Blogue pessoal que aborda o universo feminino, maternidade, adolescência, resiliência, luta e superação do cancro, partilha de vivências, vida familiar e profissional... e alguma reflexão com humor à mistura.
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Esta tirada poderia ter acontecido com qualquer um dos meus filhos, e efetivamente, cada qual com as suas especificidades, mas têm sido sempre muito parecidos no que diz respeito ao banho. Mas desta vez passou-se com ele.
Filho (à tarde, antes de uma festa): "Vou tomar banho!"
Mãe: "Outra vez? Ainda tomaste há bocado!"
Filho: "Sim, mas agora tomo outra vez para ir a cheirar bem..."
O curioso disto tudo é que estamos a falar de pessoinhas que, até há bem pouco tempo, reclamavam sempre que tinham que tomar banho e que não tinham a higiene pessoal como uma prioridade! Foram do 8 para o 80! Nada que eu não estivesse à espera, já que tinha tido os testemunhos de amigas com filhos mais velhos que me diziam que todos passavam por estas fases.
Filho: "Mãe, todos os meus amigos fazem a depilação. Eu não posso ser o único a não fazer."
Eu: "Depilação? Não penses nisso! Isso não tem jeito nenhum. Os homens não precisam de se depilar."
Filho: "Mas TODOS se depilam. Até o X."
Eu (quando faltam argumentos): "Mas esse é tão peludo que parece um macaco. Tem mesmo que se depilar!"
O que é certo é que estou acagaçada que o gajo insista em se depilar todo como um daqueles metrossexuais com sobrancelhas arranjadas e tudo. Ai, as sobrancelhas, então!... Até tenho pesadelos com isso! Meu rico filho!
Afirmação repetida inúmeras vezes, em vários contextos, pelo filho:"Todos me conhecem e eu conheço toda a gente lá na escola. Todos gostam de mim! Sou mesmo social!"
E é isto!
Comentário:
E não é que me parece que é mesmo verdade... É mesmo popular, o gajo!
Lembrar-me-ei sempre daquele dia em que estava à espera dele e da irmã ao pé da escola, para os levar para casa, no final de um dia de aulas. Perto estava um grupo de quatro ou cinco adolescentes (rapazes e raparigas) a conversar. Não pude evitar ouvi-los e claro que as conversas, infelizmente, eram as típicas de uma geração (não todos, mas seguramente a maioria) que não diz nada de jeito e a forma como adorna o seu discurso é com recurso sistemático a gíria e calão.
Foi exatamente por causa do calão com fartura que a certa altura, percebendo que eu podia ouvir o que diziam, sussurra um: "Chiu! Vê lá o que dizes. Está ali a mãe do ... (Acho graça, porque ele é conhecido pelo apelido de família e não pelo primeiro nome - uma tendência que surgiu dentro das quatro linhas, no futebol).
Ou seja: eu não era eu, nem a mãe da minha filha que frequenta a mesma escola, nem a mulher do M (que todos conhecem cá no burgo devido à notoriedade que advém da sua ocupação). Não! O que obrigaria aqueles jovens a filtrar o discurso seria o facto de estar ali não eu, mas a mãe do meu filho. Vejam bem!
Como o tempo passa! O meu caçula parece já ter encontrado o seu lugar na comunidade. E o meu, pelos vistos, é ser mãe dele...
Diálogo tido à hora de almoço entre o pai e a filha, a propósito de ela fazer parte de uma lista para a Associação de Estudantes da escola:
B: "Tenho uma reunião da lista hoje. Vamos combinar que pessoa do Secret Story vamos tentar trazer cá e isso assim..."
M: "Não façam isso. Isso não tem jeito nenhum. Vocês têm é que apresentar propostas de medidas que os alunos queiram para a escola."
B: "Ó pai! Não é nada assim! Os alunos querem é música nos intervalos e ofertas como doces, pessoas famosas a visitar a escola e coisas dessas. Promessas todas as listas fazem, mas toda a gente sabe que não é para cumprir!"
E é isto... Tanta confiança na política por parte da nossa juventude!
Filha, hoje ao almoço: "Sabiam que hoje só nos lembramos de 40% do que se passou ontem?"
Não, não sabia. Longe vai o tempo em que os ensinamentos cá em casa eram dados num só sentido...
Fiquei, portanto, a saber que, quando digo que tenho memória seletiva, é mesmo verdade! Pelos vistos, todos temos. O meu problema é que, por vezes, seleciono mal o conteúdo daqueles 40%... Mas isso já é outra estória...
Não, não se ponham a adivinhar o que aí vem. Como dizem os ingleses, "you wouldn't see this coming..."
Situação:
Os filhos vão a um concerto, aquele de que falava aqui. (Sim, afinal foram... )
A mãe, precavida: "Filho, não leves o telemóvel. Ainda o perdes." (A irmã levava o dela na sua mala, por isso havia forma de nos contactarmos, caso fosse necessário)
Resposta do filho: "Ó mãe, tenho que levar. O telemóvel é importante para quando não queremos estabelecer contacto humano!"
Olha para o gajo! Já conhece a manha!
Realmente, temos aqui um paradoxo interessante: um instrumento que foi inventado para aproximar as pessoas, hoje pode ser usado para as afastar...
Filha: "No fim-de-semana há um festival de música em... Os nossos amigos X, Y e Z vão e nós também queremos ir. São 15€ cada um."
Mãe: "E quem vai atuar?"
Filha: "A banda tal, o DJ coiso..."
Mãe: "Mas isso não tem jeito nenhum! Querem pagar 30€ para ver isso?"
Filha: "Ó mãe, a gente também não vai lá para ver os concertos. Vamos é conviver com os amigos!"
Mãe: "Então, isso podem fazer em qualquer lado. Não precisam pagar para o fazer."
Filha: "Não, afinal queremos ver os concertos, queremos!" E entredentes, num esgar de desdém, revirando os olhos: "Já me esquecia que contigo temos que medir as palavras..."
Espertalhona!
Chama-se a isto:
Capacidade de adaptação rápida às circunstâncias, jogo de cintura, inteligência emocional
Os dois filhos há um dia de castigo. 24 horas de sofrimento atroz!
Razão: ontem a mãe chegou a casa no final de um dia de merda (podia dizer de cão, mas até esses têm dias melhores), cansada, e encontrou a casa de pernas para o ar pela enésima vez. Desde camas por fazer, a janelas todas escancaradas, a loiça de todas as refeições do dia e os restos da comida em cima da mesa da cozinha, roupa e lixo espalhados, "you name it"! Todas elas visões de cenários que conferiam à nossa casa as características mais de uma pocilga do que propriamente de um lar de uma família minimamente asseada.
Resultado: ralhete seguido de castigo. Arrependimento? Pouco ou nenhum!
O castigo: ficar em casa durante o dia de hoje e nada de telemóveis, playstation e pc. E assim se passou o dia de hoje, com um ou dois telefonemas a comunicar que já deveriam ter acesso aos "gadgets" todos porque já tinham feito a cama e preparado os livros para o início das aulas. Temos pena, mas o castigo é consequência do que não fizeram ontem, por isso não pode ser aliviado só porque cumpriram hoje a vossa obrigação. Em educação parental (pelo menos segundo o meu conceito) requere-se observância de três coisas: arrependimento, assimilação e continuidade. Não observei nenhuma de forma consistente!
Há uns minutos, cheguei a casa. As reivindicações continuaram, mas a mãe é mais teimosa do que eles e mantem-se firme e hirta. Até que:
Filho: "Mãe, hoje fiz a cama, arrumei os livros, li e depois fiquei o resto do dia a olhar para o teto sem nada para fazer. Foi uma seca! Isso que tu fizeste não se faz, não deveria ser permitido! Deveria ser considerado crime!"
Filha: "Ele tem razão!" (são cada vez mais cúmplices na "adolescentite", sempre contra a autoridade dos pais)
É o quê??? Ouvi bem?
Comentário: Parece que estou a criar verdadeiros ativistas dos direitos humanos. Ainda os vejo um dia numa ONG, num partido político ou num sindicato.
Eu, no final do dia de ontem, tão gira, acabada de sair da cabeleireira, cabelo com um brilho esvoaçante, com umas calças brancas e uma camisola estampada com uma estrela a fazer "pendant", para sair com o M....
Isto, segundo os meus critérios, claro. É que os critérios de uma filha adolescente são exigentíssimos.
Filha: "Ó mãe, vais sair assim à rua? Pareces a Super-mulher!"
E pronto, fiquem a saber que, pelos vistos, ontem à noite eu saí com o M. disfarçada de Super-mulher (ou Mulher-maravilha ou lá o que é). E não é que não me podia assentar melhor esse traje!?...
Hoje, na realidade, partilho uma história com várias tiradas. Há tiradas à fartazana, cá em casa! Eu avisei...
Contextualização:
Filho viciado no jogo de computador LOL;
Se permitíssemos (o que não fazemos, obviamente!), jogar jogos de computador seria a sua ocupação quase exclusiva tanto em férias como no período das aulas (Mas seria mesmo à doida, uma coisa mesmo desregrada);
O seu sonho é ter o quarto todo artilhado com ratos e pc (parece que é a motherboard ou lá o que é) cujo valor ascende respetivamente às dezenas e milhares de euros, com um monitor quase do tamanho da nossa televisão da sala, com um teclado que dá luz, melhor do que o que ele já tem (já tem porque um amigo muito à frente nestas andanças lho deu, na sequência de ter ganho um ainda mais psicadélico), com um móvel adequado a toda esta parafernália "com estante com X prateleiras e mais isto e mais aquilo, que a minha secretária até já está velha e riscada" (para isto até andou a pesquisar, em lojas da especialidade online, o que melhor se adequava à coisa).
Fez 14 anos enquanto estávamos em férias, na praia. E logo depois fomos para o norte e, por isso, não comprámos a prenda de anos dele, com a devida explicação de que, se fosse um computador, seria melhor comprá-lo ao pé de casa por causa de manutenção, etc. Claro também deixámos claro que não seria nada daquilo que ele queria. Mas, fosse como fosse, praticamente todos os dias ouvimos queixas.
Ele: "Vocês ainda não me deram prenda de anos e eu tive 6 "cincos" e o resto tudo "quatros" e vou para o quadro de excelência! E tenho colegas que tiveram negativas e têm isto e aquilo..."
E eu:"Se calhar foi por terem isso tudo que tiveram más notas!..."
Ontem, telefonema durante a tarde:
Ele, aflito: "Mãe, estava a jogar LOL, cliquei num link porque dizia que havia um desconto e apagou tudo. Desinstalou o jogo, eu voltei a instalar, mas agora não consigo entrar no jogo. Escrevi para lá, mas isto aconteceu a um amigo meu e ele ficou pr'aí 3 semanas sem conseguir jogar."
E pronto, questão resolvida! Acabou-se!
Moral da história: há vírus que contribuem positivamente para a saúde mental das pessoas. Ou seja, há vírus que fazem bem à saúde!
Esta família é fértil em tiradas que têm tanto de inspiradas e passíveis de reflexão como de desconcertantes e humorísticas. Por isso, vou começar a trazer para aqui esse repertório, acima de tudo para mais tarde, cá em casa, recordar(mos).
O que inspirou esta ideia foi aquela frase da minha filha, num dos meus momentos dedicados à jardinagem, em agosto, no minho:
E pronto, hoje fico-me por esta pérola já partilhada, uma das suas tiradas em defesa da emancipação feminina e da luta pela igualdade de géneros. Ora aí está! Criei uma feminista!
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