Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.
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"Para ser grande, sê inteiro. Nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive."
Ricardo Reis
Deixo-vos com esta, que traduz um bocadinho da minha forma de enfrentar a vida... (e que me traz alguns dissabores, mas não sei ser de outra forma.)
Ainda no seguimento do assunto de ontem, abordado aqui, lembrei-me do Livro do Desassossego, onde Fernando Pessoa disse: “Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos se a tivéssemos. O perfeito é o desumano porque o humano é imperfeito”.
Ando numa fase de baixa autoestima. Nota-se, não é? Queria mudar uma série de coisas em mim. Queria erradicar as rugas que já se instalaram. Queria perder uns quilitos. Queria ostentar no corpo a firmeza que mantenho em termos de personalidade e caráter. Queria voltar a ter o viço dos 20 anos. Aspiro ao impossível, portanto.
Mas asseguro que não quero ser perfeita. Só quero sentir-me bem comigo própria. Hoje começo, pois, a cuidar mais de mim. Perante os tontinhos (vós!... mas entendam o termo como carinhoso) que ainda perdem tempo com as minhas baboseiras, comprometo-me a ter mais cuidado com o meu corpo. A partir de hoje vou ter mais atenção ao meu invólucro. Tenho a certeza que interferirá positivamente com o meu estado de espírito, que não tem andado nada recomendável.
(Dispensa apresentações, mas vá: "O Grito", de Munch. Sempre oportuno quando se fala de gente doida. No caso, eu!)
Hoje tenho vontade de contar algo sobre mim. Preparados para uma descoberta chocante? Para começar a semana em grande? Sim?
Não, não vou chocar. Sou uma pessoa comum. A minha cabeça é que é um bocado complicada. Povoam-na demónios, monstros, fantasmas, medos, e sonhos. "Tenho em mim todos os sonhos do mundo", tal como o heterónimo de um dos meus poetas de eleição, também ele dono de uma mente extremamente complexa.
Alto lá! Que heresia esta comparação! Afinal, estamos a falar de alguém que deixou uma obra brilhante, enquanto os bichos que me povoam a mim só servem mesmo para atrapalhar a minha vida. Desculpem lá o abuso. Não se volta a repetir!
Então voltemos a mim, o eu de certa forma caricatural e exagerado. (Não entendam sempre de forma literal aquilo que eu "digo". Gosto de exagerar quando falo de mim. Possivelmente, nem estarei a falar de mim, mas da raça humana em geral, da sua condição mental fragilizada, doente, fruto dos tempos em que vivemos...)
Sempre tive fases na vida, sempre alternei períodos de energia e felicidade exacerbadas com tempos felizmente mais curtos de uma melancolia e apatia desoladoras. Como toda a gente, se calhar. Mas tenho a impressão de que comigo estes extremos são mais vincados. Muitas vezes penso para comigo que devo ter uma condição mental única e que poderia bem ser um case study para garantir a uma qualquer tese de um estudante de psiquiatria uma nota exemplar.
Cá vai, sem mais porquês!
Reúno em mim, embora ténues, tonalidades de quase todos os transtornos mentais mais comuns e afins. Sim, leram bem! Fases há em que vou alternando, com o estado dominante de lucidez e sanidade mental, um bocadinho de tudo isto:
Doença bipolar,
Transtorno obsessivo-compulsivo,
Transtorno de personalidade borderline,
Transtornos fóbicos,
Depressão,
Perturbação de ansiedade,
Stress,
Síndrome de burnout laboral.
Sorte minha ser num grau que não chega à linha do que define uma condição psiquiátrica clínica... Ou azar meu, que nunca me permito extravasar. Extravasar, por vezes, é bom. Alivia...
Ah, é verdade! Também já sofri de anorexia na adolescência, numa época em que ainda não se lhe dava esse nome. Excluo da lista, para já, alzheimer e demência, psicopatia e sociopatia, e ainda esquizofrenia. O que, se pensarmos bem, poderá ser uma desvantagem para quem se arroga de querer escrever qualquer coisa, ainda que na desportiva. Eu explico! Provavelmente é por não ter vestígios daquele último transtorno, que nunca serei um génio da escrita, nem lá perto. Se calhar é por isso que não consigo reproduzir pensamentos como estes e outros, com frases (só aparentemente) simples:
"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo".
Mas confesso que gostaria de ter conseguido... Quem me dera conseguir...
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