Espécie de carta aberta a uma blogger desiludida
Recebi hoje um comentário de um anónimo com um nome feminino (paradoxal isto!) em Eu naba me confesso que, apesar de toda a cordialidade nele contida, o conteúdo a roçar o amargurado com alguns laivos de ironia / sarcasmo derrotistas, teve o efeito de me deixar a pensar no assunto mais do que gostaria. Todo o dia matutei nisto! Tenho este problema de pensar demais, mesmo em coisas banais e comezinhas. Não é o caso hoje em apreço, porque a pessoa até aflora um tema pertinente neste mundo da blogosfera. Parabéns por isso! Objetivo atingido, portanto. Lamento: não conseguirei é seguir o conselho final. Preciso dos outros... Todos dependemos uns dos outros...
Talvez seja apropriado dar a conhecer o teor do comentário. Versava assim:
"Querida Maria,
Afinal conseguis-te o propósito, há quem seja mais naba do que tu, há quem não queira comentários nem os publique, quem vá ao blog alheio (raramente) e deteste que venham ao seu. Quem não siga a "corrente" nem as normas blogueiras e diga os disparates que lhe apetecer sem mágoa ou afecto, e por cá ande solitária e feliz, afinal isto são só blogues, não certidões de casamentos nem sites de encontros. Deixa Maria, já és destaque. Trabalha muito, esforça-te pede e assimila que farás do teu blogue o melhor do mundo. Embora o mundo se esteja nas tintas.Mas, já agora, um conselho; nunca dependas dos outros para ser feliz. Bjs."
Respondi também cordialmente ao comentário, com toda a educação e respeito que me merece alguém que, sendo alegadamente feliz sozinha e não gostando de se relacionar com outros bloggers, se dá ao trabalho de comentar neste meu humilde espaço.
Mas, como o dia foi relativamente calmo no trabalho e me permitiu, volta e meia, regressar em pensamento ao assunto, não resisto a partilhar agora algumas conclusões que fui esquematizando mentalmente e que completam a curta e pouco refletida resposta que dei. É certo e sabido que pouco interessará ao/à dono(a) do comentário, já que não costuma ler blogs alheios. Pelos vistos, só lerá destaques (penso que foi aí que me encontrou), o que possivelmente quererá dizer que nunca mais nos cruzaremos. Com muita pena minha. Já explico.
Mas vamos às questões que se levantam e a algumas conclusões, assim a talhe de foice:
- Não conheço ou domino as "normas blogueiras"! Nem quero!
- Não quero fazer do meu blog o melhor do mundo! Nem conseguiria. Nem de longe nem de perto! E também seria uma chatice porque depois teria que ir à televisão e tal, e eu sou muito anti-vedeta e "low profile".
- Trabalho muito, sim, mas não é aqui, nem pode ser, por falta de tempo. Esforço-me e trabalho muito é no meu emprego onde tenho grandes responsabilidades, e em casa onde tenho outras tantas grandes responsabilidades. Aí é que obtenho os meus maiores destaques. Estou permanentemente em destaque, aliás! Cada um tem aquilo que merece...
- Por aqui, digo quase todos os disparates que me apetece, mas continuo a sentir mágoas e afetos (os meus já respeitam o acordo ortográfico, porque, lá está, acredito que "se não os podes vencer, junta-te a eles". Já a forma usada de "conseguis-te" não encontra justificação plausível nas transformações e evolução da língua lusa).
- Já estive por aqui isolada e não gostei! Não tenho vocação para eremita.
- Ninguém é feliz sozinho, por muito que repita isso para se convencer a si próprio. Dependemos dos outros para sermos felizes, SIM! A vida não faria sentido de outra forma.
- Por que raio é que alguém quereria ter um blog, se é só para "consumo" próprio? Um diário, daqueles com cadeado e tudo, cumpriria exatamente o mesmo efeito... ou melhor!
Posto isto, cara comentadora, não lhe aconselho nada (quem sou eu?), mas tenho um desejo e agradecimentos a fazer.
O desejo:
Do alto da minha experiência comprovada, desejo ardentemente que descubra as virtudes e os benefícios de viver em comunidade, nesta comunidade que tão bem me tem recebido. Se assim vier a ser, também eu saberei fazê-la sentir integrada, como algumas almas caridosas têm feito comigo. Terei todo o gosto em ler os seus disparates e ficaria feliz que também lesse os meus. Seríamos duas nabas juntas e cúmplices na nossa nabice!
Os agradecimentos:
O profundamente sentido:
Obrigada por me permitir confirmar que era exatamente desta atitude perante a blogosfera, deste discurso (fatalista, amargurado e triste), deste isolamento, que eu queria fugir. Ainda bem que já não vivo aí! Aqui, com vizinhos, é muito mais divertido, acredite.
O mais pragmático:
Obrigada por me facultar tema de conversa para hoje, que isto por estas bandas estava mau para a criação artística... Segunda-feira e tal...
Beijos,
Maria Mocha