaste há bocado!"
Filho: "Sim, mas agora tomo outra vez para ir a cheirar bem..."
O curioso disto tudo é que estamos a falar de pessoinhas que, até há bem pouco tempo, reclamavam sempre que tinham que tomar banho e que não tinham a higiene pessoal como uma prioridade! Foram do 8 para o 80! Nada que eu não estivesse à espera, já que tinha tido os testemunhos de amigas com filhos mais velhos que me diziam que todos passavam por estas fases.
Felizmente o meu filho deixou de usar fraldas por volta dos 3 anos...
Agora a sério! Como é que estas calças a cair pelo cú abaixo podem ser tendência? Hã??? O meu adolescente cá em casa não gosta deste estilo (Graças a Deus, meu povo!), mas se gostasse eu não permitia uma coisa destas. Ai não saía assim à rua não, ou eu não me chame Maria!
Ontem a minha filha surpreendeu-me com uma pergunta inesperada. Acho que a pergunta surgiu no seguimento da leitura que ela fez a uma revista sobre adolescência. Revista essa que ela quis comprar por interesse óbvio no tema (tem 16 aninhos, e viu na capa qualquer coisa sobre passar férias com os amigos sem os pais, coisa que ela tem andado a sondar, minha rica e inocente filha! ), mas que acabou por descobrir que era destinada a pais. Trata-se de uma revista sobre adolescência, educativa, mas para pais. Faz sentido. Nós pais é que temos que aprender a lidar com essa fase da vida dos nossos filhos. Eles limitam-se a vivê-la e os conflitos são mais normais do que nós achamos e gostaríamos. Cabe-nos a nós, portanto, aprender a gerir essa fase, mais do que a eles próprios. Tenho que lê-la também, by the way. Literatura sobre adolescência nunca é demais. Já percebi que os desafios são mais que muitos e a cada dia há mais inovação e surpresas.
Bem, mas vamos à pergunta. Ora ela perguntou-me como eu reagiria se ela ou o irmão fossem homossexuais. E eu, está claro, disse que aceitaria, que para mim isso não é um problema, que o Amor é sempre Amor e é belo, independentemente da opção sexual de cada um. E é mesmo isto que eu penso. Mas, curiosamente, chocou-me que os meus filhos, apesar de ficarem agradavelmente surpreendidos, estranhassem que eu pense assim.
As convenções sociais têm muita força e eu apercebi-me de que os meus filhos, apesar de eu notar que não demonstram preconceito, aprenderam com a sociedade (sim, porque definitivamente não foi com os pais!) que a homofobia é algo natural e aceitável. Para eles seria normal que os pais odiassem a ideia de que algum deles fosse homossexual. Triste sociedade esta, em pleno século XXI, que ainda ensina às novas gerações o ódio a alguém só porque ama pessoas do mesmo sexo. Homossexualidade não é doença, homofobia sim!
Dei de caras com o seguinte jogo na internet e desconheço o autor. Fiz algumas adaptações e este, sim, pode ser jogado sem qualquer perigo. Usem e abusem deste, adolescentes!
Jogo O Preguiça azul (ou de outra cor qualquer...).
São 50 desafios para os adolescentes:
01 - Fazer a cama ao acordar sem que ninguém precise mandar. 02 - Lavar os pratos e deixá-los limpos a ponto de uma pessoa poder comer neles. 03 - Varrer a casa toda, deixando tudo limpo em 5 minutos (só os muito bons no jogo conseguirão concluir esta tarefa e passarão às seguintes). 04 - Subir a uma escada e tirar as roupas do varal. 05 - Conseguir dobrar e colocar todas as tuas roupas nas gavetas, igualzinho ao que a sua mãe faz. 06 - Mandar mensagens no whatsapp sem erros de português (Isto é que é um desafio!). 07 - Tirar as melhores notas da turma e tirar uma foto do registo de avaliação (Pronto, o jogo acaba aqui para a grande maioria.). 08 - Tomar banho sem molhar a casa de banho toda. 09 - Suportar conviver com um telemóvel mais antigo sem chatear os pais para comprar um novo. 10 - Obedecer no mínimo 70% das ordens dos pais durante o dia. 11 - Reconhecer publicamente que não é que as pessoas não te entendem, é que você é idiota mesmo e quer fazer drama por causa disso. 12 - Se comportar como alguém da sua idade. 13 - Parar de se vestir como se todos da sua idade tivessem que usar o mesmo tipo de roupa. 14 - Parar de ser zé ninguém, porque todo o mundo já entendeu que és o revoltadinho da família. 15 - Não beber, porque se já és idiota sóbrio, imagina bêbado. 16 - Não ser um imbecil por 1 dia. 17 - Fazer sua própria comida, afinal tens mãos também. 18 - Lavar a sua casa de banho para que ele não pareça o de uma estação de rodoviária. 19 - Ouvir música num volume que não incomode os outros moradores da casa. 20 - Ir até à padaria para comprar o pão todos os dias. 21 - Assistir a um documentário sobre a fome em África para saberes que não és o mais sofredor do mundo. 22 - Passar um dia sem falar as palavras "MANO", "TOP", "TIPO" E "LOL", etc. 23 - Limpar os pés quando entrar em casa. 24 - Não deitar no sofá ou na cama calçado. 25 - Passar um dia sem irritar os teus pais. 26 - Passar um dia sem gastar o dinheiro dos teus pais. 27 - Nas reuniões de família, ser simpático, porque é tão chato pra ti aguentares a tua família, quanto é para a tua família aguentar.te a ti. 28 - Comer de boca fechada. 29 - Usar talco para o chulé. 30 - Atender os telefonemas dos teus pais e ligar-lhes para avisares pelo menos onde estás, seu inútil. 31 - Não deitar lixo na rua. 32 - Não gritar na rua. 33 - Não incomodar a vizinhança. 34 - Respeitar o teu professor. 35 - Despachar-se de manhã sozoinho sem atrasos e sem a mãe ter que se enervar logo ao iniciar o dia, e cumprir os horários ao longo do dia. 36 - Não usar as calças a cair pelo cú abaixo, que ninguém está interessado na cor das tuas cuecas. 37 - Apagar a luz se não estiver no quarto, que os teus pais não são sócios da EDP. 38 - Desligar a televisão se não estiveres a assistir 39 - Parar de reclamar das roupas que tens ou a queixares-te das que não tens. 40 - Comer tudo o que meteste no prato. 41 - Pentear o cabelo como gente. 42 - Não usar óculos escuros e bonés em ambientes fechados. 43 - Não insistir com os pais até à exaustão, em todas as viagens de carro, para que coloquem a rádio nas estações de que gostas e perceber que há música muito melhor do que a que tu ouves. 44 - Pedir desculpa e assumir os erros. 45 - Dar bom dia. 46 - Dizer "Com licença". 47 - Dizer "Obrigado". 48 - Perceber que a velhice é um posto e que os mais velhos têm muito para te ensinar. 49 - Se a vida que os teus pais te podem dar não te chega, conseguires um emprego assim que tenhas idade pode ser uma boa opção. 50 - Não te matares, seu imbecil!
Apesar da brincadeira que trago, o jogo da Baleia azul que está na ordem do dia (e outros do mesmo tipo) é um assunto que me preocupa muito, e que deve preocupar todos os educadores. É muito importante que os pais estejam atentos e supervisionem a utilização da internet por parte dos seus filhos adolescentes. Sabemos que é uma fase em que eles acham que sabem tudo e não querem os pais por perto quando estão em frente a um computador, etc etc. Mas não há que ceder nesse aspeto. Somos pais e é nosso dever supervisionar tudo na vida dos nossos filhos.
Querem conhecer estratagemas de filhos adolescentes? Querem ir-se preparando, se for caso disso? Então apertem os cintos, que hoje vão conhecer o estratagema do século. Já a seguir, aqui neste post.
Não é que o meu filho engendrou um esquema todo rebuscado para não estudar, um dia destes?! Tinha assuntos urgentes a tratar no telemóvel, o pobre coitado, e os estudos não o deixam viver e tem uma vida triste e não pode fazer nada do que gosta e os amigos estão sempre no computador a jogar e com os telemóveis até às tantas da noite e ele não pode (palavras dele). Um infeliz...
Ia ter teste de História. Carradas de matéria para estudar e ele teima em não sair do nível 4. O gajo tem o problema de achar sempre que já sabe tudo e depois não é bem assim. É calaceiro até à última casa.
Depois de dado o contexto, a sequência de acontecimentos foi a seguinte:
O pai entra no quarto do filho, diz-lhe para estudar e retira-lhe o telemóvel, colocando-o no móvel do hall de entrada, onde eles habitualmente ficam de noite. É fácil perceber porquê. O telemóvel exerce uma atração terrível e não se coaduna com momentos concentrados de estudo. O pai faz, portanto, o seu papel e fica descansado.
Dali a uns minutos, a mãe, melhor investigadora do que um agente do FBI, vai ao quarto do filho para ver se estava tudo a correr bem com o estudo. Aparentemente, estava tudo controlado, e até se delicia a ouvir "quero mesmo estudar aqui concentrado", até que...
... ouve-se um barulho quase inaudível, como um vrum vrum abafado, semelhante ao sinal de mensagem dos telemóveis.
"Que barulho foi este? Tu tens aqui o telemóvel? O pai não to tirou?"
Filho atrapalhado. "Hummmm..."
A mãe procura debaixo da roupa da cama, de onde vem o som. Lá está um telemóvel, o telemóvel do filho, sem a capa. "Mas ainda agora o vi no hall de entrada!", pensa para consigo. Dirije-se ao hall e lá está um telemóvel em tudo igual, com a respetiva capa. O estratagema que ele montou e pôs em prática foi: depois de o pai lhe tirar o telemóvel, colocou a capa do telemóvel num velho igual que ele teve mas já não funciona, colocou-o no lugar do verdadeiro e ficou com este último escondido no quarto ao pé dele. Assim, todos passaríamos pelo telemóvel no hall e acharíamos que ele estava (concentradíssimo, sócio) a estudar como se não houvesse amanhã, sem distrações de qualquer tipo.
Grande estudo para História que iria acontecer ali, sempre a cair mensagens, como verifiquei depois, com o telemóvel confiscado ao pé de mim...
Resta-me saber quantas vezes é que ele já nos enganou desta forma. Ele diz que foi a primeira, mas tenho as minhas sérias dúvidas.
De falta de criatividade, malandrice e engenho é que ele não pode ser acusado... Lembro-me de o meu maior estratagema ser ler às escondidas da minha mãe, pela noite dentro, com uma luz muito fraquinha, para não levantar suspeitas. Se calhar sou míope por causa disso... Que totó que eu era, perto do meu filho.
Acho que ainda me vou rir disto, mas por enquanto não! Não, mesmo!
Moral da história: Podes enganar um homem/pai, mas enganar uma mulher/mãe já são outros quinhentos.
É a mim que o meu filho recorre quando precisa de um conselho, de uma opinião, ou quando quer confidenciar algum aspeto da sua vida. Mas só ele. A minha filha é muito fechada e dela não consigo extrair nada. Ele, pelo contrário, procura-me para partilhar variadíssimas situações, dúvidas, conquistas. Curiosamente ou não, nunca procura o pai.
Ontem, apesar de andarmos amuados nos últimos dias, ao final do dia abordou uma série de assuntos, numa conversa de mais de uma hora, só nós os dois. Fui confrontada com notícias deliciosas e com outras mais preocupantes que deixo para outra altura.
Vamos às deliciosas. O mesmo menino de 14 anos que há uns meses quis que eu falasse com ele sobre sexo, deu-me agora a conhecer um bocado da sua vida amorosa. Já tem a sua primeira namorada, uma menina que eu conheço. Fiquei a saber que namoram desde dia 1 de janeiro, e tudo começou na festa de passagem de ano à qual foram em casa de amigos.
"Mãe, mas queres saber como começámos a namorar? Eu soube fazer tudo como deve ser. Eu sou um gajo romântico. Não imaginas como foi romântico! Aposto que com o pai não foi assim. () Foi durante as badaladas da meia noite que eu lhe perguntei se ela queria namorar comigo."
"E depois, ela disse que sim?"
"Não. Deu-me um beijo. E todos bateram palmas e estão a torcer por nós."
"Realmente foi muito romântico, filho!"
Fiquei feliz com este relato. Claro que dei mil e um conselhos, nomeadamente disse-lhe para tratar sempre bem a menina e essas coisas todas. Mas achei tão giro. Será normal eu ficar tão feliz pelo meu filho, apesar de ele ser tão novo? Muitos acharão que é muito cedo para namorar e que eu não devia dar liberdade para isso. Mas não é delicioso que ele tenha abertura para me contar as suas histórias mais importantes e íntimas? E está apaixonado! Que maravilha!
Pois é! Neste momento, sou já uma mãe com uma "nora" e um "genro" (a minha filha também já namora há mais de um ano com um rapaz). E nunca pensei que fosse enfrentar isso com tanta naturalidade. Gosto deles! Talvez seja prematuro gostar deles, mas gosto. Percebi que talvez venha a ser uma sogra "fixe".
Pelo menos, foi assim que, num "ai", deitei para trás das costas uma das ralações que me apoquentava, o sentimento de impotência saído dos conflitos de gerações dos últimos tempos. Afinal talvez não seja assim um ser tão desprezível aos olhos dos meus filhos adolescentes...
Afirmação repetida inúmeras vezes, em vários contextos, pelo filho:"Todos me conhecem e eu conheço toda a gente lá na escola. Todos gostam de mim! Sou mesmo social!"
E é isto!
Comentário:
E não é que me parece que é mesmo verdade... É mesmo popular, o gajo!
Lembrar-me-ei sempre daquele dia em que estava à espera dele e da irmã ao pé da escola, para os levar para casa, no final de um dia de aulas. Perto estava um grupo de quatro ou cinco adolescentes (rapazes e raparigas) a conversar. Não pude evitar ouvi-los e claro que as conversas, infelizmente, eram as típicas de uma geração (não todos, mas seguramente a maioria) que não diz nada de jeito e a forma como adorna o seu discurso é com recurso sistemático a gíria e calão.
Foi exatamente por causa do calão com fartura que a certa altura, percebendo que eu podia ouvir o que diziam, sussurra um: "Chiu! Vê lá o que dizes. Está ali a mãe do ... (Acho graça, porque ele é conhecido pelo apelido de família e não pelo primeiro nome - uma tendência que surgiu dentro das quatro linhas, no futebol).
Ou seja: eu não era eu, nem a mãe da minha filha que frequenta a mesma escola, nem a mulher do M (que todos conhecem cá no burgo devido à notoriedade que advém da sua ocupação). Não! O que obrigaria aqueles jovens a filtrar o discurso seria o facto de estar ali não eu, mas a mãe do meu filho. Vejam bem!
Como o tempo passa! O meu caçula parece já ter encontrado o seu lugar na comunidade. E o meu, pelos vistos, é ser mãe dele...
Passaria pela cabeça de algum de nós, há uns anos atrás, não cumprir com um compromisso que tivéssemos firmado com o nosso pai/mãe como contrapartida para termos o que queríamos? Obter o benefício e não fazer a nossa parte e simplesmente justificarmos que nos esquecemos? Eu não faria isso certamente, acagaçada que o meu pai me chegasse a roupa ao pelo.
Para mim, isto acontecer não é uma coisa qualquer. Significa não sermos confiáveis, honestos. Para mim é pior do que se um filho me mandasse à merda, porque na realidade é isso que faz quando não obedece a uma ordem minha, ainda por cima negociada. Se calhar sou só fundamentalista no papel de mãe... Levo tudo muito a sério, diz o M e eu sei que é verdade. Mas, caramba, estamos a formar as pessoas mais importantes das nossas vidas, a nossa melhor obra-prima. Qual é o escultor que não quer esculpir a obra perfeita?
E agora? Agora, mais um conflito! É a história recente da minha vida. Conflitos atrás de conflitos. Educar devia ser algo pacífico, mas não é. Só é pacífico quando na verdade se desiste de verdadeiramente educar, quando se escolhe não ver que os adolescentes são pródigos em agir como bestas inconsequentes, egoístas e egocêntricas. Educar dá trabalho e é uma maçada.
Bem, mas como eu gosto de sofrer (deve ser isso, porque educar implica sempre uma certa dose de masoquismo), nos próximos dias teremos uma filha com o site das séries que gosta de ver bloqueado no pc e a loiça por sua conta, que era o trabalho de dois minutos que ela tinha que fazer para ver a tal série (teria sido tão fácil cumprir...), ontem à noite enquanto esperava pela hora da festa a que iria porque, note-se, não quis ir connosco e com o irmão ao convívio de que vos falei ontem.
Sei que ser adolescente não é fácil, mas ser mãe de adolescente também não é e hoje a esta mãe só lhe apetece chamar-lhes bestas. Hoje esta mãe não consegue, nem quer, dourar a pílula da maternidade, lamento.
Ontem, a caminho de casa, dei por mim a pensar que finalmente tinha um intervalo de sossego, um pedaço de tempo para mim, uns parcos 15 minutos só meus para relaxar. Até tive medo de adormecer ao volante, tal era o entorpecimento depois de um dia cheio de adrenalina que desafiou os meus nervos até ao limite. E estava certa em aproveitar aqueles instantes: chegando a casa não foi melhor. Cenas com o mais novo, que está a despertar para a irreverência imprópria da adolescência.
Tem sido assim, ultimamente: no trabalho mil e uma situações, em casa dois que dão quase o mesmo trabalho. Dois não! Três, que o pai dos adolescentes também dá trabalho com fartura, principalmente quando não tem tempo ou disposição para participar da educação dos filhos! Mas ontem teve que ser mesmo chamado à pedra, que eu já não estou a conseguir dar conta do recado. Que sentimento de impotência, que desespero me assola de vez em quando desde que a puberdade chegou cá a casa... Com bebés era bem mais fácil...
E agora pergunto:
O que dizer desta fase da vida de uma pessoa em que o momento mais relaxante do dia é o trajeto emprego-casa?
Mais uma vez cheguei a casa e mais uma vez a filha no computador a ver uma série qualquer. "Pretty little liars", acho eu. Alguém conhece? Ganhou uma obsessão com esta série que é uma coisa por demais e que lhe rouba tempo infindável de estudo.
Ela está no 10º ano e já não é brincadeira. Se quiser lutar por uma média confortável para entrar no curso que preferir, tem que começar já a trabalhar para isso. Todos sabemos isso, certo? E tudo isto eu lhe repito vezes sem conta, como é óbvio. Sem sucesso, aparentemente. Diz-me que não me preocupe, que vai ter 20's e tudo! Sabemos que não é assim tão fácil, mas vá-se lá conseguir convencê-la disso, com aquele apelo constante da tal série na qual está viciada?!
Hoje decidi então pôr um ponto final. Ora bem, ela vê a tal série porque instalou um programa chamado "Popcorn Time" ou qualquer coisa assim, através do qual tem acesso aos episódios que quiser. Sim, porque parece que a série ainda não passou na televisão portuguesa. Vai daí, eu, toda esperta, aproveitei agora ao fim da tarde que ela foi para a explicação de Matemática e toca de ir tentar desinstalar o tal programa. Tentar eu tentei, mas era o desinstalavas! O tal Popcorn é tão bom ou tão mau, que não permite remover do pc / desinstalar. Nunca me aconteceu tal coisa! Porque será?
Como não desisto à primeira, e enquanto não percebo a razão de não conseguir remover o bicho, só me restou definir uma palavra-passe para se entrar no computador! Resolvido! Pronto, agora só lá entra quando eu quiser!
Sim, eu sei! É verdade! O ideal seria ela e ele cumprirem os ensinamentos da mãe, obedecerem cegamente aos meus conselhos, blá blá blá. Mas a verdade é que não tenho filhos perfeitos. Haverá filhos perfeitos? E comigo, se não vai a bem, vai a mal! Desistir é que não desisto! Quando voltar a ter confiança nela, devolvo-lhe o controle do uso do computador. Simples!
Isto hoje está mesmo tudo do avesso cá para os meus lados! É que, como se não bastasse isso, na minha labuta de volta do pc, ainda fui obrigada a ver conversas de chat esquecidas abertas do filho com uma menina que me deixou preocupada pelo cariz quase sexual das mesmas. Agora tenho também que ter uma conversinha com ele. Ai que isto de educar adolescentes é tão difícil! SOCORRO!
Filha: "No fim-de-semana há um festival de música em... Os nossos amigos X, Y e Z vão e nós também queremos ir. São 15€ cada um."
Mãe: "E quem vai atuar?"
Filha: "A banda tal, o DJ coiso..."
Mãe: "Mas isso não tem jeito nenhum! Querem pagar 30€ para ver isso?"
Filha: "Ó mãe, a gente também não vai lá para ver os concertos. Vamos é conviver com os amigos!"
Mãe: "Então, isso podem fazer em qualquer lado. Não precisam pagar para o fazer."
Filha: "Não, afinal queremos ver os concertos, queremos!" E entredentes, num esgar de desdém, revirando os olhos: "Já me esquecia que contigo temos que medir as palavras..."
Espertalhona!
Chama-se a isto:
Capacidade de adaptação rápida às circunstâncias, jogo de cintura, inteligência emocional
Família regressada das férias no norte ontem à noite e eu, hoje, com o dia reservado a pôr tudo em ordem cá em casa para poder iniciar o trabalho amanhã. Hoje tem sido só a fazer máquinas de roupa, secar, apanhar, porque quanto a passar a ferro, ela vai ficar pacientemente à espera que eu esteja para aí virada. Mas não é sobre vida doméstica que quero falar hoje.
Hoje tenho que deixar aqui um pequeno apontamento sobre a viagem de carro de regresso a casa de ontem, sobre a importância que ela teve para mim e acredito que para nós enquanto família. Uma simples viagem de carro que se constituiu como um marco que eu espero venha a ser muito importante na convivência e paz familiar.
Factos:
Ontem, inesperadamente (porque normalmente esse é o meu papel!), o M. aproveitou parte das cerca de 3 horas de viagem de carro entre o Minho e a casa onde escolhemos viver a maior parte do ano e onde têm sido criados os nossos filhos, para ter uma conversa muito séria com eles sobre crescimento saudável, valores, educação. Iniciativa dele, ele que eu tanto “acuso” de ser um bocado passivo no seu papel de pai e de manifestar falta de disponibilidade para os filhos (obrigações no emprego, etc)! Parece que finalmente me ouviu e fez tudo aquilo que eu tenho vindo a insistir para que fizéssemos, e que basicamente tem sido uma “luta” mais minha do que dele. É, nem tudo são rosas num casamento de 18 anos. Nem tudo são rosas no dificílimo papel de pai/mãe. Aliás, eu assumo que as maiores fontes de conflito entre mim e o M. (principalmente desde que os nossos filhos chegaram à adolescência) são aspetos relacionados com eles, com opções nossas e métodos usados na sua educação. Sim, todos sabemos o que dizem os livros e blá blá blá, e seria muito mais apelativo traçar aqui um cenário idílico desta difícil tarefa de educar filhos (pelo menos, para quem se importa!), mas não seria honesto da minha parte. A verdade é que, principalmente com a chegada da adolescência, tornou-se difícil incutir-lhes aquilo que entendemos inclusivamente ser o melhor para eles, para enfrentarem o mundo da melhor maneira. Continuo a achar que a adolescência é tramada! Mesmo tramada!
Mas acredito que priorizar na nossa vida acelerada a educação dos filhos dará inevitavelmente frutos e o M. parece começar a perceber também. Ontem foi mais um passo importante nesta caminhada a dois, melhor dizendo, a quatro.
Então, muito rapidamente, a conversa que me deixou nas minhas sete quintas versou principalmente sobre dois aspetos essenciais:
A necessidade de eles serem mais autónomos e responsáveis: colaborarem mais com as tarefas domésticas, passarem a gerir uma mesada (num e noutro caso, avaliamos como sendo culpa nossa eles serem pouco expeditos, já que fazemos tudo por eles, principalmente eu, o que poderá significar que estamos a criar totós que não têm autonomia, iniciativa, esperteza nenhumas);
A importância de não permitirmos que se tornem pessoas vazias de conteúdo, sem cultura, “caçadores de Pokémons” ou vegetais agarrados a um computador ou a um telemóvel dias a fio. Conversámos com eles sobre uma característica que consideramos preocupante na juventude atual: a ignorância, o desconhecimento do mundo, o facto de não lerem e não terem curiosidade pelo conhecimento, as obsessões com futilidades, a desvalorização do esforço e do trabalho, a desonestidade intelectual.
Esta é uma geração com a qual nos devemos seriamente preocupar. O que esperar de crianças, jovens e até adultos cuja actividade de eleição é caçar seres virtuais!? Explicámos-lhes que é por os amarmos muito que não queremos isso para eles. Terá valido a pena? Não sei, mas o sentimento de dever cumprido, a dois, em sintonia, como vem nos livros, a forma como ouviram as palavras e os ensinamentos dos pais, faz-me criar expetativas de estarmos a formar bons seres humanos.
Atenção! Quanto às pedras no caminho neste papel difícil de educador, faço também “mea culpa”: assumo que tenho muitos defeitos na educação dos meus filhos, nomeadamente ser demasiado controladora, como diz o M. Admito que não são raras as vezes em que me considero a pior mãe à face da terra. E isso acontece sobretudo porque lhes desejo o impossível: uma vida perfeita…
Fim-de-semana de chuva (lá tive que voltar às botas...), mas com gosto a dever cumprido.
Nem sempre consigo ser produtiva ao fim-de-semana. Depois de 5 dias de trabalho e bastante stress, costumo sentir que os 2 do fim-de-semana não me rendem, sinto que não atinjo nem metade das expetativas que crio. Mas neste sábado lá consegui cumprir aquelas tarefas que tenho que fazer normalmente duas vezes por ano: limpeza da despensa e dos armários da roupa dos miúdos, com separação das roupas que já não lhes servem.
Esta última foi feita praticamente por eles. Fiquei tão orgulhosa! A ele custou-lhe um bocadinho inicialmente. A imagem de um autêntico homem desorientado com a roupa toda espalhada à sua volta, no chão do quarto e em cima da cama. "Mãe, tens que me ajudar!" Não ajudei porque só assim é que o estou a ajudar (se é que me faço entender...). Ela até gostou da tarefa. Significa que se pôde ver livre de roupas "velhas" e fazer um choradinho de que não tem nada para vestir. "Mãe, temos que ir ao shopping!" Uma verdadeira mulher já. Faz lista de compras e tudo!
E por acaso acabámos por ir ao shopping também, derreter dinheiro, como diz o M. Ter filhos adolescentes custa os olhos da cara! Quem tem filhos a crescer a uma velocidade estonteante sabe como é. Os meus ainda estão naquela fase em que em cada outono e primavera retiro sacos de roupa para dar porque deixa de lhes servir, principalmente a ele. De repente já é mais alto que eu. Mas é que foi mesmo de repente, de um dia para o outro.
Quanto à despensa, como sempre acontece quando a limpo, fui descobrir lá para trás alimentos fora de prazo e também daqui retirei um saco de desperdício. Penso que acontece a toda a gente, mas tenho que contrariar isto. Talvez fazendo esta limpeza com mais frequência...
Hoje o dia passou a correr: manhã no futebol, almoço na sogra e tarde de filme didático em família como costumamos fazer. Desta vez foi "Selma", sobre Martin Luther King e a luta pelos direitos dos negros nos EUA.
Bem, é hora de dormir, que amanhã é dia de trabalho. Segunda-feira outra vez... Não faz mal! Vai ser uma feliz e produtiva segunda-feira! Mindfulness, certo?
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