Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.
Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.
Se calhar já todos conhecem, mas eu só agora dei de caras com este pedacinho de sensibilidade e lucidez. Achei bonita, de tão simples, esta forma de dizer não à intolerância religiosa e ao fanatismo religioso, à hipocrisia e à arrogância dos que acham que têm um lugar ao pé de Deus porque o veneram em orações mas não em ações, aos que se dizem cristãos mas são incapazes de manifestar atitudes cristãs para com os seus semelhantes. Isto tudo dito ao jeitxinho brasileiro, gentxi. Jóia!
Uma menina ainda, Anamari Souza. Lembra-me eu quando era da idade dela, com o sentido de justiça e o questionamento constante das convenções e dos dogmas. Isso sempre fez parte de mim, sim. Em tudo, e no que diz respeito a religião também. Li a Bíblia (Antigo e Novo Testamento) por volta dos 14 anos, por auto-recriação, porque quis e porque me questionava sobre aspetos daquilo que me ensinavam na catequese. E sabem uma coisa? É um grande livro com uma grande narrativa, que mistura a componente histórica com ficção e o fantástico. Todos deviam ler.
Desde que fui acusada de blogger com falta de oportunidade (Papagaio, não te safas de eu voltar a isto enquanto não ultrapassar o trauma, mesmo doentinho, que é para aprenderes - mas espero que te sintas melhor!), cresceu em mim esta tendência para me manter informada do que é que se celebra em cada santo dia. Ou seja, o Papagaio é culpado de ter aumentado exponencialmente em mim a minha compulsão obsessiva.
É certo e sabido, por isso, que eu saberei o que se comemora hoje. Pois claro que sei! Ora hoje é o dia da gula. Pelo menos no Brasil, aqui não sei. É, portanto, o meu dia e de muitos de vós, que eu já percebi que há por aqui muito bom garfo.
A gula é pecado, como sabeis. E eu sou uma valente pecadora, como também já percebestes. A gula é mais precisamente um dos sete pecados capitais, que são aquelas atitudes humanas contrárias às leis divinas, pecados esses que foram "decretados" pela Igreja Católica, no final do século VI, durante o papado de Gregório Magno, segundo me informei.
Apercebi-me que já não me lembrava na íntegra dos sete pecados capitais. Cedo esqueci as aprendizagens da catequese, que eu tenho uma memória muito seletiva. O pior é que tive curiosidade de recordar quais são os restantes e (burra, estúpida, camela, que mais valia estar quieta!) acabei de constatar que eu sou uma valente pecadora em todas as frentes. Senão, vejamos:
1. Luxúria: apego e valorização extrema aos prazeres carnais, à sensualidade e sexualidade; desrespeito aos costumes; lascívia.
Bem... Acho que este é evidente aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e, se dúvidas tivesse, acho que este elenco chegaria para desfazê-las.
2. Gula: comer somente por prazer, em quantidade superior àquela necessária para o corpo humano.
Este é, para mim, outro dos pecados prazeres preferidos. Está patente aqui, aqui, aqui e quase em permanência ao longo dos meus dias. Sou um alarve controlado, digamos. É muito difícil eu perder o apetite. Basicamente, sou uma pessoa sempre disposta a comer... e a outros "er" também.
3. Avareza: apego ao dinheiro de forma exagerada, desejo de adquirir bens materiais e de acumular riquezas.
Só diz que dinheiro não traz felicidade, quem não sabe o que é ter pouco. Deixemo-nos de hipocrisias: o dinheiro ajuda um bocadinho...
4. Ira: raiva contra alguém, vontade de vingança.
Agora ficava bem dizer que não guardo rancor a ninguém e que perdoo o mal que me fazem e blá blá blá. Pois..., mas e então aquela puta lambisgóia, badalhoca, fingida, mal amada que me odeia e fala mal de mim nas costas? Estrafegava-a, se pudesse, mas tenho medo de ir parar a uma prisão!
5. Soberba: manifestação de orgulho e arrogância.
Orgulhosa sempre! Arrogante só com gente parva que pensa que é mais esperta que eu.
6. Vaidade: preocupação excessiva com o aspecto físico para conquistar a admiração dos outros.
Quanto a isto, cito só uma frase de José Saramago e ficamos conversados: “Corre por aí que sou vaidoso. Mas eu acho que a vaidade é a coisa mais bem distribuída deste mundo. Vaidosos somos todos nós. A questão está em saber se há alguma razão para o ser ou se se é vaidoso sem razão nenhuma.” E eu cá tenho razões para ser vaidosa!
7. Preguiça: negligência ou falta de vontade para o trabalho ou atividades importantes.
E não é pouco! On a daily basis! Este pecado ataca-me com uma força, que só pelo esforço que faço em controlá-lo já mereço a santidade.
Posto isto, verifico que se vivêssemos na Idade Média, acho que era queimada na fogueira. Hoje em dia já não tenho que me preocupar com isso, pois só o céu é que me fica vedado, e é depois de morta. Tá-se bem! E, como diz o outro, para aí também não quero ir, que somos todos irmãos.
(Fonte da pesquisa dos pecados: http://www.suapesquisa.com/religiaosociais/sete_pecados_capitais.htm)
Estamos a dois dias do Natal e eu ainda não me referi a esta época, a não ser para dizer que estou com pouco espírito natalício. Faço-o hoje.
E como não consigo dissociar a época do Natal da consciência que tenho de que há quem não tenha condições para passar um Natal (para não dizer uma vida) no calor de um lar confortável e feliz, dedico esta imagem e principalmente a respetiva legenda a todos aqueles que sendo crentes, são também contra (e temem como se de portadores da peste se tratassem) a vinda de refugiados do médio oriente, esses seres detestáveis, sujos e perigosos para a sociedade ocidental.
Amén, irmãos! Jesus, aquele bebé que vocês colocam orgulhosamente num presépio, nas palhinhas, entre uma mãe e um pai de refugiados e que fica ali toda esta época a ostentar a vossa religiosidade e santidade, estaria muito orgulhoso de vocês.
É que é tão comum esta combinação de religiosidade e xenofobia (na mesma pessoa) acontecer! Ainda um dia destes uma pessoa conhecida, evangélica de religião, dissertava num grupo de amigos sobre os perigos que representavam os refugiados para o nosso e outros países europeus. Eu não resisti a comentar só isto: "Dizes-te cristã e esse discurso é muito pouco cristão da tua parte!" A conversa acabou ali. Dizer mais o quê? Cada vez tenho menos respeito por beatas e por pessoas de muita fé em divindades e pouco respeito pelo próximo e, em última instância, pela humanidade. Raramente aplicam essa fé nas situações concretas das suas vidas e raramente usam essa fé para o bem.
Com todo o respeito, Sr. Padre Fontes lá de Montalegre, tenho que assumir que não acho graça nenhuma a estas tradições anglo-saxónicas laicas importadas. Acho uma autêntica heresia.
E não são só as bruxas celebradas hoje! Tal como estas foram importadas, também:
o Pai Natal foi uma importação que veio substituir o menino Jesus e, ainda por cima, existe em chocolate, o que é uma grande vantagem blasfémia,
e a árvore de Natal enfeitada (que eu, herege, também carrego com bonecos de chocolate!) já domina sobre as figuras de barro do presépio,
e o calendário do advento (com chocolates escondidinhos a dar aquele toque de surpresa, invenção dos céus do demo!) já começa a ter lugar cativo no mês de dezembro em muitas casas,
e o coelho da Páscoa e os ovos (de chocolate, pois claro!) já têm espaço mais preponderante do que o tradicional português folar da Páscoa e até do que a celebração da ressurreição de Jesus, Deus os perdoe,
e o S. Valentim a acenar com caixas de bombons de chocolate em forma de coração já é mais casamenteiro do que o Santo António,
e...
.....
Espera lá! Elemento comum: CHOCOLATE?!
Vendo bem, eu adoro tradições importadas! E desta também haveria de gostar, se andasse de porta em porta "à mama" de chocolates e outros doces, como os meus filhos farão mais logo pela calada da noite, em bando, vestidos de preto e maquilhados ou mascarados de bruxas e monstros, com uma carrada de amigos, a sondar os vizinhos com "Doce ou travessura?".
Por isso, Maria, deixa-te de merdas críticas! Este post acaba aqui!
PS:
Texto escrito propositadamente com um toque de nonsense e com alguma ironia mordaz. Uma espécie de "travessura doce"...
Espero não ferir suscetibilidades. Se ferir, tá-se bem na mesma, que as alegadas bruxas já não são queimadas na fogueira, em nome de Deus, desde que findou a Idade das Trevas.
DIREITOS DE AUTOR (Decreto-Lei n.º 63/85 com as posteriores alterações)
Maria Mocha é o pseudónimo de uma mulher que, de vez em quando, gosta de deixar os pensamentos fluir pela escrita, uma escrita despretensiosa, mas plena dos sentimentos e emoções com que enfrenta a vida. Assim, as criações intelectuais da Maria Mocha publicadas (textos, fotos) têm direitos de autor que a mesma quer ver respeitados e protegidos. Eventuais créditos de textos ou fotos de outros autores serão mencionados.
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