Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.
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Ela chegou sozinha e sentou-se na mesa ao nosso lado. Parecia triste, abatida. Deveria ter vinte e poucos anos, algum excesso de peso, óculos, o cabelo negro preso num rabo de cavalo e vestia de preto, o que ainda lhe conferia um ar mais abatido e pesado. Nada nela combinava com a sua juventude. Apenas o ar de menina amuada, a fazer uma birra, lembrava o facto de ainda ser novinha. Com quem estaria? Parecia esperar alguém...
Após um minuto ou dois, ele veio ao pé dela, oriundo do balcão do snack bar, mas não se sentou. Era um rapaz pela idade dela, ruivo, elegante. Debruçou-se sobre ela, perguntou-lhe algo delicadamente e ela esboçou um trejeito de enfado e disse que não, abanando a cabeça e ostentando um beicinho. Continuava miseravelmente infeliz, pelos vistos. Ele insistiu e ela agora soltou impacientemente "Já disse que não quero. Já comi!". Estava nitidamente a tentar marcar uma posição. Ele, por seu lado, não podia ser mais ternurento e dedicado a ela.
Quando ele chegou novamente com um tabuleiro com duas bifanas no pão (que ela nunca viria a comer), o clima manteve-se. Ela com os olhos tristes, um olhar vago. Mas os olhos dele!... Os olhos dele, esses não enganavam! Fixavam-se nela com tanto amor! Amor...e medo da birra dela, não fosse ela perder o controle ali em público a qualquer momento. Mas não. Manteve-se em silêncio. E ele tentava calmamente resgatar a normalidade àquele relacionamento, como de resto fazia sempre. Ele sabia que ela costumava ter aqueles momentos e era melhor deixá-la acalmar. Só tinha que lhe provar o seu amor. E isso era tão fácil! Aquele homem move montanhas por aquela mulher. Só ela existe. Só ela importa. E aparentemente, só ela é que não percebe isso.
(Nota: São só cenas das pessoas que vou "alservando" e das vidas que vou imaginando ...)
Hoje gostaria de falar-vos na Barbie. Barbie é o nome "artístico" que lhe vou dar.
A Barbie é uma colaboradora relativamente nova lá no estaminé, em tempo no serviço e em idade. Ainda não tem 30 anos e foi recentemente contratada.
A Barbie não sabe nada de nada. Tudo sem exceção faz confusão à sua cabecinha de boneca. É basicamente uma inútil com pouca vontade de aprender. Temos que lhe explicar tudo e tudo faz com má vontade como se lhe estragasse a beleza. Parece dizer, entediada, cada vez que lhe é atribuída uma tarefa, "não foi para isso que a minha mãezinha me criou".
A Barbie é linda e bem feita. Alta, magra, parece uma modelo. Só lhe falta um bocado de cú, sinceramente. Deve ser por não comer. Sempre que fazemos lanches no trabalho, à vez, a Barbie recusa-se sempre a comer. Talvez tenha medo que lhe calhe a ela um dia ou talvez simplesmente comer não seja a sua praia. O cú enfesado faz adivinhar isso. É uma pena. Ela é perfeita. Só lhe falta um cú mais redondinho. No outro dia, subiu-se-me um "sistema nervoso" de ver que ela não comia, que até disparei "Quem não é para comer, não é para trabalhar", frase velha e batida que sempre ouvi na minha casa. E tão verdadeira! Confirmada pela Barbie. (Tenho este problema de não segurar as palavras quando fico com o "sistema nervoso". )
A Barbie move-se devagar, pavoneia-se no alto dos seus saltos de 20 cm, esguia e altiva. Faz tudo devagar. Trabalha devagar, fala devagar, baixinho, caminha devagar, talvez até fod@ devagar ou nem o faça porque lhe borra a maquilhagem.
A Barbie não conversa com ninguém... do sexo feminino. A sério! Juro! Não consegue estabelecer um diálogo com nenhuma de nós. E nós bem tentamos. No entanto, com os homens é outra conversa. Procura-os e é ao lado de qualquer um deles, sem exceção, que estabelece sempre amena cavaqueira. Nem parece a mesma. Transfigura-se. Até acelera o estilo habitualmente parado. Reparei hoje nisso. Aquilo intrigou-me, marcou-me. Será coquetterie?Serão só manobras de sedução? Ou sentir-se-á genuinamente mais confortável com homens? Achará que nós, mulheres, temos ciúmes da sua beleza e joga à defesa connosco? Eu cá não! Até gosto tanto de ver mulheres bonitas! Terá ela tido alguma má experiência?
Eu e esta minha mania de tentar entender a natureza humana! Não descanso enquanto não souber o que pode justificar ela não lidar bem connosco, as suas "sisters in arms". Prometo que lhe hei de perguntar se ela foi criada por homens ou tem irmãos homens ou qualquer outro contexto que explique aquele comportamento. Assim ela me responda... Senão, recorro a um homem.
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