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M(ã)emórias da Maria Mocha

Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.

M(ã)emórias da Maria Mocha

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Poesia, Religiões, Doutrinas e Dogmas

Se calhar já todos conhecem, mas eu só agora dei de caras com este pedacinho de sensibilidade e lucidez. Achei bonita, de tão simples, esta forma de  dizer não à intolerância religiosa e ao fanatismo religioso, à hipocrisia e à arrogância dos que acham que têm um lugar ao pé de Deus porque o veneram em orações mas não em ações, aos que se dizem cristãos mas são incapazes de manifestar atitudes cristãs para com os seus semelhantes. Isto tudo dito ao jeitxinho brasileiro, gentxi. Jóia!

 

Uma menina ainda, Anamari Souza. Lembra-me eu quando era da idade dela, com o sentido de justiça e o questionamento constante das convenções e dos dogmas. Isso sempre fez parte de mim, sim. Em tudo, e no que diz respeito a religião também. Li a Bíblia (Antigo e Novo Testamento) por volta dos 14 anos, por auto-recriação, porque quis e porque me questionava sobre aspetos daquilo que me ensinavam na catequese. E sabem uma coisa? É um grande livro com uma grande narrativa, que mistura a componente histórica com ficção e o fantástico. Todos deviam ler. 

 

 

 

Miguel Torga

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Miguel Torga, pseudónimo do médico Adolfo Correia da Rocha.

Passam hoje 22 anos da sua morte (12 de Agosto de 1907 - 17 de Janeiro de 1995).

 

"Pedido
Ama-me sempre, como à flor do lírio
Bravo e sozinho, a quem a gente quer
Mesmo já seco na recordação.
Ama-me sempre, cheia da certeza
De que, lírio que sou da natureza,
Na minha altura eu brotarei do chão."
Miguel Torga, in 'Diário (1943)'

............................................................

"Livro de Horas
Aqui, diante de mim,
Eu, pecador, me confesso
De ser assim como sou.
Me confesso o bom e o mau
Que vão ao leme da nau
Nesta deriva em que vou.
Me confesso
Possesso
De virtudes teologais,
Que são três,
E dos pecados mortais,
Que são sete,
Quando a terra não repete
Que são mais.
Me confesso
O dono das minhas horas.
O das facadas cegas e raivosas,
E o das ternuras lúcidas e mansas.
E de ser de qualquer modo
Andanças
Do mesmo todo.
Me confesso de ser charco
E luar de charco, à mistura.
De ser a corda do arco
Que atira setas acima
E abaixo da minha altura.
Me confesso de ser tudo
Que possa nascer em mim.
De ter raízes no chão
Desta minha condição.
Me confesso de Abel e de Caim.
Me confesso de ser Homem.
De ser um anjo caído
Do tal Céu que Deus governa;
De ser um monstro saído
Do buraco mais fundo da caverna.
Me confesso de ser eu.
Eu, tal e qual como vim
Para dizer que sou eu
Aqui, diante de mim!"
Miguel Torga, in 'O Outro Livro de Job'

 

 

À minha mãe...

Um poema de Miguel Torga, um poeta de que gosto muito, a assinalar a morte da minha MÃE.  Faz amanhã, 1 de março, um mês. Apesar de a minha vida pessoal e profissional, a partir de certa altura, não me ter permitido viver perto dela, ia vê-la sempre que podia. Perder a mãe é uma falta irreparável. Sinto a falta dela como se a tivesse tido todos os dias da minha vida ao pé de mim. Que saudades, minha querida mãe...

 

Mãe

 

Mãe:

Que desgraça na vida aconteceu,

Que ficaste insensível e gelada?

Que todo o teu perfil se endureceu

Numa linha severa e desenhada?

 

Como as estátuas, que são gente nossa

Cansada de palavras e ternura,

Assim tu me pareces no teu leito.

Presença cinzelada em pedra dura,

 

Que não tem coração dentro do peito.

Chamo aos gritos por ti — não me respondes.

Beijo-te as mãos e o rosto — sinto frio.

Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes

Por detrás do terror deste vazio.

 

Mãe:

Abre os olhos ao menos, diz que sim!

Diz que me vês ainda, que me queres.

Que és a eterna mulher entre as mulheres.

Que nem a morte te afastou de mim!

 

Miguel Torga, in 'Diário IV'

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DIREITOS DE AUTOR (Decreto-Lei n.º 63/85 com as posteriores alterações)

Maria Mocha é o pseudónimo de uma mulher que, de vez em quando, gosta de deixar os pensamentos fluir pela escrita, uma escrita despretensiosa, mas plena dos sentimentos e emoções com que enfrenta a vida. Assim, as criações intelectuais da Maria Mocha publicadas (textos, fotos) têm direitos de autor que a mesma quer ver respeitados e protegidos. Eventuais créditos de textos ou fotos de outros autores serão mencionados. Aos leitores da Maria Mocha um apelo: leiam, reflitam sobre o que leram, comentem, mas não utilizem indevidamente conteúdos deste blog sem autorização prévia da autora. Obrigada.

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