Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.
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Há pessoas que têm o poder de iluminar o nosso dia, de nos transmitir um sentimento de bem-estar como se nos injetassem doses generosas daquela hormona da felicidade (endorfina?). Assim foi o Zé em relação a mim no dia do regresso das férias.
"Olá! Eu sou o Zé. Como se chama?" Na verdade, não sei qual foi o tratamento que usou, mas sinto como até tendo sido por "tu". Sei que foi uma abordagem tão casual e calorosa, que também acabei por me apresentar por um diminutivo normalmente reservado à família e amigos.
O Zé é uma daquelas pessoas sociáveis da qual dizemos que têm uma "ganda" lábia. Aquela pessoa que topamos que está a cumprir um papel, mas perdoamos qualquer eventual fingimento pelo brio que notamos impor ao desempenho da sua tarefa e pelo investimento em estabelecer uma relação de proximidade, ainda que fugaz, com o cliente. Com ele, escolhemos esquecer que o seu objetivo final é vender.
Na viagem de regresso das férias, parámos num centro comercial em Coimbra para jantar (será o Coimbra Forum?). É claro que, tratando-se do ÚLTIMO dia de férias, do dia do regresso do paraíso, a disposição não era naturalmente a melhor. Foi aí que entrou o apelo do consumo. É difícil ir a um centro comercial só para jantar, sem ter vontade de dar umas voltas às lojas de eleição, não é? Umas comprinhas podem animar quem vê as férias a esgotarem-se, principalmente se for época de saldos.
Bem, resumindo. Foi naquela loja com nome de erva aromática. O Zé, com a sua simpatia e disponibilidade, conquistou-me e conseguiu até que eu comprasse peças da nova coleção. Esperto!
Convém dizer que eu, como cliente, não costumo dar confiança aos lojistas. Aliás, detesto que se intrometam demasiado nas minhas escolhas e que imponham demasiado a sua presença, que invistam para mim a esfregar as mãos e a oferecer ajuda. Gosto de espaço. Detesto provar roupa e receber a opinião de estranhos que, ainda por cima, estão ali com o objetivo de vender, logo, cuja opinião não se pode considerar a mais fidedigna. "Estou só a ver", digo invariavelmente.
Mas o Zé, com o seu jeitinho, lá conseguiu transformar-me no tipo de cliente crédula. Até falámos de como ficava a minha barriguinha naquele macacão preto lindo (Tamanho S, insistiu o Zé! Que me ficava muito bem, assegurou o Zé! E eu acreditei.), da dieta adiada, de vida saudável, da sua situação profissional, terminando, na despedida, com um "gostei muito de te conhecer". Foi recíproco, Zé!
Comprei este vestido giro giro giro. Custou-me os olhos da cara, mas não resisti. É giro ou não é?
Partilho algumas notas mentais que guardei desta compra.
O tamanho que me assentou melhor foi o XS. Incrível! Mas não sou eu que sou magra, desenganem-se. Os vestidos daquela marca é que são feitos tendo como referência matulonas nórdicas ou americanas obesas, certamente.
A menina da loja, simpatiquíssima, numa tentativa de me elogiar e me incentivar à compra, disse-me: "Fica-lhe muito bem. Disfarça a barriga e tudo!" Toma e embrulha! Num instante o sabor doce de conseguir vestir um XS desapareceu por completo. Mas pronto... quem diz a verdade não merece castigo...
Quando me auto-proclamei de "naba"... não imaginava que o tivesse escrito na testa.
Vamos aos factos:
No último sábado, num intervalo da organização da casa para ficar minimamente apresentável e de fazer máquinas de roupas e mais roupas, ainda houve tempo para uma ida ao shopping, à noite, passear um bocadinho, ver as lojas e jantar em família uma daquelas refeições rápidas, ao gosto de cada um. Às vezes, apetece e sabe bem.
Como precisava de um gel de banho de uma marca de que gosto muito, fui a essa loja e lá comprei o artigo. Ia com a minha filha. Nesse momento o pai passeava pelas lojas com o filho, eu com a filha. Homens e mulheres juntos às compras, nunca dá muito bom resultado...
A menina da tal loja de uma marca cujo nome eu não digo porque não precisa da minha publicidade grátis , simpática e atenciosa, no final da compra, pergunta-me se conhecia uma app que poderia instalar no telemóvel para ter promoções e vales de descontos da marca. Porque respondi que não, ou da leitura que fez da minha pessoa, tirou imediatamente a seguinte conclusão:
"Talvez seja melhor explicar à sua filha. Como se chama ela?"
Disse-lhe o nome. Neste momento eu, de boca aberta, já só respondia mecanicamente, espantada e divertida com o que se estava a passar.
Chamou a minha filha pelo nome e explicou-lhe todos os pormenores do que deveria fazer para ajudar aqui a cota a ter uma bendita app no telemóvel com a qual a cota pouparia dinheiro, como se a cota não estivesse ali.
Deixei que tudo se passasse, incrédula, sem um único comentário queixoso, até porque, sinceramente, a minha vontade era desmanchar-me a rir desalmadamente. No final da explicação, apesar de a mesma não ser dirigida a mim, agradeci a atenção dispensada, que eu sou uma pessoa educada. Senão, vejamos: a menina, apesar de alguma falta de tato, estava a cumprir o seu trabalho e achou que o cumpriria melhor se não fizesse a explicação, aparentemente segundo a apreciação dela, a uma cota naba nas tecnologias... Teve boas intenções e é uma boa profissional, portanto. Respeito isso!
Na realidade, não fiquei nada ofendida. Só achei graça e eu e a minha filha ainda nos rimos mais tarde à conta deste episódio anedótico. Só mesmo a mim, realmente!
PS: Juro que não aparento ser completamente desprovida de um domínio mínimo aceitável da tecnologia. Como é que os meus filhos dizem? - não sou assim tão noob!... E isso também não se vê a olho nu, convenhamos, ou vê? Também garanto que não tenho aspeto de imbecil ou decrépita! Os 40 são os novos 30 e eu até estou muito bem para os meus 45 anos... Acho eu...
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