Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.
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Este ano não comprei uma única prenda de Natal! Nem uma!
Este ano não enfrentei, nem pretendo enfrentar, as multidões de gente nos centros comerciais e afins. Resisto estoicamente ao apelo desenfreado ao consumo.
Este ano vou comprar só as prendas que são mesmo necessárias, obrigatórias. E será só nos saldos, no início de janeiro. E sinto-me tãããoooo bem com isso!
Este ano informei as pessoas próximas que também eu não quero prendas. Longe vai o tempo em que ansiava por prendas. Chama-se a isto envelhecer ficar mais sábio e valorizar o que realmente importa.
Este ano não quero este Natal que temos hoje. Queria antes o Natal da família. Mais do sentimento e menos da posse e ostentação. Mais da consideração e alegria de comungar da companhia uns dos outros e menos da inveja e do descaso.
É Natal! Não vou desenvolver o assunto da falta de sensibilidade e do mínimo cuidado na escolha das prendas que oferecemos às pessoas que nos são próximas. Seria um post muito pouco imbuído do espírito natalício. Por isso, fiquemos por aqui. Talvez noutra altura aborde o assunto.
Este ano fizemos contenção de despesas cá em casa. E fizémo-la por várias razões, entre as quais a perspetiva de investir na mudança de casa e a perceção cada vez mais consciente de que estamos a criar os miúdos na crença de que tudo é fácil de obter sem esforço. Esta segunda razão foi definitivamente a que pesou mais na nossa decisão.
Ambos queriam como prenda de Natal senão a última versão do iphone, andava lá perto. Era um modelo de um número qualquer XPTO que eu não fixei (acho graça a esta coisa de os modelos irem avançando nos números...). Não receberam nada disso, claro. Receberam presentes mais em conta, que acabaram por ser eles a escolher dentro do orçamento que definimos. E explicámos porquê. Explicámos-lhes que o preço de um telemóvel daqueles ultrapassa o que muitas famílias têm para gerir de orçamento familiar mensal. Explicámos o difícil que deverá ser viver com o salário mínimo e conseguir colocar comida na mesa todos os dias aos filhos e vesti-los com essa miséria de ordenado. Dissemos-lhes que era imoral gastar essa verba num telemóvel, apesar de o podermos fazer.
Foram vencidos, mas nem por isso muito convencidos. Esta é mesmo uma geração de insatisfeitos crónicos. Acho que a sociedade devia mesmo pôr os olhos neste problema. É que nós cá em casa resolvemos o problema desta maneira, mas já sei que o próximo passo será os meus filhos nos confrontarem com as prendas recebidas pelo amigo X, Y e Z, que receberam tudo aquilo que eles queriam e até têm más notas e chumbam na escola e eles têm boas notas e blá blá blá. É difícil gerir isto...
Tenho uma confissão a fazer. Estamos a uns escassos 6 dias do Natal e cá em casa ainda não há prendas para quase ninguém. Sim, continuo sem espírito natalício.
Mas hoje tenho mesmo que ir comprar as prendas de Natal. Hoje! À portuguesa. Último domingo antes do Natal!!! Bem, ainda podia ser pior, podia ser na véspera...
Desejem-me sorte, que isto de me enfiar num centro comercial apinhado de gente vai ser dose. Parece que já os estou a ver...
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