Começou a época
(Créditos na imagem)
Falo de futebol, pois claro.
Hoje de manhã lá fui eu assistir ao jogo do meu "Messi". Está a jogar bem que se farta, o gajo! Sai ao pai, que também jogou à bola na equipa cá da terra, tal como o filho agora joga. Diz quem sabe que ele era bom, um tecnicista. Acho que o filho faz justiça à habilidade do pai. Até já foi chamado para fazer um treino no Benfica, atenção! Já jogou na posição de avançado, mas agora está a jogar a médio. Distribui jogo, é uma espécie de patrão da equipa. Hoje marcou um golo de fora da área, um "chapéu" irrepreensível. Que orgulho!
Adoro ir à bola ver o meu filho. E ele adora jogar à bola. Joga aqui na equipa da terra, uma terra pequena onde não há assim tantos jogadores e muitos deles, uns após outros, foram saindo para outras equipas de terras maiores aqui à volta. Agora a equipa do meu filho está com dificuldade em ter jogadores suficientes e corre o risco de não conseguir cumprir a época. Estou triste por isso, porque sei que ele também ficará, se tiver que deixar de jogar. Estou triste e indignada com a atitude dos pais que se deixaram levar pelos caprichos dos filhos em querer ir jogar para outras equipas, deixando os companheiros de equipa de longa data, da equipa onde desde sempre frequentaram as escolinhas de futebol, em perigo de ficar sem jogar. E tudo só por vaidade de ir para uma terra maior. Acabaram por ir todos para equipas de cidades, mas que estão na segunda e terceira divisão distrital, deixando a equipa cá da terra que, vejam bem, está na primeira divisão distrital. Ainda se fossem jogar no campeonato nacional, com o sonho de virem a ser jogadores profissionais de futebol, eu até entendia... Agora assim... Alguns até têm ficado no banco! Inteligentes!!! Vá-se lá perceber?!
O ser humano continua a surpreender-me. Para mim estas que descrevo são atitudes de labregos, de pacóvios que se sentem inferiorizados ou envergonhados das suas raizes rurais. Eu teria vergonha é de ensinar os meus filhos a ter atitudes destas, a olhar só para os seus umbigos. Por isso é que, cada vez mais, os jovens são seres insatisfeitos, narcisistas e sem empatia pelos sentimentos dos outros. A deslealdade, a traição (para mim é disso que se trata!) permitida pelos pais, hoje é no futebol,... amanhã será em quê?
O futebol, como outros desportos coletivos, é uma atividade tão importante para o crescimento dos miúdos, ao nível físico, mas também ao nível social, em termos de aprendizagem de valores, da vivência do espírito de equipa, da noção do coletivo, do respeito pela autoridade. Estes pais que estiveram tão dispostos a fazer todas as vontades aos filhos (neste caso, até as promoveram!), estragam tudo num ápice. Ignorantes! Por estas e por outras é que vou perdendo a fé na humanidade...
Mas, por outro lado, sinto-me feliz de ter um filho que, com tudo isto a acontecer, não se deixou influenciar e nunca sequer sugeriu mudar de equipa. Um filho que é leal à sua equipa de sempre, mesmo correndo o risco de ficar sem jogar. Meu rico filho!