Dia Internacional da Mulher
Mais de vinte anos após a Declaração e Plataforma de Ação de Pequim aprovada na 4ª Conferência Mundial sobre as Mulheres (Pequim, 1995), a necessidade de um compromisso global para alcançar a igualdade de género mantém-se. Eu até sou das que gostariam que o Dia Internacional da Mulher não se celebrasse. Seria bom sinal. Mas, infelizmente, ainda existem razões para que a data não passe em branco:
- Porque não há justiça salarial para as mulheres na medida em que, em muitos casos, a mulher continua a auferir salários mais baixos em relação ao homem, mesmo nos mesmos empregos e desempenhando trabalho igual;
- Porque a emancipação económica da mulher ainda tem um caminho a percorrer, na medida em que uma menor percentagem das mulheres tem emprego remunerado em comparação com os homens;
- Porque as mulheres, segundo li algures, continuam a fazer até três vezes mais trabalho não remunerado do que os homens, nomeadamente as tarefas familiares e domésticas, sendo que Portugal está no topo dos países da OCDE com maior disparidade entre homens e mulheres na realização de tarefas domésticas;
- Porque ainda há países e comunidades em que a mulher não tem direito à educação;
- Porque ainda se ouvem, em pleno séc. XXI, declarações criminosas como a do eurodeputado Janusz Korwin-Mikke, no Parlamento Europeu, que afirmou que as mulheres devem ganhar menos do que os homens porque são mais pequenas, fracas e menos inteligentes.
- Porque ainda se praticam barbaridades contra as mulheres, como a mutilação genital feminina.
- Etc etc etc.
Neste dia 8 de março, é pois importante celebrarmos mais um Dia Internacional da Mulher, reconhecendo a centralidade da exigência do cumprimento dos direitos das mulheres. Porque os direitos das mulheres são direitos humanos.
Sisters, conhecem a campanha internacional "Não Me Calo"? Hoje, mulheres de 48 países vão parar no #8M e as mulheres portuguesas juntam-se à paralisação mundial neste Dia da Mulher, com manifestações em Lisboa (Rossio), Coimbra e não sei se noutros locais. Se quiserem conhecer melhor a iniciativa/greve, saibam mais em https://www.facebook.com/8MPortugal/. Eu já decidi. Será um dia de trabalho normal no emprego (felizmente, neste aspeto, não me posso queixar da carreira profissional que construí e valorizo-a), mas não farei tarefas domésticas, porque estas calham-me maioritariamente a mim no resto do ano. Estou em greve! Hoje os homens que se amanhem. Tenho dito!