Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.
Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.
(Só pensamentos avulsos em noite de insónia, porque só tinha o teclado do tlm com quem falar. Não valem o tempo de ninguém, a não ser dos meus mais próximos. Mas a esses não deveria ser necessário dizer nada disto, não é?)
Devemos escutar as pessoas quando estão com raiva porque é nessa altura que a verdade sai.
A verdade... Não quero essa verdade dita num momento de raiva! Essa verdade pode atingir-nos como um raio. Essa verdade pode matar-nos. Mata-nos, sim. E eu não queria ouvir verdade nenhuma. Estou de férias. Preciso de férias. Mereço férias. E não merecia dessas verdades ditas num momento de raiva. Era só isto que eu queria: alguns dias de paz interior. Será que, em nome dessa ansiada paz, posso acreditar que, afinal, também se dizem mentiras em momentos de raiva?
Como dizer isto de forma suave? Mais uma vez se provou que não sou valorizada por quem mais tem obrigação de me valorizar e razões para isso. Pelo contrário, isolam-me, diminuem-me psicologicamente. E, no entanto (sei que tenho defeitos e estou longe de fazer tudo certo), tenho a certeza absoluta de que sou muito mais e melhor do que aquilo que me reconhecem.
Enfim... sinto que nasci para sofrer. Há sempre alguma coisa a ensombrar a minha existência. Porém, ninguém o dirá... Dispendo demasiado esforço a disfarçar o que sinto. Nunca sucumbo ao sofrimento e isso também me vai destruindo por dentro. Um farrapo. Os outros vêem uma fortaleza, eu sinto-me um barco à deriva, sem terra à vista nem nada nem ninguém a quem recorrer. Sozinha...
Pois é... Tenho tudo para ter uma vida perfeita. Mas "não há vidas perfeitas", digo sempre quando tenho conhecimento do sofrimento de alguém. Secretamente, enquanto digo isso, é sempre na minha vida que estou a pensar.
Lamentavelmente, o sofrimento não me é uma boa musa inspiradora. Tivesse eu um bocadinho de Florbela Espanca para pôr em versos esta tristeza que sinto, esta sensação de não pertencer a lado nenhum.
Estão a ver aquele sentimento de alívio que nos invade quando se consegue desbloquear algo complicado? Por exemplo quando se alcança a resolução de um problema desafio no trabalho ao fim de vários dias investidos nisso ou aquele alívio e descarga de tensão depois da adrenalina da preparação e apresentação de um trabalho na escola perante a turma ou num auditório perante uma informada plateia? Aquela altura em que finalmente vamos poder descansar o corpo e o espírito?
Pois... Esse meu sentimento só durou das 16 horas de terça-feira até às 9 horas de quarta-feira. Uma noite, portanto. Ultrapassada a situação anterior no emprego, outro problema ainda mais grave e de difícil resolução surgiu, também no trabalho. Reparem que desta vez não lhe chamo desafio...
Tenho a sensação que há uma força qualquer na minha vida que existe para me lembrar de que nunca posso descontrair. É assim no trabalho, é assim na família, é assim na saúde. Na saúde, então, parece mau olhado! Depois de ultrapassado (até ver!) o cancro de há sete anos e ao fim de quase um ano de quimioterapia e radioterapia e essas coisas todas que curam e matam ao mesmo tempo, apareceu-me rinite persistente, asma, caí e parti o úmero, tive uma ciática, e mais um sem-número de maleitas que vão aparecendo a espaços regulares. Nunca me curvei. Antes digo sempre "Se o cancro não me matou, também isto não me vai matar" ou "Tive cancro. Não tenho medo de nada!".
Tem sido sempre assim. Quando descanso em relação a qualquer coisa, surge outra para me ocupar o cérebro. Talvez isto me livre de alzheimer, pelo menos. Ou então, talvez esta constante necessidade de adaptação seja a forma de a vida me ensinar o conceito de resiliência "the hard way". E, de facto, sou talvez a pessoa mais resiliente que conheço. Sou como a flor que não se verga à adversidade, que se recusa a aceitar não florescer só porque o contexto é desfavorável. Lutadora, nunca baixo os braços nem viro as costas a nenhuma dificuldade, ainda que sofra cá dentro, muitas vezes sozinha.
Esta faceta é-me reconhecida. Mas ser assim cansa...e muitas vezes aos olhos de quem nos rodeia, nós, as pessoas fortes, não precisamos de um abraço, de apoio, de ajuda.
Estou em baixo. Não me interpretem mal. Não sou uma coitadinha. Eu até tenho uma boa vida, acho eu. Sou feliz. Mas tenho a sensação de que tenho uma praga às costas que volta e meia vira tudo do avesso num abrir e fechar de olhos. É só isso.
A minha casa está uma desorganização que só visto. Em muitos sentidos. E quem diz a minha casa, diz a minha cabeça, a minha vida. Ninguém imagina os demónios que cada mente alberga, as feridas que cada corpo carrega. Mas para fora uma existência feliz, uma vida por muitos desejada. Uma ilusão... Não sabem nada. Todos carregamos a nossa cruz e cada um é que sabe o peso da cruz que lhe verga as costas. E a minha não tem sido leve...
Cá me vou aguentando, uns dias melhor, outros dias pior. Hoje manifestamente mal! É a vida e temos que a viver conforme se nos apresenta. E só temos uma...
Fui desafiada pela querida autora do blog umacartaforadobaralho para responder a algumas perguntinhas sobre o meu verão perfeito. Pois bem, sou pessoa que não é muito exigente no que diz respeito ao verão. Para mim, o facto de ser verão e eu ter uns dias de férias é o bastante para eu andar feliz e contente. "Eu gosto é do verão", mesmo!!! E naquelas 3 semanas em que fujo à rotina, ando descontraída e sem grandes acessórios, como vão perceber a seguir. Uma das coisas boas do verão é não ser necessário o "dress code" que tenho que respeitar o resto do ano.
1. Qual é a tua peça de roupa favorita para usares num dia super quente de Verão?
Se estiver em casa, gosto mesmo é de andar com uma T-shirt e em cuecas. Verdade! Se tiver que conviver com pessoas que não a minha família nuclear, opto por vestidos leves ou saídas de praia, peças às quais eu não resisto. Já comprei dois vestidos fresquinhos e mimosinhos nestes saldos.
2. Se pudesses escolher APENAS um batom para usares todo o Verão, qual seria?
Se eu no dia-a-dia não uso baton, muito menos no verão.
3. Qual o verniz que mais usas no Verão?
Só uso verniz nas unhas dos pés. Vermelho é a minha preferência.
4. Escolhe e mostra o teu Acessório favorito para o Verão!
Óculos de sol, sem dúvida! De verão e de inverno! Tenho muita sensibilidade à luz.
5. Qual a bebida que mais gostas de beber no Verão?
No geral, bebo água. Mas se tiver assim um jantarinho caprichado, gosto de uma bela sangria de espumante com frutos vermelhos (a que a minha irmã faz é ótima) ou um vinho verde branco, bem fresquinho. Também me sabe muito bem limonada, no verão.
6. Onde costumas passar a maior parte das tuas férias de Verão?
Já passámos a fase do Algarve, por culpa daquela ideia de que se as férias não fossem passadas no Algarve não tinham verdadeiro sabor a férias. Agora já não fazemos questão. Nos últimos anos, rendemo-nos à costa alentejana. Sentimos cada vez mais a necessidade de fugir à confusão e o ambiente e a praia nessa zona são muito mais calmos. O resto do tempo de férias é passado, impreterivelmente, no nosso cantinho no Minho. Também fazemos praia no norte. E o cheiro intenso das praias do norte não se encontra cá em baixo, garanto-vos.
7. Quais são os teus sapatos favoritos para usares no Verão?
No seguimento do que já revelei sobre a necessidade de leveza (no vestuário e na alma!), sinto-me bem é com havaianas. Às vezes, até à noite uso havaianas. Não sou mesmo nada fashion blogger...
8. És do tipo de pessoa que gosta de "torrar" ao sol com óleos de corpo ou usas sempre protector 50+ e pões-te à sombra nas horas de maior calor?
Sou do tipo de pessoa que tem medo dos danos do sol na pele, mas ao mesmo tempo impaciente demais para usar protetor e deixar passar as férias sem nunca conseguir um bronzeado minimamente apresentável. Ou seja: uso protetor comedidamente ou não uso e procuro as sombras quando o sol está a pique... Aliás! Há teorias que afirmam que usar protetor é pior para a saúde do que receber o sol diretamente.
9. Faz uma breve descrição das melhores férias de Verão que já tiveste.
As melhores férias de verão são sempre as que estão para vir. A expectativa das férias supera as próprias férias. É só comigo que isto acontece? Estou a sensivelmente um mês de ter as minhas merecidas férias e já estou nesse estado agradável de antecipação das ditas cujas. Faço muitos planos, idealizo os meus dias passados a preguiçar ou a jardinar ou a ler ou simplesmente a contemplar. E depois, às vezes, acontece não ser nada como eu idealizei.
10. Nomeia 5 pessoas para responder a esta TAG.
Ora, deixa cá ver... Não sei quem já participou, mas cá vai uma seleção aleatória de gente boa!
Se já participaram, relevem a minha distração. Se não quiserem participar, sintam-se à vontade. Só nomeio para não ser desmancha-prazeres, porque a bem dizer não me sinto nada confortável neste papel de vos vincular a um desafio que podem não querer cumprir.
Segurem-me, que eu ando com uma vontade incontrolável de dizer umas verdades, colocar tudo em pratos limpos, pôr uns pontos nos "is", até armar um barraco ou rodar a baiana, se for preciso.
Mais um dia pela frente para lidar com uma "paz podre" que está instalada lá no estaminé. "Tens que ser forte! Não te deixes ir abaixo". Pois... Sou forte há demasiado tempo. E por isso é que ninguém à minha volta me vê como eu sou, com todas as minhas fragilidades, para lá da capa de força que ostento. Às vezes sinto que não tenho verdadeiros amigos. As pessoas apenas têm interesses, querem aquilo que eu lhes posso dar. E a algumas dou muito! Até lugares ao sol, vejam lá! Mas pelo menos respeitassem-me por isso e fossem leais. Acho que não seria pedir muito...
Definitivamente, vou ter que esclarecer alguns pontos, limar algumas arestas, mexer com a ordem instalada. Vou ter que reunir as pessoas, ser frontal e definir regras e procedimentos, mantendo a calma e a cabeça fria para fazer tudo de forma civilizada, com o mínimo de prejuízo para a paz social. Depois de uma discussão que aconteceu ontem (a pessoa ficou totalmente alterada só porque eu, que sou quem dirige o estaminé - vejam bem a audácia e desfaçatez da minha pessoa!, pedi educadamente - juro que foi educadamente - que não voltasse a decidir sobre assuntos importantes com outra pessoa como se eu não estivesse lá, quando eu estou lá), não há mesmo forma de dar a volta sem uma "dispensa" na minha equipa. Ou ela ou eu. Aliás, a pessoa se tivesse vergonha, depois do que me disse a mim que a escolhi para minha colaboradora, pediria para sair das funções que está a desempenhar. Pelo que afirmou, penso que não está satisfeita. E se não está bem, só tem que mudar-se. É claro que a pessoa acha que tem toda a razão do mundo e que não me deve um agradecimento sequer. São assim as pessoas... É assim a vida...
Tenho que acabar com algumas rotinas instaladas e alguns vícios. Tenho que registar tudo o que pretendo mudar, que a minha cabeça já teve dias melhores. Tenho que começar a tirar notas do que me vou lembrando. Este fim-de-semana tem que servir para pôr a cabeça em ordem no que diz respeito a estas questões. É vital definir a linha de atuação daqui para a frente, até por uma questão da minha saúde mental. Já vi que ali não há amizades. Trabalho é trabalho e até sou eu que tenho a faca e o queijo na mão, por isso... temos pena!
Não sei se já perceberam, mas vocês, seguidores, são muitas vezes os meus confidentes mais próximos. Fez-me bem, este desabafo. Obrigada a quem ler e conseguir sentir alguma empatia comigo neste assunto. Contei ao M e ele apoia-me, mas também anda assoberbado demais, tal como eu ou pior. Mal temos tempo para trocar meia dúzia de palavras. Podem crer que é mesmo assim cá em casa. Há fases em que o trabalho rouba demasiado espaço à vida familiar. Os nossos filhos, agora de férias escolares, andam mais ou menos em auto-gestão. Ao "deus-dará", basicamente. Felizmente acho que posso confiar neles. Acho...
E é isto... Ando a fixar-me demasiado no EU, EU, EU!... Isto ainda descamba numa depressão, se é que não caminha já para lá... Ou talvez sejam carências... Ou é o facto de eu ser muito observadora e aperceber-me de todas as facadinhas que me vão dando. Gostava de ser mais "panhonha". Mas não sou e agora enchi! Preciso de férias... Mas ainda falta tanto...
Se há coisa que detesto é que me apareçam a bater à porta desconhecidos para me impingir alguma coisa. Seja um vendedor para propor uma transação comercial, sejam os jeovás para me apresentarem o paraíso, seja quem for. Até mesmo conhecidos, às vezes não me cai bem que apareçam sem avisar para alterar a minha rotina e invadir a minha privacidade. Gosto de visitas, sim, mas planeadas e combinadas. Fora isso, gosto de usufruir do sossego da minha casa, lá está!, em sossego.
Um dia destes calhou aparecer um indivíduo da eletricidade, que eu nem sequer cheguei a ver, por sinal. Está a pessoa no seu lar, em t-shirt e cuecas a pavonear orgulhosamente a sua celulite, no curto tempo ao fim do dia em que consegue usufruir da sua casa, e aparece-lhe alguém a atrapalhar, o que é que a pessoa faz? Esta pessoa pergunta quem é sem abrir a porta, ouve a resposta, pede imensa desculpa e diz que respeita muito o trabalho do indivíduo mas naquele momento não pode abrir sequer a porta e atender porque está em trajes menores. Tudo verdade! E do outro lado? Uma reação de desconcerto e um pequeno esgar de riso quase inaudível. Foi evidente que nunca lhe tinham apresentado o argumento da (semi)nudez... Mas, sem mais insistência, lá se foi.
Por isso, já sabem. Se não quiserem ser incomodados(as), não cheguem sequer a abrir a porta e digam que estão nus, para não dar hipótese de começarem a desenrolar-vos o fio de uma conversa que depois é mais difícil interromper. Esse é o segredo. Malcriada? Bicho do mato? Não quero saber! Hoje em dia já só abro a porta se, e quando, eu quero e a quem eu quero. Seja a porta de casa, seja a do coração. Literal e metaforicamente, portanto! Malcriadoooona!!!
Um dia li algures: só há dois tipos de pessoas capazes de agradar a todos:
Os mortos
Os mentirosos
Não sei onde li e não sei a autoria da máxima, mas tem o seu "quê" de verdadeiro...
Talvez seja inerente à condição humana, e ainda mais presente no género feminino, a necessidade de agradar.
Durante grande parte da minha vida e até determinada idade, tive uma preocupação excessiva, quase doentia, em agradar aos outros, em transmitir uma imagem simpática de mim própria, em ser socialmente aceite. Isto, na fase da vida em que, como talvez a maioria das pessoas, não tinha aprendido sequer a gostar de mim própria em primeira instância. Hoje percebo que me devia ter dedicado mais cedo a conhecer-me, aceitar-me e a gostar de mim. Durante muito tempo fui insegura mais do que gostaria de ter sido e certamente mais do que se justificava que fosse. Tive complexos ridículos, mesmo tendo tido a felicidade de ser rodeada por quem me provava (e prova!) o contrário do que sentia, que me conhecendo profundamente via e vê o melhor de mim. E o pior de mim, e mesmo assim permanece ao meu lado.
Hoje, a cada dia que passa mostro-me mais eu mesma a quem me rodeia. Já não faço fretes e tenho vindo a perder a habilidade para fingir. Bate certo! Não estou morta nem sou mentirosa... Será esta maior genuinidade uma das manifestações de maturidade? Ou simplesmente já não estamos para merdas?
Ainda no seguimento do assunto de ontem, abordado aqui, lembrei-me do Livro do Desassossego, onde Fernando Pessoa disse: “Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos se a tivéssemos. O perfeito é o desumano porque o humano é imperfeito”.
Ando numa fase de baixa autoestima. Nota-se, não é? Queria mudar uma série de coisas em mim. Queria erradicar as rugas que já se instalaram. Queria perder uns quilitos. Queria ostentar no corpo a firmeza que mantenho em termos de personalidade e caráter. Queria voltar a ter o viço dos 20 anos. Aspiro ao impossível, portanto.
Mas asseguro que não quero ser perfeita. Só quero sentir-me bem comigo própria. Hoje começo, pois, a cuidar mais de mim. Perante os tontinhos (vós!... mas entendam o termo como carinhoso) que ainda perdem tempo com as minhas baboseiras, comprometo-me a ter mais cuidado com o meu corpo. A partir de hoje vou ter mais atenção ao meu invólucro. Tenho a certeza que interferirá positivamente com o meu estado de espírito, que não tem andado nada recomendável.
Demasiadas vezes me questiono se não deveria assumir aqui a minha identidade. Mas rapidamente penso: Para quê? O que é que isso interessa? Desta forma continuo a ser eu, se calhar muito mais eu.
Na verdade, acho que sou mais genuína assim anónima. Na "vida real" fingimos demasiadas vezes e se me conhecessem a identidade, eu teria que fingir também aqui, usar a tal máscara de que nos falava Luigi Pirandello e cuja referência eu fiz aqui. Passaria a ser apenas uma sombra de mim. Certamente seria mais comedida e talvez escrevesse só sobre as tendências de moda da estação, ou partilharia receitas de culinária, ou outros assuntos desse tipo.
Como é que hei de pôr isto? Esta personagem funciona como um alter-ego de mim própria, liberta-me as amarras que arrasto durante os meus dias todos iguais de mulher que precisa manter uma imagem de seriedade.
Dou-vos um exemplo. No meio em que me insiro, e por força da minha atividade profissional e também da do M, sobretudo a do M, não seria nada conveniente que soubessem que falo de sexo à segunda-feira, ainda que de forma bastante soft. Tenho até um colega púdico que ficaria escandalizado! Percebem o dilema?
A palavra escrita tem muita força. As fotos de nós e das nossas vidas também. Na internet ainda mais. Podemos apagar mas, uma vez algo publicado, perdemos o controle sobre isso.
Chamem-me cobarde. Talvez seja o que sou, bem analisadas as coisas.
Ontem nem consegui responder aos vossos comentários. Talvez hoje. Desculpem-me.
Têm sido dias e semanas do mais stressante que há. Hoje lá no trabalho vai ser mesmo a doer. Durante duas horas vou enfrentar uma situação de muita responsabilidade que, para mim, vai ser um autêntico suplício. Acho que se ultrapassar esta com distinção, de tudo serei capaz.
Estou acagaçada... Preciso que o vosso pensamento positivo esteja comigo. Posso contar convosco?
(Podia colocar aqui um post dos que tenho em rascunho dos mais variados assuntos. Mas não consigo ser blogger a esse ponto. Só penso na batalha que vou travar hoje e não seria honesta comigo mesma em vir para aqui escrever sobre qualquer outro assunto. Sou assim... )
Haverá um tempo médio de atividade de uma espécie de blogger que desbobina práqui cenas mas que nunca aspirou fazer disto vida?
Leio referências ao cansaço incontornável que inevitavelmente se sente ao fim de algum tempo e volta e meia alguém que estamos habituados a ver por aqui desaparece sem deixar rasto. Também há os que se despedem, mas outros simplesmente evaporam-se. Alguns com pena minha. Alguns voltam. E saem novamente. Há algo de cíclico nisto...
Palavras de ordem: cansaço e incapacidade para conciliar as várias vertentes da vida, blogues incluídos (tanto a produção no meu como as devidas e justas visitas aos da comunidade).
Posto isto, o que fazer e sentir quando nos parece que pode estar a chegar a nossa vez? É-se transparente, escreve-se brevemente sobre isso e adia-se o emergente esperando que amanhã se veja o mundo com outros olhos. Afinal, tudo na vida é uma questão de perspetiva...
É quarta-feira de cinzas (é assim que se chama, não é?) e, como tal, terminou a autorização para as grandes manifestações de alegria, porque começa a quaresma com toda aquela tradição religiosa que felizmente vai caindo em desuso. Eu ainda sou do tempo em que, na minha terra, na quaresma, não se podia, por exemplo, comer carne hoje e nas sextas-feiras seguintes, que antecedem a Páscoa, tradição que na minha casa se cumpriu escrupulosamente, até determinada altura. Depois começámos a perceber que quem pagava ao padre, à igreja, o podia fazer (comer carne, entenda-se). Ou seja, podia-se comprar o pecado. Pecava-se, mas reservava-se na mesma um lugar no céu com a dízima. Não sei se entretanto as regras mudaram ou se foi de nossa iniciativa, o que é certo é que, lá em casa, deixámos de ligar à imposição de jejuar mas nunca pagámos nada a ninguém. Cá está uma daquelas coisas que afasta fiéis... se o povo puxar um bocadinho pela cabeça.
Àparte as questões religiosas, hoje é mesmo quarta-feira sem riso e alegria, para mim, pelo menos até mais logo. É dia de ir fazer a mamografia anual e ficar a saber se ganhei mais um ano. Não se choquem. É mesmo assim. Depois de se ter cancro, contamos os anos daquilo a que os médicos chamam de sobrevida. Eu já conto seis. Este é sempre, como se adivinha, um dia de grande nervosismo e ansiedade. Desejem-me sorte.
Hoje inicia-se também aquele mês que marca para mim o início do florescimento pessoal, em que me começo a encher de vitalidade. Março da Primavera, março também da minha primeira incursão na maternidade. Como as flores do campo que começam agora a despontar nas bermas e valados dos nossos caminhos, também eu hoje posso ser fénix renascida das cinzas desta quarta-feira. Se tudo estiver bem mais logo, a partir de agora tudo só pode melhorar. Acredito!
Não abram. Não vale a pena. A sério. Não se demorem por aqui, que não há nada de novo.
Andei por aqui a dar voltas à cabeça. Continuo com o mesmo desânimo, mas queria, apesar de tudo, dar-vos coisa alegre. Queria dar-vos uma mão cheia de boa disposição e uma boa dose de humor. Queria fazer-vos rir na esperança de que também eu saísse deste estado letárgico em que me encontro e que tem vindo progressivamente, nos últimos dias, a tomar conta de mim. Mas não sei fingir...
Sinto-me invadida por uma sensação de desamparo, vazio, desorientação inextinguíveis.Talvez seja sobretudo cansaço, como muitos de vós aflorastes!
Cansaço de mim, que sou uma sombra do que fui.
Cansaço de lutar contra a maré em todas as frentes da minha vida.
Cansaço de aparentar ser a fortaleza que não sou.
Cansaço desta vida cinzenta, de responsabilidades e trabalhos pouco partilhados.
Cansaço de não encontrar tempo para dar cor aos dias cinzentões, sempre iguais.
Cansaço da rotina de um emprego cada vez mais desmotivante e desanimador.
Cansaço de tudo e de todos.
Cansaço de nada.
Cansaço!
Quero urgentemente tirar uns dias de descanso. Preciso mesmo. No próximo fim-de-semana vou fazer ponte. Sempre são quatro dias sem o stress habitual. E vou ao Ninho Minho! Entretanto, oxalá hoje tenha uma vitória qualquer, um mimo inesperado, qualquer coisa que me anime. Qualquer coisa, mesmo pequenina, só para aguentar até ao fim-de-semana sem vos atormentar mais com as minhas cenas.
Um dia, já há uns bons anos, um colaborador lá no emprego, grande admirador da forma como eu liderava a organização e geria o estaminé, numa reunião de trabalho teceu-me o que ele considerava ser um grande elogio: comparou-me a uma figura proeminente da vida política portuguesa à época, de quem era grande admirador. Adivinham quem? Esse mesmo: o animal (cada vez menos) feroz do José Sócrates, hoje fera em vias de poder vir a ser enjaulada. Confusões à parte, não sei se deveria ter ficado contente ou triste com o elogio. Mas eu percebi o alcance das suas palavras e, admirem-se, até apreciei a comparação.
Bem, o que é certo é que hoje me sinto cada vez menos feroz. Como ele, por motivos bem diferentes (descansem!), continuo a estrebuchar, a esbracejar para me manter à tona. Mas começa a ser muito difícil. Sinto-me uma presa acossada, rodeada de predadores, numa selva hostil. Dias e mais dias de situações difíceis sucedem-se e elas têm-me sugado todas as energias, implacáveis. Chego impreterivelmente a casa ao fim do dia, dia sim dia sim, com vontade de me deitar no quarto às escuras e desligar do mundo. Mas continuo. Tem que ser. Muitas pessoas dependem de mim. Só mais o jantar e mais um sermão aos miúdos e não me posso esquecer que tenho que lhes retirar o telemóvel e outras distrações porque estão a desperdiçar tempo útil de estudo. Não posso desistir dos meus filhos. Deles, não me demito. E no dia seguinte, levanto-me e enfrento mais um dia com normalidade aparente, repetindo a mim própria que tenho que ser forte. Nunca fui de desistir de nada, não vai ser agora. E vou a caminho do trabalho e penso no que me poderá estar reservado neste dia. Um dia de cada vez. Mas estou esgotada. Queria poder abraçar a minha mãe.
Talvez só me faltem amigos tão fiéis como os do Sócrates, que me oferecessem umas férias num destino paradisíaco por tempo indeterminado. Mas talvez aí resida uma das grandes diferenças entre nós... Não tenho amigos dessa envergadura.
Isto não é uma lamúria. Sou só eu a pensar em voz alta. Na volta, se calhar é só o inverno que já vai demasiado longo...
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