Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.
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Há uma coisa que é a teoria e o que ditam as regras. Tudo aquilo que vem nos livros, vá! Livros que, bem vistas as coisas, eu até li.
Outra coisa é a prática. E, por vezes, o contexto da vida, o enquadramento da coisa obriga a que se infrinjam todos os ensinamentos que obtivemos e todas as regras que encontrámos plasmadas nos livros.
Posto isto, eu, pecadora, me confesso. "Ajeitei" um trabalho da escola ao meu filho, um TPC. "Que vergonha! Que irresponsabilidade! Que mau exemplo de parentalidade!" são todas expressões que poderia ser eu a utilizar sobre uma situação como esta que eu conhecesse a outrem.
Mas isto não aconteceu de forma gratuita, não! Nem é algo que eu costume fazer, muito honestamente. E nem concordo com isso. Lá está, li os livros. Mas desta vez tive que o fazer. Tratou-se de um trabalho em powerpoint para ele apresentar hoje. Oxalá lhe corra bem, meu rico filho!
Vamos lá ver...o meu filho fez o conteúdo do trabalho, atenção! Eu só dei um jeitinho estético ao template e até simplifiquei algumas frases, para lhe ser mais fácil a apresentação. Ah, é verdade! Faltou dizer que é um trabalho de pares. Assim, acabei por "ajeitar" o trabalho do meu filho e de um colega. Duplamente culpada!
E porque é que fui fazer uma coisa destas?, perguntam vocês.
Alguém por aí tem filhos em idade escolar? E no secundário, como é o caso dos meus? Pois... Quem tem ou teve, ou até mesmo recordando-se do seu tempo de estudante, saberá como é esta época de final de período. Senão, vejam: esta semana, o meu filho tem 3 fichas de avalição de 3 disciplinas estruturantes do curso, com carradas de matérias para estudar, e ainda a apresentação do tal trabalho. Isto numa semana de escola de 4 dias. Ora, quer dizer, não é fácil... É areia demais para camionetas tão "pequenas". Ou ele perdia tempo a ultimar o trabalho ou estudava para as fichas. E a dedicação a um trabalho que valerá muito pouco, prejudicaria o estudo para as fichas que, essas sim, têm um grande peso na avaliação. Vi-o aflito e foi aí que entrei eu. Mãe é mãe!
Grande exemplo de pedagogia que eu trago hoje!...
Vá lá ver... quem é que vai atirar a primeira pedra?
Tem filhos na escola? Então está na hora de um último esforço para apresentar bons resultados na Páscoa.
Esta é uma semana grande em termos de estudo, pelo menos para os estudantes cá de casa. Têm “carradas” de testes esta semana, coitados.
Falemos então sobre estudar, esse castigo tão grande que os adultos inventaram para aplicar às criancinhas.
Hoje o caçula estuda História! Yay!!!
A minha experiência.
Sempre fui uma boa aluna, muito metódica e organizada no estudo, principalmente a partir do 10º ano. Percebi desde cedo que estudar, tirar um curso, era a única garantia de ter um emprego que me proporcionasse uma vida minimamente desafogada no futuro, menos dura que a dos meus pais. Como obtinha bons resultados, fui sempre estabelecendo objetivos mais ambiciosos e fui também sendo cada vez mais exigente comigo própria, não me permitindo baixar o nível. A partir do 10º ano fui quase sempre (ou sempre, já não me lembro bem) a melhor aluna da turma e não concebia uma realidade diferente desta. Ainda hoje sou competitiva ou, como eu gosto de dizer, briosa no que faço. Não me contento com pouco, não gosto de mediocridade. Parece-me certo que quando se é o melhor em alguma coisa, aprende-se a viver com isso e é difícil afastarmo-nos desse patamar. A gente habitua-se, digamos!
Os bons resultados que obtinha levantavam-me a auto-estima, a mim, que durante a infância fui uma criança gordinha, complexada e introvertida com pouco amor-próprio. A escola ajudou-me a provar que sempre havia algo em que era melhor do que os outros! Por outro lado, os tempos também eram outros e o facto de ter crescido a ver os meus pais contarem o dinheiro no final do mês para assegurar os bens básicos para a subsistência da família também teve peso nesta equação. Não havia nada adquirido na nossa casa que fosse supérfluo, tudo era racionado. Não havia dinheiro para luxos, só para o essencial. Crescer com esta realidade marca a vida e a personalidade de qualquer um, de uma forma bem profunda. Esta é uma “alavanca” que falta hoje aos meus filhos, habituados a crescer com tudo, embora eu não me canse de lhes lembrar da minha história de vida e dos seus antepassados.
Desde cedo senti esta necessidade de ser bem-sucedida na escola. Era algo intrínseco, que vinha de dentro de mim. Costumo dizer aos meus filhos que os meus pais nunca, nem uma única vez, tiveram que me mandar estudar ou foram chamados à escola por um qualquer meu passo mal dado. Não, isso comigo não existia. Por isso é que me custa tanto lidar com a falta de motivação, empenho e ambição dos meus filhos. Não é que eles sejam maus alunos, não! São bons alunos e até quadros de excelência: ela tem integrado o quadro de excelência da escola todos os anos sem exceção; ele só foi um ano porque é mais preguiçoso e desconcentrado, mas tem andado lá perto. Estão no 8º e 9º anos e tem sido uma luta constante, principalmente minha, para eles ganharem método de estudo e aprenderem a definir objetivos e a organizar o tempo de estudo. Finalmente agora penso que já começo a ver alguns frutos dessa luta. Já vão percebendo que há dias em que têm mesmo que estudar (normalmente só na véspera dos testes, mas enfim…).
Como educar os filhos para o estudo.
Para quem, como eu, tem filhos em idade escolar, em primeiro lugar é necessário insistir com eles para desenvolverem mecanismos de organização do tempo de estudo. Neste âmbito é muito importante que eles, em primeiro lugar, queiram ter sucesso e definam objetivos e que, em concordância com isso, sejam realistas e honestos com eles mesmos. Só a título de exemplo, se há coisa que o meu mais novo gosta de fazer é convencer-se a si próprio de que o esforço investido no estudo para um determinado teste já é o suficiente, quando na maior parte dos casos, não é. O excesso de confiança e o apelo de outras atrações (jogos de computador, playstation, etc) funcionam aqui como inimigos do sucesso escolar. Cabe a nós pais nunca desistir de insistir neste campo.
Quanto a dicas para um estudo eficaz, apesar de não haver receitas, há um método que eu ensino os meus filhos a usar porque eu sempre estudei assim e resultou comigo. Basicamente, devem estudar de acordo com os seguintes passos e cumprindo as seguintes regras:
1 – Estar atentos nas aulas: quanto mais conteúdos forem assimilados na aula, mais facilitado estará o estudo em casa.
2 – Ter em casa um local fixo, calmo, sem distracções, para estudar.
3 – Situar-se na matéria que é preciso estudar, lê-la (páginas do livro e/ou fichas) com atenção e compreendê-la, sublinhando os conceitos e as partes importantes. Não cair no erro de sublinhar tudo. Para isso é preciso desenvolver a técnica de identificar o mais importante, e isso só com treino.
4 – Fazer apontamentos das partes importantes, em forma de texto-resumo ou esquemas, mas atenção, só depois de compreender bem a matéria. Compreendendo a matéria, não se corre o risco de identificar mal o que é importante. Escusado será dizer que escrever ajuda a memorizar os conteúdos.
5 – Dizer em voz alta a matéria, sem olhar para os apontamentos, para verificar da apreensão/memorização da mesma. Também podem ser feitas perguntas por um adulto. Os miúdos costumam gostar desse método.
6 – Não cumprir os passos anteriores só na véspera dos testes, porque dessa forma quase de certeza o estudo não ficará bem feito.
Tudo isto são pistas para nós, pais, ajudarmos os nossos filhos a organizar o estudo. Mas o mais importante para ter bons resultados escolares é que essa decisão parta deles. Eles têm que querer e para isso também nos compete a nós, pais, ensinar-lhes desde cedo a importância da escola, do estudo e da aprendizagem como forma de valorização pessoal.
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