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M(ã)emórias da Maria Mocha

Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.

M(ã)emórias da Maria Mocha

Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.

O que é que eu faço a esta gente???

Como disse, cá estou eu com os apontamentos deste dia quase exclusivamente dedicado à minha saúde:

 

Nas análises ao sangue, logo de manhã:

 

Analista: "Como está? Está com bom ar, um ar VIVO!"

 

Pois, morta não estou, não. Mas eu percebo o que ele queria dizer. Não é tanto o cancro, mas sim os tratamentos ao cancro: deixam-nos com um aspeto doente, amarelo, mau. Por isso, aceitei como um elogio e fiquei feliz. 

 

Seguiu-se o tempo de espera pela consulta. As análises demoram cerca de duas horas e a doutora ia, justificadamente, atender primeiro os doentes que fariam quimioterapia a seguir. Aproveitei o compasso de espera para ir a outro consultório levantar as análises à urina, aquelas que identificariam a bactéria e me confirmariam se a bicha é sensível ao antibiótico que ainda estou a tomar. Sim, a bicha é sensível. Assunto resolvido! 

 

Antes de voltar ao hospital, tempo para um cafezinho e um bolo carregado de creme como eu gosto, com o M. num café próximo. Tão bom, coisa rara! A única lembrança boa que tenho dos tempos dos tratamentos é a destes momentos a dois que nunca temos no dia-a-dia.

 

Regresso à oncologia. Muita gente, rostos tristes e amarelados, desmoronamento de um familiar num choro já longamente contido, cabeças cobertas por um lenço, boas almas voluntárias a oferecer café e bolinhos aos doentes. Nunca mais voltei à sala de tratamentos, mas espreito sempre para ver se há pessoas da minha idade ou se são menos jovens e, efetivamente, são quase só pessoas mais velhas. Tudo isso outra vez. Consulta já no início da tarde. Novidade ou talvez não: tratamento hormonal por mais 5 anos. Nada que eu não esperasse, mas que me deixou com um gosto agridoce. Conversa sempre interessante com a médica: os filhos, a escola, o estado da educação e da saúde em Portugal. Consulta daqui a um ano, e entretanto, em seis meses, consulta de ginecologia e mamografia. 

 

Almoço tardio com o M. num restaurante habitual. O resto da tarde, enquanto o M. teve uma reunião de trabalho, eu fui às compras. Nunca posso ir em dias de semana e soube-me tão bem! Aproveitei e fui à operadora de telemóveis saber a razão de o dinheiro do telemóvel dos miúdos desaparecer a olhos vistos. Simples: plafond de internet ultrapassado e  dinheiro a ser debitado à fartasana. A menina quase me convenceu a aumentar o plafond porque realmente, como está, ainda gasto mais. Mas quando já ia para fazer isto, caí em mim e percebi que eles tinham que tirar uma aprendizagem disto. Em vez de aumentar o plafond, bloqueámos o limite de maneira a que, quando o atingirem, não tenham mais dados móveis. Talvez no Natal voltemos a negociar de outra maneira. Por agora, tinham que ter um castigo.  

 

Chegamos a casa. Filho no treino e filha a ver televisão.  What else? Descobriu o raio da tal série num canal da televisão. Lembram-se dos impedimentos que definimos cá em casa? Pois! O jogo da playstation preferido desapareceu, o computador tem password e o portátil está escondido. Mas não desistem. São como a mãezinha deles. Para além da tarde de televisão porque coitadinha tinha tido uma manhã de trabalho intenso e sofrimento atroz nas aulas, à nossa espera, no memorando do frigorífico, juntamente com os convites da escola para a cerimónia de entrega dos Quadros de Excelência, tínhamos o seguinte texto. Deliciem-se!  

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O que é que eu faço a esta gente?  

No big deal!...

Hoje é dia de visita à médica oncologista. Uma visita de rotina, como tem acontecido nos últimos 5 anos, por esta altura. Mas a esta visita vou tranquila, ela não me assusta como as visitas anuais para fazer a mamografia. Aí, sim, como eu contava nesse post, é que eu volto a reviver tudo o que passei em 2010 e volta uma angústia, um pânico de que me digam algo que não quero ouvir e... Ai, lá estou eu! Xô!! Hoje não quero falar em coisas tristes!

 

Hoje levo comigo a expetativa de que, como já passaram 5 anos, a médica queira fazer alteração ao tratamento hormonal que eu ainda faço. Trata-se de um comprimido diário que inibe o reaparecimento de tumores de origem hormonal (que era o caso do meu), mas que também me trouxe alguns sintomas de menopausa precoce, apesar de as análises hormonais dizerem que ainda não entrei nessa fase. Acho que hoje vou saber se continuo o tratamento ou se paro por aqui. Nem sei bem o que prefiro... O comprimido dá-me alguma segurança... 

 

Bem, mas o post, esse, paro mesmo por aqui. Vou agora enfrentar as esperas no hospital. O M. vai comigo, como sempre. 

 

Depois volto cá para contar como foi. Até logo. 

Um serviço limpinho!

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(créditos na imagem)

 

Há uma semana que ando a combater uma infeção urinária com água, muita água. Tenho bebido, por dia, três a quatro litros e tenho, assim, aliviado os sintomas e levado uma vida quaaaase normal. Tenho esta mania de evitar químicos até à última, mas o que é certo é que parece que a bactéria só pode mesmo ser combatida com antibiótico. Hoje de manhã bem cedo, depois de uma noite em claro a correr para a casa de banho, lá fui eu ao médico. 

 

Fui rapidamente atendida, por uma médica do mais simpático que eu já conheci em toda a minha vida. "Ó filha isto", "Ó querida aquilo"... Uma jóia de pessoa. Muito atenciosa, mesmo!

 

Mediu tensão, ótima. Palpou a barriga, aparentemente tudo bem. Não tinha febre. Disse-me que teria que fazer análises à urina para confirmar a existência de infeção logo ali naquele momento e, após dois dias da colheita, identificar-se-ia a bactéria responsável pela infeção. Entretanto medicar-me-ia com um antibiótico para ver se melhorava.

 

Leva-me, então, para um gabinete de enfermagem. A enfermeira não estava.

 

- É aqui que vai colher a urina. Espere um bocadinho pela enfermeira.

- Aqui? Não faço isso na casa de banho?

- Ó filha, pode ser aqui que é só um pinguinho!

- Mas...mas...mas... 

 

A médica vai-se embora e logo a seguir chega a enfermeira que me dá um copinho, as instruções do procedimento e manda-me dirigir à casa de banho.

UFA!!! Que medo que esta também me mandasse fazer o serviço ali! Comecei a imaginar-me no meio do gabinete, com um copo minúsculo na mão a... Bem, imaginem a cena! Estão a ver o tamanho do copo? É que nem a melhor "sniper" teria pontaria para acertar no alvo e fazer um serviço limpinho limpinho. 

 

 (Confirmou-se a infeção mas agora já me sinto bem melhor! Bendito antibiótico! )

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Maria Mocha é o pseudónimo de uma mulher que, de vez em quando, gosta de deixar os pensamentos fluir pela escrita, uma escrita despretensiosa, mas plena dos sentimentos e emoções com que enfrenta a vida. Assim, as criações intelectuais da Maria Mocha publicadas (textos, fotos) têm direitos de autor que a mesma quer ver respeitados e protegidos. Eventuais créditos de textos ou fotos de outros autores serão mencionados. Aos leitores da Maria Mocha um apelo: leiam, reflitam sobre o que leram, comentem, mas não utilizem indevidamente conteúdos deste blog sem autorização prévia da autora. Obrigada.

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