Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.
Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.
Sou por natureza muito reflexiva sobre aspetos da minha vida. Roço o exagero, empreendendo demais nos assuntos. Sou basicamente uma cismática.
Esta qualidade (apesar de tudo, acho que é uma qualidade) permitiu-me o confronto com a triste realidade de que tenho desperdiçado demasiada energia e tempo em determinadas áreas da minha vida, em detrimento de momentos bons que eu poderia passar com coisas simples e por demais importantes. Inclusivamente, das quais sinto falta.
Ler, por exemplo, é uma das atividades que tem sido relegada para enésimo plano, a seguir ao trabalho, família e tarefas domésticas, redes sociais (blog incluído), até mesmo a seguir à televisão.
Eu, que adorava (adoro) ler! Shame on me!!!
Por isso decidi que vou recuperar a rotina da leitura antes de adormecer. Estou tão convicta disso que até já tenho ali o livro que se segue, o eleito, na mesa de cabeceira preparado e à minha espera. Ainda não vos falo hoje sobre ele. Qualquer dia...
(Fonte da imagem: http://www.revistabula.com/2590-10-livros-que-vao-mudar-sua-vida/)
Este desafio foi-me lançado pela Marta Elle. Obrigada, Marta!
É, no entanto, um desafio difícil. Muitos autores e obras que me marcaram ficarão de fora. Tantos! Gosto de José Saramago, Eça de Queirós, Fernando Pessoa, Jorge Amado, Umberto Eco e o seu O Nome da Rosa (este está entre os que não queria que acabasse), Aldous Huxley, Oscar Wilde (adorei O Retrato de Dorian Grey e já o li duas vezes), Simone de Beauvoir, Pablo Neruda, Mark Twain, Mario Vargas Llosa, Ernest Hemingway, até Enid Blyton e Agatha Christie (houve uma época na adolescência em que lia as coleções de livros delas compulsivamente), entre muitos outros.
Mas, enfim, tendo que escolher um livro por cada dia da semana, cá vai!
Domingo - Um livro que não queres que termine ou não querias que terminasse
Cem Anos de Solidão de Gabriel Garcia Marquez
Quando me entusiasmo com a leitura de um livro, tenho sempre pena que acabe. Enquadram-se aqui, portanto, muitas obras de variadíssimos autores, portugueses e estrangeiros. Mas, como tenho que escolher um, tem que ser de Gabriel Garcia Marquez, o prémio Nobel da literatura de 1982, um dos escritores mais importantes do século XX. A mestria com que o Nobel descreve a vida e as peripécias das várias gerações da família Buendía na aldeia fictícia de Macondo é ímpar.
Segunda-Feira - Um livro que tens preguiça de começar
Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra no Mar? de António Lobo Antunes
Este é um dos escritores preferidos do M. Talvez tenhamos no nosso escritório, senão todas, quase todas as suas obras. Mas para mim, no entanto, este é um escritor que tenho preguiça de começar a ler pela dificuldade de o acompanhar. Esta obra é só um exemplo. Ainda só li as primeiras obras do escritor. Não me interpretem mal. Ele é indubitavelmente um excelente escritor, tem talento como poucos e é uma leitura que não é para qualquer um. Acho inclusive que merecia ser prémio Nobel. O problema é que é preciso muita concentração para ler e compreender a sua escrita um pouco errática. E momentos que me permitam isso são raros. Mas hei de aprofundar mais a sua obra, sem dúvida!
Terça-Feira - Um livro que leste por obrigação
Eurico, o presbítero de Alexandre Herculano.
Quando me falam das leituras obrigatórias, associo à escola, e o primeiro que me vem à cabeça é este. Confesso que não o li na íntegra. Não tinha, na época, maturidade para isso. Recorri a livros de resumos e estudei o autor e a obra e correu tudo bem. O tempo foi passando e acabei por nunca o ler. Uma grande falha, eu sei.
Quarta-Feira - Um livro que deixaste pela metade ou estás a ler no momento
Guerra e Paz de Tolstoi.
Um clássico! São dois volumes de uma grande obra-prima da literatura mundial. Literalmente grande! Dois calhamaços! Vou a meio do primeiro volume, mas já tenho a obra na mesa de cabeceira há mais de um ano. O problema tem sido que tenho lido muito pouco ultimamente. Com todos os afazeres diários, só posso ler à noite e muitas vezes o cansaço não tem permitido. Tenho, infelizmente, relegado a leitura para segundo plano. Por isso, tenho tido dificuldade em conseguir seguir a estória e as personagens. Existem vários núcleos, muitas personagens, a parte histórica e, como passa algum tempo entre leituras, esqueço-me das ligações e acabo por desmotivar.
Quinta-Feira - Um livro "de quinta", que não recomendas
A Casa da Rússiade John Le Carré
Não achei grande graça ao livro. Romances de espionagem não são definitivamente o meu tipo de literatura preferida. No entanto, desde a minha juventude que adoro livros de mistério e romances policiais e de suspense. Espionagem é que não, obrigada!
Sexta-Feira - Um livro que queres que chegue logo (lançamento ou compra)
Grande Sertão:Veredas de João Guimarães Rosa.
Será a minha próxima compra. Estou ansiosa por ler algum livro de João Guimarães Rosa e talvez este seja o seu maior ex libris. Não li nenhum, mas recentemente uma pessoa aguçou-me o apetite sobre o autor e a sua obra, entre outros aspetos, com esta frase da sua autoria:
“O importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam.”
Sábado - Um livro que quiseste recomeçar assim que terminou
A Leste do Paraíso de John Steinbeck.
Li este livro na adolescência e marcou-me bastante. Trata-se de uma obra clássica da literatura norte americana, do grande escritor e também autor de As Vinhas da Ira, que me envolveu do princípio ao fim. Lembro-me que, por desconhecimento de que tinha dois volumes, alguém me ofereceu de presente só o volume 1 e eu não descansei enquanto não comprei o segundo volume. Livros sempre foram o meu presente preferido.
E pronto. Tenho que passar o desafio a alguém, não é? Então, desafio agora o Sr. Solitário e o Heterodoméstico. Se já foram desafiados, ou não quiserem aceitar o desafio, estejam à vontade, que aqui só fazemos o que nos dá na real gana.
Família regressada das férias no norte ontem à noite e eu, hoje, com o dia reservado a pôr tudo em ordem cá em casa para poder iniciar o trabalho amanhã. Hoje tem sido só a fazer máquinas de roupa, secar, apanhar, porque quanto a passar a ferro, ela vai ficar pacientemente à espera que eu esteja para aí virada. Mas não é sobre vida doméstica que quero falar hoje.
Hoje tenho que deixar aqui um pequeno apontamento sobre a viagem de carro de regresso a casa de ontem, sobre a importância que ela teve para mim e acredito que para nós enquanto família. Uma simples viagem de carro que se constituiu como um marco que eu espero venha a ser muito importante na convivência e paz familiar.
Factos:
Ontem, inesperadamente (porque normalmente esse é o meu papel!), o M. aproveitou parte das cerca de 3 horas de viagem de carro entre o Minho e a casa onde escolhemos viver a maior parte do ano e onde têm sido criados os nossos filhos, para ter uma conversa muito séria com eles sobre crescimento saudável, valores, educação. Iniciativa dele, ele que eu tanto “acuso” de ser um bocado passivo no seu papel de pai e de manifestar falta de disponibilidade para os filhos (obrigações no emprego, etc)! Parece que finalmente me ouviu e fez tudo aquilo que eu tenho vindo a insistir para que fizéssemos, e que basicamente tem sido uma “luta” mais minha do que dele. É, nem tudo são rosas num casamento de 18 anos. Nem tudo são rosas no dificílimo papel de pai/mãe. Aliás, eu assumo que as maiores fontes de conflito entre mim e o M. (principalmente desde que os nossos filhos chegaram à adolescência) são aspetos relacionados com eles, com opções nossas e métodos usados na sua educação. Sim, todos sabemos o que dizem os livros e blá blá blá, e seria muito mais apelativo traçar aqui um cenário idílico desta difícil tarefa de educar filhos (pelo menos, para quem se importa!), mas não seria honesto da minha parte. A verdade é que, principalmente com a chegada da adolescência, tornou-se difícil incutir-lhes aquilo que entendemos inclusivamente ser o melhor para eles, para enfrentarem o mundo da melhor maneira. Continuo a achar que a adolescência é tramada! Mesmo tramada!
Mas acredito que priorizar na nossa vida acelerada a educação dos filhos dará inevitavelmente frutos e o M. parece começar a perceber também. Ontem foi mais um passo importante nesta caminhada a dois, melhor dizendo, a quatro.
Então, muito rapidamente, a conversa que me deixou nas minhas sete quintas versou principalmente sobre dois aspetos essenciais:
A necessidade de eles serem mais autónomos e responsáveis: colaborarem mais com as tarefas domésticas, passarem a gerir uma mesada (num e noutro caso, avaliamos como sendo culpa nossa eles serem pouco expeditos, já que fazemos tudo por eles, principalmente eu, o que poderá significar que estamos a criar totós que não têm autonomia, iniciativa, esperteza nenhumas);
A importância de não permitirmos que se tornem pessoas vazias de conteúdo, sem cultura, “caçadores de Pokémons” ou vegetais agarrados a um computador ou a um telemóvel dias a fio. Conversámos com eles sobre uma característica que consideramos preocupante na juventude atual: a ignorância, o desconhecimento do mundo, o facto de não lerem e não terem curiosidade pelo conhecimento, as obsessões com futilidades, a desvalorização do esforço e do trabalho, a desonestidade intelectual.
Esta é uma geração com a qual nos devemos seriamente preocupar. O que esperar de crianças, jovens e até adultos cuja actividade de eleição é caçar seres virtuais!? Explicámos-lhes que é por os amarmos muito que não queremos isso para eles. Terá valido a pena? Não sei, mas o sentimento de dever cumprido, a dois, em sintonia, como vem nos livros, a forma como ouviram as palavras e os ensinamentos dos pais, faz-me criar expetativas de estarmos a formar bons seres humanos.
Atenção! Quanto às pedras no caminho neste papel difícil de educador, faço também “mea culpa”: assumo que tenho muitos defeitos na educação dos meus filhos, nomeadamente ser demasiado controladora, como diz o M. Admito que não são raras as vezes em que me considero a pior mãe à face da terra. E isso acontece sobretudo porque lhes desejo o impossível: uma vida perfeita…
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